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Biden faz Otan considerar China risco à segurança do Ocidente

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Rússia segue como a protagonista das preocupações ocidentais

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conseguiu agregar uma dimensão militar à coalizão internacional que pretende montar para fazer frente à assertiva China de Xi Jinping.

Depois de obter um comunicado mais duro contra a ditadura comunista durante o encontro do G7 no Reino Unido, o americano operou para que a Otan, aliança militar fundada em 1949 para conter a União Soviética, destacasse Pequim como um risco para os interesses de segurança do clube.

No comunicado que será divulgado nesta segunda (14) após a primeira cúpula da organização a que Biden compareceu como presidente, contudo, a Rússia segue como a protagonista das preocupações ocidentais.

O país de Vladimir Putin, com quem Biden irá se encontrar em Genebra na quarta (6), é visto como uma “ameaça” no texto de 45 páginas. A relação do Ocidente com Moscou é a pior desde a Guerra Fria.

Mas a China é citada várias vezes no texto, vazado para a imprensa, como um país que “apresenta desafios”.

“As ambições colocadas pela China e seu comportamento assertivo apresentam desafios sistêmicos à ordem internacional baseada em regras e às áreas relevantes para a segurança da aliança”, diz o texto.

Nele, o desenvolvimento naval e nuclear dos chineses é algo a ser acompanhado de perto, assim como sua proximidade militar com Moscou. Xi e Putin têm uma aliança informal há anos, e ela ganhou mais corpo com a chegada de Biden ao poder.

O documento do G7, o clube das nações mais desenvolvidas, de domingo (13), que listou a repressão em Hong Kong e a muçulmanos na China, foi chamado de difamatório pela embaixada chinesa em Londres.

O democrata quer remediar o estrago deixado por Donald Trump na relação transatlântica com seus parceiros ocidentais. Na cúpula de 2019, quando a Otan completou 70 anos, o republicano deixou o encontro após o vazamento de um vídeo no qual outros líderes zombavam dele.

Os quatro anos de Trump na Casa Branca viram o mandatário inclusive ameaçar deixar a aliança se não houvesse um aumento do dispêndio militar dos sócios. A Otan mira uma meta de gasto bélico de 2% do Produto Interno Bruto de seus 30 integrantes até 2024.

Hoje, apenas EUA e outros 10 países cumprem objetivo. Seis dessas outras nações são países que integravam o bloco comunista liderado pela União Soviética até 1991, quando o império de Moscou desmoronou.

Com efeito, integram o grupo que mais teme a renovada agressividade da Rússia de Putin. Em 2014, quando o Kremlin anexou a Crimeia e promoveu uma guerra civil no leste da Ucrânia para impedir que o novo governo em Kiev se unisse à Otan, apenas três países da aliança gastavam mais de 2% do PIB com defesa: EUA, Reino Unido e Grécia.

No caso de Atenas, contudo, a qualidade da composição de seu orçamento militar é baixa: em 2020, 75% dele foi comprometido com pessoal, um índice semelhante ao do Brasil (79%). Nos EUA, que têm o maior poderio militar do planeta, o índice é de 37,5%.

No geral, a percepção de que a Rússia era uma ameaça, já sentida na guerra que evitou a entrada da Geórgia na Otan em 2008, na Ucrânia e mesmo com sua intervenção para salvar da ditadura síria em 2015, mudou o cenário.

Em 2014, apenas 6 dos 30 membros da Otan gastavam 20% ou mais de seu orçamento militar com equipamento, o padrão-ouro da aliança. Em 2020, são 18.

Putin já disse qual é sua prioridade: impedir a aproximação de forças da Otan de seu território e, de preferência, restabelecer áreas tampão como a ditadura aliada na Belarus e a Ucrânia conflagrada. Em 1949, as fronteiras iniciais da Otan ficavam a 2.000 km de Moscou; agora estão a 800 km.

A China vem sendo mencionada como uma adversária potencial já há alguns anos pela Otan, mas nunca de forma tão incisiva. Isso é uma vitória de Biden e desagrada a alguns dos membros da aliança, como a Hungria e a Polônia, que querem boas relações com Pequim.

Os poloneses são talvez os mais efetivos membros da Otan a leste, e os mais desconfiados em relação a Putin –ex-repúblicas soviéticas, os Estados Bálticos também o são, mas dependem da aliança para se defender e têm nuances na relação com Moscou, devido às grandes populações russas étnicas em seus territórios.

Além dos EUA, que inauguraram sob Trump em 2017 a Guerra Fria 2.0 contra Xi, só ampliada até aqui por Biden, a França também tem alguns pontos de disputa com os chineses, em particular acerca da influência sobre ex-colônias suas na África.
Paris mantém uma considerável operação militar visando conter o terrorismo em toda a faixa conhecida como Sahel.

Por outro lado, o presidente Emmanuel Macron tem mantido uma linha de diálogo aberta com Putin, assim como a chanceler alemã, Angela Merkel.

Em ambos os casos, os negócios falam mais alto: os franceses exploram gás no Ártico russo em competição com Pequim e Berlim conta com o novo gasoduto Nord Stream 2 para aumentar seu consumo do produto russo.

Isso leva ao temor de que, ao fim, o pragmatismo econômico se sobreponha. Nesta segunda, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, criticou Biden por encontrar-se primeiro com Putin e não com ele, apesar de sua promessa de apoio quando o russo concentrou tropas junto às suas fronteiras, em abril.

Em entrevista coletiva, Zelenski afirmou que está pronto para unir-se à Otan e que espera uma posição clara dos EUA sobre isso. É difícil: as regras do clube não permitem países com disputas territoriais ativas de participar dele.

Disse também que é “inevitável” que se reúna em breve com Putin para discutir a questão do leste de seu país, controlado por força pró-Rússia numa conflito que já matou 14 mil pessoas.

