A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (20) a obtenção da licença de operação do Ibama para a perfuração de um poço exploratório no bloco FZA-M-059, localizado em águas profundas do Amapá. A área fica a 500 km da foz do Rio Amazonas e a 175 km da costa, na chamada Margem Equatorial brasileira.
O anúncio gerou reações imediatas de ambientalistas, que criticaram a decisão a 20 dias da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP-30). A ação é vista como uma possível manobra para prejudicar a imagem ambiental do Brasil, priorizando a expansão da exploração de petróleo em vez da transição energética.
A Petrobras, por sua vez, destaca que a licença foi concedida após o cumprimento de todos os requisitos estabelecidos pelo Ibama. Em agosto, a empresa realizou um simulado in loco, a Avaliação Pré-Operacional (APO), que, segundo a Petrobras, comprovou a capacidade da companhia e a eficácia do plano de resposta à emergência.
A perfuração do poço tem duração estimada de cinco meses e visa obter informações geológicas e avaliar o potencial de petróleo e gás na área em escala econômica. A Petrobras esclarece que não haverá produção de petróleo nesta fase. A sonda já se encontra na área do poço, com a perfuração prevista para começar de imediato.
O bloco 59, onde a Petrobras obteve a licença para perfurar, era originalmente da britânica BP, que deixou o projeto em 2020 devido às dificuldades de licenciamento. A Petrobras adquiriu os 70% da BP e continuou o processo para obter a licença do poço exploratório.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, mencionou os quase cinco anos de espera pela licença, durante os quais a Petrobras interagiu com governos e órgãos ambientais em diferentes níveis. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o Brasil não pode renunciar ao conhecimento do seu potencial, garantindo que a exploração será feita com total responsabilidade ambiental.
O debate sobre a exploração na Margem Equatorial ocorre em um contexto em que países vizinhos, como a Guiana, já iniciaram a extração de petróleo. A Margem Equatorial representa um futuro promissor para a companhia brasileira, que, apesar do discurso de transição energética, continua a priorizar o petróleo em suas atividades.
Enquanto isso, o Observatório do Clima e outras entidades ambientalistas temem que a licença concedida à Petrobras abra caminho para outras licenças na Foz do Amazonas e em toda a Margem Equatorial. A ANP já licitou blocos na região, com empresas como ExxonMobil e Chevron também detendo direitos de exploração na bacia.

