Proposta de 20 pontos inclui garantias de segurança, mas questões territoriais e o futuro da usina de Zaporíjia permanecem em aberto.
Ucrânia e EUA chegaram a um plano de paz de 20 pontos para a Rússia, com desafios sobre território, Zaporíjia e OTAN.
Ucrânia e Estados Unidos teriam chegado a um acordo sobre uma proposta de paz abrangente, que se espera seja apresentada à Rússia nesta quarta-feira, véspera de Natal. O projeto, composto por 20 pontos, visa estabelecer garantias de segurança para a Ucrânia, embora questões cruciais como o controle da central nuclear de Zaporíjia e da região do Donbass ainda permaneçam sem uma solução definitiva.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, indicou que a versão mais recente do plano norte-americano prevê o congelamento das linhas de frente, sem, contudo, resolver a potencial cedência de território a Moscou. Segundo Zelensky, o texto estipula que “a linha de posicionamento das tropas à data deste acordo é a linha de contato reconhecida de fato”, o que abriria caminho para discussões futuras sobre a criação de possíveis zonas desmilitarizadas.
Um grupo de trabalho será formado para determinar o reposicionamento das forças e os parâmetros de eventuais zonas econômicas especiais.
As negociações em torno deste plano têm ocorrido de forma separada entre norte-americanos, ucranianos e russos, com encontros recentes na Flórida. O objetivo central é encerrar quase quatro anos de hostilidades entre a Rússia e a Ucrânia. Contudo, a concordância de Moscou não está garantida, uma vez que as autoridades russas não demonstram intenção de abandonar seus objetivos militares e territoriais, incluindo a exigência de que Kyiv ceda a porção da região leste de Donetsk que ainda está sob seu controle.
Impasses Territoriais e Aliança com a OTAN
Zelensky mencionou que as discussões entre Kyiv e Washington ainda não resultaram em um consenso sobre as questões territoriais sensíveis. Em um ponto crucial, a nova versão do plano não exige que a Ucrânia renuncie formalmente à adesão à OTAN, uma das principais exigências de Moscou.
O líder ucraniano reiterou que “cabe à OTAN decidir se quer ou não acolher a Ucrânia como membro”, afirmando que a escolha do país já foi feita e que não haverá alteração na Constituição para incluir uma cláusula que impeça a adesão. Uma versão anterior do plano, elaborada pelos Estados Unidos, exigia que Kyiv se comprometesse legalmente a não aderir à Aliança.
Outro ponto de discórdia é a grande central nuclear de Zaporíjia, ocupada pela Rússia desde 2022. A proposta de que a usina seja operada conjuntamente por Moscou, Kyiv e Washington foi categoricamente rejeitada por Volodymyr Zelensky, que a considerou “muito inadequada e não totalmente realista” para a Ucrânia.
O documento também estipula a realização de eleições presidenciais na Ucrânia após a assinatura de um acordo para o fim das hostilidades. Qualquer acordo que preveja a retirada das tropas ucranianas, contudo, precisaria ser aprovado por um referendo popular, o que exigiria um cessar-fogo de 60 dias.
Zelensky expressou a expectativa de uma resposta russa a esta nova versão do plano norte-americano, afirmando que “teremos uma reação dos russos depois de os americanos falarem com eles”.