Em Recife, o clima sobrenatural pulsa forte, mesmo sem as tradicionais abóboras e fantasias do Halloween. A capital pernambucana guarda um acervo de lendas arrepiantes, transmitidas de geração em geração, que se entrelaçam à memória popular.
Do centro aos becos, fantasmas, aparições e figuras misteriosas compõem o imaginário recifense, tornando-se parte da identidade cultural da cidade.
Uma das lendas mais conhecidas é a da Perna Cabeluda, que surgiu por volta da década de 70. Dizem que, à noite, uma perna grossa e peluda surge nas ruas desertas, atacando quem cruza seu caminho com chutes e rasteiras. A fama de “justiceira popular” nasceu quando moradores relataram perseguições durante as madrugadas.
Outra história é a da Galega de Santo Amaro. Bela e sedutora, ela aparece nas proximidades do Cemitério de Santo Amaro, atraindo homens para um passeio noturno. O encanto se desfaz quando a moça revela seu verdadeiro rosto: um esqueleto com um sorriso macabro. A lenda conta que ela leva os homens até um jazigo e se transforma antes de desaparecer pelos túmulos.
No coração do centro, a Emparedada da Rua Nova representa uma das histórias mais trágicas. Dizem que uma jovem de família nobre foi emparedada viva pelo pai, após engravidar de um homem humilde. O crime teria dado origem a rumores de gritos e correntes arrastando-se na casa.
Na Praça Chora Menino, moradores relatam ouvir o choro de uma criança. A lenda conta que, durante uma revolta no século XIX, muitas vítimas, incluindo crianças, foram enterradas no local. Dizem que é possível ouvir o choro como um lembrete das tragédias do passado.
O Papa-Figo, aterrorizou gerações de crianças. Segundo a lenda, ele é um homem doente que precisa se alimentar de fígados humanos, principalmente de crianças, para sobreviver. A lenda serve como um aviso para manter as crianças afastadas de estranhos e perigos.
Frequentadores do Teatro Santa Isabel relatam sons inexplicáveis nos camarins, corredores, plateia e camarotes, como ecos vindos de lugar nenhum. Também já foi escutado o som de piano tocando, mesmo sem ninguém no local. As aparições mais comentadas são de uma bailarina dançando sozinha no palco e de uma poetisa declamando versos.
O Boca de Ouro assombra quem cruza seu caminho após o cair da noite. Ele aborda pessoas solitárias pedindo fogo, com uma aparência de zumbi, um rosto “carcomido de defunto” e um forte cheiro de enxofre.

