Policiais civis usaram uma marreta para arrombar a porta (veja abaixo) de um dos endereços alvo da Operação Poço de Lobato, realizada na manhã desta quinta-feira (27/11) em cinco estados e no Distrito Federal. Ao todo, 190 mandados de busca e apreensão são cumpridos no âmbito de uma investigação sobre um esquema que teria causado um prejuízo de R$ 26 bilhões aos cofres estaduais e federal.
Os alvos da operação são ligados ao Grupo Refit, dono da Refinaria Manguinhos, no Rio de Janeiro, e de outras empresas do setor. O grupo é apontado como o maior devedor de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS) de São Paulo.
Os mandados são cumpridos em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, na Bahia, no Maranhão e no Distrito Federal em uma força-tarefa formada pelo Ministério Público de São Paulo, Secretaria da Fazenda e Planejamento de São Paulo e Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo, em atuação integrada com a Receita Federal do Brasil, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Secretaria Municipal da Fazenda de São Paulo e Policiais Civil e Militar.
Como funcionava o esquema de fraudes diversas
Por meio de complexas operações financeiras, o grupo movimentou mais de R$ 70 bilhões em apenas um ano, utilizando empresas próprias, fundos de investimento e offshores – incluindo uma exportadora fora do Brasil – para ocultar e blindar lucros. Suas operações financeiras são administradas pelo próprio grupo, que controla empresas financeiras e utiliza estruturas internacionais para blindagem patrimonial.
Segundo as investigações, importadoras atuavam como interpostas pessoas, adquirindo do exterior nafta, hidrocarbonetos e diesel com recursos provenientes de formuladoras e distribuidoras vinculadas ao grupo. Apenas entre 2020 e 2025, foram importados mais de R$ 32 bilhões em combustíveis pelos investigados.
Operação envolveu diversas instituições públicas de investigação
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Parte do efetivo mobilizado para megaoperação
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Autoridades definiram a fraude financeira como um fluxo financeiro extremamente estruturado e sofisticado
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O Grupo Refit é dono da Refinaria Manguinhos, no Rio de Janeiro
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Grupi Refit, do setor de combustíveis, foi alvo de uma megaoperação nesta quinta-feira
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Ministérios Públicos, Policiais, Receita Federal, entre outros, participaram da megaoperação
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O grupo investigado movimentou mais de R$ 72 bilhões após 2024
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Diversas instituições públicas participaram da megaoperação
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Grupo do setor de combustíveis alvo de megaoperação aparece como o maior devedor contumaz da União
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A Receita Federal participou da magaoperação contra o Grupo Refit
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Megaoperação mira esquema de sonegação de imposto e lavagem de dinheiro
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Autoridade cumpriram mandados em cincos estados e no Distrito Federal
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Megaoperação contra refinaria devedora de impostos mobilizou mais de 620 agentes
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Infográfico do esquema mostra o caminho do dinheiro fraudado
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Os valores transacionados eram concentrados em empresas financeiras controladas pelo próprio grupo. A Receita Federal identificou que uma grande operadora financeira atuava como sócia de outras instituições que também prestavam serviços ao grupo. Esse núcleo movimentou mais de R$ 72 bilhões entre o segundo semestre de 2024 e o primeiro semestre de 2025.
O esquema envolvia uma empresa financeira “mãe” controlando diversas “filhas”, criando operações complexas que dificultavam a identificação dos verdadeiros beneficiários.
Grupo alterou estrutura após Carbono Oculto
Assim como revelou a Operação Carbono Oculto, realizada em agosto de 2025, foram exploradas brechas regulatórias, como as “contas-bolsão”, que impedem o rastreamento do fluxo dos recursos. A principal financeira tinha 47 contas bancárias em seu nome, vinculadas contabilmente às empresas do grupo.
Após a paralisação das distribuidoras ligadas à Carbono Oculto, o grupo alvo da Operação Poço de Lobato alterou totalmente sua estrutura financeira, substituindo o modelo usado desde 2018 por outro com novos operadores e empresas. Esses operadores, antes responsáveis por movimentações de cerca de R$ 500 milhões, passaram a movimentar mais de R$ 72 bilhões após 2024.
Prejuízo bilionário aos cofres públicos
A Justiça autorizou o cumprimento de medidas cautelares em ações judiciais cíveis que bloquearam mais de R$ 10,2 bilhões em bens dos envolvidos, incluindo imóveis e veículos, para a garantia do crédito tributário.
As pessoas e empresas citadas na investigação são suspeitas de integrarem uma organização criminosa e de praticarem crimes contra a ordem econômica e tributária e lavagem de dinheiro.
O Metrópoles solicitou um posicionamento do Grupo Refit a respeito da operação da manhã desta quinta e não obteve retorno. O espaço segue aberto para atualizações.

