A inteligência artificial (IA) avança no setor de saúde, prometendo eficiência e redução de custos, mas sua implementação requer planejamento. Especialistas defendem que a adoção da IA deve ser direcionada para problemas específicos, com uma estratégia bem definida para garantir sua eficácia.
O tema foi central em evento sobre o futuro da IA na saúde, que reuniu especialistas dos setores público e privado.
Apesar do rápido desenvolvimento da IA desde 2022, impulsionado por modelos como o ChatGPT, sua implementação na saúde ocorre em ritmo mais lento que o previsto. No entanto, os avanços já transformam áreas como a qualidade de exames de imagem, a produtividade do backoffice, e a automação de tarefas médicas. Um exemplo notável é o aumento de 12% no fluxo de trabalho de máquinas de automação de exames clínicos, um ganho significativo considerando o volume anual de exames.
Existe um vasto potencial a ser explorado no desenvolvimento de medicamentos, no apoio à decisão clínica e na análise preditiva. Instituições como a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) estão desenvolvendo um data lake para integrar dados de prontuários eletrônicos com IA, enquanto o A.C.Camargo Cancer Center vislumbra o uso da IA na triagem de análises patológicas.
A tendência, segundo especialistas, é que a IA seja aplicada em processos simplificados, visando custos, escala e sustentabilidade. O futuro próximo da tecnologia pode estar nos agentes de IA, softwares autônomos capazes de tomar decisões em tarefas específicas, impulsionados pelo envelhecimento da população e pela necessidade de maior produtividade.
Um dos desafios é a ansiedade em adotar soluções sem considerar o processo, o que pode comprometer os resultados. A lentidão e a integração gradual da IA são vistas como necessárias.
Para startups, a falta de recursos financeiros e infraestrutura adequadas são entraves. É crucial que haja diálogo entre fornecedores e contratantes, além da criação de modelos de negócio que reduzam custos para os prestadores de serviços.
A inteligência artificial já impacta processos administrativos operacionais em planos de saúde, como na auditoria de contas médicas. A utilização da IA permite auditar 100% das contas, o que pode refletir em um aumento de glosas, além de auxiliar na detecção de fraudes.
O Sistema Único de Saúde (SUS) também se beneficia da IA, com iniciativas como a parceria entre o A.C.Camargo Cancer Center e o Ministério da Saúde para acelerar diagnósticos oncológicos através da patologia digital. A IA pode classificar lâminas digitalizadas por risco e tipo de câncer, otimizando o trabalho dos patologistas. A Ebserh busca unificar prontuários de pacientes e criar políticas de inovação, enquanto o InovaHC trabalha na padronização de bases de dados no SUS.
A regulação da IA é um tema de debate, com divergências sobre as regras e seu impacto na saúde. Há preocupações sobre o risco de inibir a inovação e o empreendedorismo no Brasil, com a adoção de regulamentações rígidas.

