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O livro que expôs dirigentes do Flamengo após tragédia no Ninho do Urubu

Cerca de nove anos após a tragédia que matou 10 meninos no centro de treinamento do Flamengo, a Justiça do Rio de Janeiro absolveu os sete réus que ainda respondiam pelo trágico incêndio, que tirou a vida de garotos entre 14 e 16 anos.

A decisão reacendeu o sentimento de injustiça presente no coração da população e dos familiares das vítimas do Ninho e expôs, mais uma vez, os erros cometidos por dirigentes do time carioca.


A tragédia do Ninho do Urubu

  • O incêndio ocorreu na madrugada de 8 de fevereiro de 2019, em um alojamento improvisado dentro do Ninho do Urubu, em Vargem Grande.
  • Os garotos dormiam em contêineres adaptados, instalados em uma área sem alvará da prefeitura para funcionar como dormitório.
  • Segundo a perícia, as chamas começaram em um aparelho de ar-condicionado e se espalharam rapidamente devido ao material altamente inflamável que revestia as estruturas metálicas.
  • O fogo deixou 10 mortos e 16 sobreviventes, que conseguiram escapar por uma única porta.
  • As vítimas — com idades entre 14 e 16 anos — foram: Athila Paixão, Arthur Vinícius, Bernardo Pisetta, Christian Esmério, Gedson Santos, Jorge Eduardo Santos, Pablo Henrique, Rykelmo de Souza, Samuel Thomas Rosa e Vitor Isaías.

O livro Longe do Ninho (ed. Intrínseca), lançado pela jornalista Daniela Arbex em 2024, expôs como dirigentes do time se omitiram e ainda se omitem sobre a tragédia.

A obra conta com laudos técnicos, trocas de mensagens e e-mails, dados e relatos até então não divulgados, além de entrevistas feitas com todas as famílias dos 10 jovens, sobreviventes, profissionais da perícia criminal e do Instituto Médico Legal (IML).

Ninho do Urubu: autora comenta silêncio do Flamengo sobre tragédia

Em conversa com o Metrópoles, em fevereiro de 2024, Arbex não conseguiu posicionamento do time Rubro Negro para a obra, mesmo após uma série de tentativas da jornalista. Mais de um ano depois do lançamento, com a absolvição dos réus, o Flamengo disse à imprensa que não vai se pronunciar.

“Se uma história não é contada, é como se ela não tivesse existido. E esquecer é negar a história. O silenciamento de histórias como essa só interessa aos autores, não interessa as vítimas. Os familiares dessas vítimas querem que elas sejam lembradas e que não aconteça com mais ninguém. Esse livro é uma declaração de amor de pais e mães aos seus filhos, mas é também uma recusa veemente ao esquecimento”, afirmou a jornalista na ocasião.

Veja a entrevista completa:

Absolvição dos réus

A Justiça do Rio de Janeiro absolveu, nesta terça-feira (21/10), todos os sete acusados do incêndio no Ninho do Urubu. Os réus respondiam pelos crimes de incêndio culposo e lesão corporal. A decisão foi assinada pelo juiz Tiago Fernandes de Barros, da 36ª Vara Criminal da Comarca da Capital.


Veja quem são os absolvidos

  • Antonio Marcio Mongelli Garotti e Marcelo Maia: ocupavam cargos com ingerência na administração no CT
  • Claudia Pereira Rodrigues, Danilo da Silva Duarte, Fabio Hilario da Silva e Weslley Gimenes: responsáveis pelos contêineres destinados ao alojamento dos adolescentes
  • Edson Colman da Silva: responsável contratado para realizar a manutenção dos aparelhos de ar-condicionado
  • Inicialmente, 11 pessoas foram acusadas pelo incidente, no entanto, quatro delas já haviam sido absolvidas.

Presidente do Flamengo entre 2013 a 2018, Eduardo Bandeira de Mello se manifestou sobre a decisão da Justiça. Excluído do processo, o ex-dirigente foi inicialmente denunciado pelo Ministério Público por incêndio culposo qualificado, homicídio culposo e lesão corporal culposa.

“Ontem, o juiz da 36⁠ª vara criminal reconheceu exatamente o que viemos falando durante esse tempo todo ao absolver todos os acusados e tecer duras críticas à investigação e à denúncia do MP. Embora essa decisão não apague a dor do processo, ela põe fim a um ciclo de desgaste e permite que as atenções se voltem para a identificação e responsabilização dos verdadeiros culpados”, escreveu em nota.

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Bombeiros vistoriam local do incêndio no Ninho do Urubu

Reprodução/ Redes Sociais

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Incêndio matou 10 atletas da base do Flamengo em 2019

Reginaldo Pimenta/RAW Image/Estadão Conteúdo

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Bombeiros e ambulâncias chegam ao Ninho do Urubu; 10 atletas morreram e 3 ficaram feridos

Reprodução

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Delegado indiciou ex-presidener do Flamengo pelas mortes de 10 atletas em 2019

Maurício Almeida/AM Press & Image/Estadão Conteúdo

O ex-presidente do Flamengo teceu críticas à investigação feita pela Polícia Civil. “Parcial, mal feita, incompleta e contaminada por interferências externas (conforme confessado pelo próprio delegado)”, escreveu.

Já a Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio do Ninho do Urubu (Afavinu) disse: “Relembremos que os jovens falecidos — adolescentes em formação, atletas da base — dormiam em contêineres improvisados, sem alvará adequado, com indícios de falha elétrica, grades de janelas que dificultavam a saída, entre outras condições de insegurança.”

“Reafirmamos que a memória dos jovens não será silenciada: os nomes deles, suas vidas interrompidas em circunstâncias evitáveis, exigem que continuemos vigilantes”, completa.


Fonte: Metropole

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