Kremlin rejeita proposta de Washington para mesa-redonda conjunta e afirma que conversas se restringem a representantes dos EUA
O Kremlin descartou negociações de paz diretas com a Ucrânia e países europeus, mantendo o foco em conversas bilaterais com representantes dos EUA.
O Kremlin descartou categoricamente a possibilidade de negociações diretas de paz com a Ucrânia e países europeus, conforme uma proposta recente de Washington. Yuri Ushakov, conselheiro diplomático da Presidência russa, afirmou que “ninguém falou seriamente sobre essa iniciativa ainda e, pelo que sei, não se está trabalhando nisso”, conforme citado pelas agências Interfax e TASS.
A declaração surge em resposta às afirmações do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que no último sábado mencionou uma sugestão dos EUA para uma mesa-redonda conjunta.
Reforçando essa posição, Ushakov reiterou que o negociador russo, Kirill Dmitriev, atualmente nos Estados Unidos, está engajado em conversas exclusivas com representantes norte-americanos. “Ele falará com os nossos parceiros, com quem já nos reunimos repetidamente, os parceiros norte-americanos. Não sei se há ucranianos lá”, declarou. Dmitriev deverá retornar a Moscou para apresentar um relatório detalhado das consultas realizadas em Miami com representantes da Casa Branca, Steve Witkoff e Jared Kushner, antes que o Kremlin defina os próximos passos.
Ceticismo sobre o Plano de Paz
Uma eventual mesa-redonda com todas as partes envolvidas seria a primeira em seis meses, mas o próprio Zelensky já havia demonstrado ceticismo quanto aos resultados, lembrando que reuniões anteriores na Turquia resultaram apenas em trocas de prisioneiros. Moscou, por sua vez, expressa forte desconfiança sobre as propostas que europeus e ucranianos pretendem introduzir no plano de paz inicialmente proposto por Donald Trump.
Ushakov avaliou que tais alterações “não contribuem para o sucesso das negociações” e “certamente não melhoram o documento nem aumentam as chances de alcançar uma paz duradoura”.
Moscou havia apoiado o plano inicial de Trump por este atender a suas principais exigências, que incluíam a cessão de territórios por Kyiv, a rejeição da adesão da Ucrânia à OTAN e da presença de uma força internacional, além da redução do efetivo militar ucraniano. No entanto, o plano foi posteriormente alterado após conversas com ucranianos e europeus, e seus termos atuais não são publicamente conhecidos, o que contribui para a cautela russa.
Apesar da rigidez russa em relação às negociações diretas, os esforços diplomáticos continuam em frentes separadas. Kirill Dmitriev descreveu suas negociações em Miami como construtivas, enquanto o principal negociador ucraniano, Rustem Umerov, que também se reuniu com homólogos norte-americanos, alemães, franceses e britânicos, afirmou que as conversas terminaram com o compromisso de avançar na busca por uma solução definitiva para o conflito, iniciado em fevereiro de 2022.