A crença de que a violência constante no Rio de Janeiro impactará negativamente o desempenho eleitoral do Presidente Lula em 2026 pode ser considerada excessivamente simplista. A segurança pública, sem dúvida, será um tópico relevante na próxima eleição, mas não necessariamente o fator determinante na escolha dos eleitores para a presidência. A violência é uma realidade persistente no Brasil, porém, desde 1989, nenhum presidente foi eleito exclusivamente com base em propostas de segurança pública.
Em 1994, Fernando Henrique Cardoso conquistou a presidência impulsionado pelo Plano Real e foi reeleito em 1998 com foco na geração de empregos. Lula ascendeu ao poder em 2002 com a “Carta aos Brasileiros”, um documento de cunho essencialmente econômico, e garantiu sua reeleição em 2006 devido ao bom desempenho da economia. O lulismo elegeu Dilma Rousseff em 2010 e 2014. Posteriormente, a Operação Lava Jato enfraqueceu o lulismo, culminando na vitória de Jair Bolsonaro em 2018. Em 2022, o receio em relação a Bolsonaro trouxe Lula de volta à presidência.
O Rio de Janeiro lidera o ranking de solicitações de operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) desde o início dos anos 90, com cerca de 22 a 24 intervenções. No entanto, o crime organizado não se restringe ao estado do Rio de Janeiro, manifestando-se em diversas unidades federativas com diferentes graus de intensidade. Isso implica que a percepção da violência e da atuação de grupos criminosos varia entre os eleitores de cada estado. Enquanto um eleitor no Rio de Janeiro pode priorizar a segurança pública como principal desafio para o próximo governador ou presidente, um eleitor em Santa Catarina pode enfatizar a saúde pública. A insegurança, portanto, suscita emoções de intensidades distintas nas diferentes unidades federativas.
Levantamentos qualitativos indicam que o governador do estado permanece como o principal responsável pela sensação de insegurança. É crucial analisar a percepção de responsabilidade, não apenas a identificação do principal problema do Brasil, do estado ou da cidade.
Pesquisas quantitativas realizadas logo após eventos recentes no Rio de Janeiro refletiram o impacto imediato na opinião pública. Operações policiais futuras podem ou não ocorrer e gerar repercussões significativas, influenciando a relevância da pauta de segurança pública na eleição presidencial.
Portanto, é prematuro associar as recentes operações policiais no Rio de Janeiro à variação na popularidade do governo Lula sem questionários e roteiros de pesquisa específicos. Uma pesquisa revelou que uma parcela significativa dos entrevistados concorda com o governador de que a operação foi bem-sucedida. No entanto, a interpretação desses dados exige nuances, pois diferentes graus de concordância podem indicar diferentes perspectivas.
Outra pesquisa apontou um aumento na popularidade do governador e uma variação negativa, dentro da margem de erro, na popularidade do governo federal. Embora seja possível inferir que a operação policial tenha contribuído para o aumento da popularidade do governador, a variação na impopularidade do governo federal dentro da margem de erro impede conclusões definitivas. Talvez a população atribua maior responsabilidade aos governos estaduais no combate ao crime. Concluir que o crime organizado afeta a popularidade do presidente Lula seria precipitado e impreciso.

