A vacinação, geralmente associada à prevenção de doenças específicas, demonstra ter um impacto ainda maior na saúde. No caso do herpes-zóster, popularmente conhecido como “cobreiro”, a proteção contra lesões cutâneas dolorosas e a neuralgia pós-herpética é apenas uma parte dos benefícios. Novas pesquisas indicam que a vacina também pode proteger o coração, o cérebro e reduzir o risco de demência.
Estudos publicados na Clinical Infectious Diseases em agosto de 2025, conduzidos por especialistas do Kaiser Permanente Southern California, revelam que um episódio de herpes-zóster, especialmente na forma oftálmica, eleva o risco de eventos cardiovasculares graves, como infarto e AVC. A pesquisa sugere que a vacinação reduz em 73% os casos de herpes-zóster oftálmico e está associada a uma diminuição de 28% no risco de infarto agudo do miocárdio hospitalizado e de 42,5% no risco de AVC hospitalizado.
Na área da neurologia, evidências publicadas na Nature apontam que a vacinação pode reduzir em 20% o risco de novos diagnósticos de demência ao longo de sete anos. Este efeito foi mais expressivo em mulheres. Ao evitar a reativação do vírus Varicela-Zóster, a vacina pode contribuir para a preservação da função cerebral.
A proteção contra o herpes-zóster, portanto, representa uma intervenção com potencial para influenciar positivamente a saúde integral, a qualidade de vida e a sustentabilidade da saúde, atuando em diferentes sistemas do corpo e reduzindo o impacto humano e financeiro de doenças crônicas.
O herpes-zóster é causado pela reativação do vírus Varicela-Zóster, que permanece adormecido após a catapora. A doença afeta principalmente pessoas com mais de 50 anos ou com sistema imunológico comprometido. Os sintomas incluem dor, dormência ou ardor, seguidos por pápulas e vesículas dolorosas. A complicação mais temida é a neuralgia pós-herpética, que pode durar meses.
A vacina inativada recombinante apresenta eficácia superior a 90% na prevenção da doença em idosos e garante de 68% a 87% de proteção, mesmo em pessoas imunocomprometidas.
Diante do aumento da longevidade e da incidência de doenças crônicas, a vacinação contra o herpes-zóster surge como uma medida preventiva relevante para adultos com mais de 50 anos ou a partir dos 18 anos se imunocomprometidos, contribuindo para a saúde do coração e da mente, e promovendo autonomia e bem-estar ao longo dos anos.