A decisão da União Progressista – federação que une União Brasil e Progressistas – de se afastar formalmente da base do governo Lula redesenhou o tabuleiro da anistia no Congresso. O gesto, embora ambíguo, já que o grupo manteve ministros e cargos relevantes em estatais, foi interpretado pela oposição como aval para ampliar a pressão sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar a proposta de anistia ampla, geral e irrestrita para os condenados pelos atos de 8 de Janeiro.
O movimento da federação não foi linear. O União Brasil, herdeiro do antigo DEM, sempre manteve um pé no governo e outro na oposição. Ministros como Celso Sabino (Turismo) e Juscelino Filho (Comunicações) permaneceram no primeiro escalão mesmo após a nota oficial anunciando a saída da base. No Progressistas, a contradição se mostrou ainda mais evidente: a legenda controla postos estratégicos, como a Caixa Econômica e a Codevast, sob influência direta de caciques como Arthur Lira (PP-AL) e Elmar Nascimento (União-BA).
Na prática, a federação ensaiou uma ruptura política, mas preservou os espaços administrativos. Essa dubiedade permitiu que, nas negociações da anistia, o grupo se transformasse em fiel da balança.
Fonte: Correio Braziliense

