A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) mudou a classificação de febre em crianças. A nova definição — baseada em estudos mundiais— consta no documento científico “Abordagem da Febre Aguda em Pediatria e Reflexões sobre a febre nas arboviroses”, publicado neste ano pela entidade.
Antes, no Brasil, a SBP considerava febre quando o termômetro chegava a (ou ultrapassava) 37,8°C. Agora, a entidade reconhece a marca com valor igual ou maior a 37,5°C quando aferida pela axila (38°C se medida via oral ou retal) por três minutos.
Segundo o pediatra o Tadeu Fernando Fernandes, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da SBP e um dos autores da diretriz, a alteração é válida para estudos clínicos e não é uma referência para medicar ou correr com a criança a um serviço de emergência.
A febre é uma resposta do organismo a um agente agressor físico, químico ou biológico —na maioria dos casos, vírus e bactérias. Não é um sinal de doença, ressalta o médico, e deve ser interpretada no contexto do quadro geral da criança.
“O documento traz algumas mensagens principais. A febre é nossa amiga. Deixe ela trabalhar te defendendo. Não significa doença, mas que o corpo detectou um ponto de invasão de um agente agressor e ele reage para se defender contra o ataque. E você vai responder produzindo anticorpos, mobilizando seu sistema imune, aumentando a sua imunidade para te defender contra esse agente externo. A febre é um dos componentes desse sistema de defesa”, explica.
“Primeiro vem a febre, que é a resposta imediata; depois aparecerão outros sinais e sintomas”.
Estima-se que 20% a 30% das consultas pediátricas têm a febre como sintoma principal. O dado —utilizado até hoje— consta num artigo do médico Jayme Murahovschi publicado no Jornal de Pediatria, da SBP, em 2003.
Em cerca de 65% das idas aos serviços de emergência e 75% dos atendimentos telefônicos e de WhatsApp dos pediatras, a febre também é o principal motivo, de acordo com a entidade.
Um dos objetivos da mudança de parâmetro é combater a febrefobia. A ansiedade dos pais perante o medo da febre pode levar a consultas e intervenções médicas desnecessárias.
Fonte: Folha de S. Paulo