Com isso, a cúpula da Otan se funde, politicamente, à reunião do G7 e ao encontro Biden-Putin de quarta numa tentativa do americano de configurar sua política externa multifacetada. Como o lamento de Zelenski deixa claro, não há como agradar a todos no processo.

Biden tentou acalmar os parceiros a leste com uma conversa à parte com o presidente polonês, Andrzej Duda, e parece ter aberto um canal pessoal com Recep Tayyip Erdogan, o autocrático líder turco, que vem se desentendendo com os EUA e os parceiros na Otan há anos.

Outro tema polêmico debatido nesta segunda foi a saída da Otan do Afeganistão, após Biden dar até 11 de setembro deste ano para que os EUA deixem o país invadido em 2001. A deterioração da segurança ante a volta do Taleban é clara.

A Otan tem quase 7.000 soldados no país, enquanto os americanos oficialmente mantêm 2.000.

Segundo o texto aprovado pela aliança, será feita uma revisão do conceito estratégico da Otan, atualizado mais recentemente em 2010 –sem nenhuma menção à China e vendo a Rússia como um parceiro potencial.

Pontos importantes de doutrina militar serão incorporados: ataques no ou vindos do espaço serão elegíveis a retaliação militar, e será clarificado melhor o famoso artigo 5º da Tratado do Atlântico Norte, que define a defesa coletiva dos integrantes em caso de algum membro ser atacado.

No mais, preocupações com a instabilidade em Belarus, com a mudança climática e com resposta a pandemias após a Covid-19 seguem na agenda da organização.

CRONOLOGIA DA OTAN

1949 – Os 12 países fundadores da Otan assinam o Tratado do Atlântico Norte em Washington.

1952 – Turquia e Grécia aderem.

1955 – A Alemanha Ocidental se une à Otan, após anos de desnazificação.

1956 – Primeira crise interna, com EUA se opondo à intervenção franco-britânica na crise de Suez.

1961 – A Guerra Fria eleva patamar com a construção do muro de Berlim.

1966 – França deixa a estrutura de comando da Otan, acusando excesso de poder americano.

1982 – Espanha entra na Otan.

1989 – Cai o muro de Berlim, começo do fim do comunismo soviético.

1990 – Reunificação alemã, Alemanha Oriental deixa o Pacto de Varsóvia.

1991 – Fim da União Soviética e do Pacto de Varsóvia.

1994 – Primeira ação militar da Otan: derrubada de quatro aviões sérvios na Bósnia.

1994 – Guerra na Chechênia expõe fraqueza militar russa; Moscou adere a programa de parceria.

1996 – Russos dão apoio a tropas da Otan na ex-Iugoslávia.

1999 – Otan ataca a Iugoslávia, início do afastamento russo; Polônia, Hungria e República Tcheca aderem.

2001 – Em resposta ao 11 de Setembro, é invocado pela primeira vez o artigo 5 da Otan, de defesa mútua em caso de agressão.

2003 – Mais um racha: países liderados pela Alemanha vetam Otan na Guerra do Iraque.

2004 – Expansão ao leste, com sete países ex-comunistas, inclusive os Estados Bálticos, elevando o número de membros para 26.

2008 – Para vetar adesão à Otan, Rússia trava guerra com a Geórgia.

2009 – França volta ao comando militar da Otan; Albânia e Croácia aderem.

2011 – Com mandato da ONU, Otan controla espaço aéreo da Líbia.

2014 – Rússia anexa a Crimeia e intervém no leste da Ucrânia para evitar adesão de Kiev ao Ocidente.

2017 – Montenegro adere à Otan.

2018 – Racha entre EUA de Trump e Otan cresce com cobranças americanas por mais gasto.

2019 – Trump deixa cúpula da Otan após se desentender com outros líderes.

2021 – Biden assume e tenta renovar laços com a aliança. Putin ameaça a Ucrânia, e Otan oferta apoio a Kiev.

Por Folhapress

 

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‘Não vou me silenciar’, diz Kamala a primeiro-ministro de Israel sobre Gaza

Kamala Harris se reuniu com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, na Casa Branca, nesta quinta-feira (25).

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A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, disse que não se silenciaria em relação à crise humanitária na Faixa de Gaza ao se reunir com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, na Casa Branca, nesta quinta-feira (25).

O encontro era observado de perto por analistas, que buscavam ali indícios de possíveis reformulações da política externa americana em relação ao Estado judeu caso a provável candidata do Partido Democrata à Presidência vença as eleições em novembro. Kamala foi, afinal, uma das primeiras líderes de destaque dos EUA a pedir um cessar-fogo na guerra Israel-Hamas.

Segundo a própria vice, seu diálogo com Netanyahu foi “franco e construtivo”. “Israel tem o direito de se defender. Mas como isso é feito importa. Deixei claras as minhas grandes preocupações com a gravidade da situação humanitária lá”, disse ela a jornalistas após o encontro.

Desde o começo da guerra, em outubro passado, mais de 39 mil pessoas morreram em Gaza segundo os cálculos das autoridades locais, ligadas ao grupo terrorista Hamas.

A ONU estima que 2 milhões do total de 2,2 milhões habitantes da faixa tenham sido obrigados a deixar suas casas, e a destruição causada por tanques e bombas israelenses não só devastou as paisagens como desmantelou sistemas de serviço básico, incluindo o acesso à água potável.

Relatório mais recente do braço do organismo para a alimentação e agricultura, FAO, aponta que 96% da população do território palestino -ou 2,1 milhões de pessoas- enfrentam insegurança alimentar aguda.

O tom incisivo relatado pela vice contrasta com a postura que o presidente Joe Biden demonstrou ao conversar com Bibi, como o dirigente israelense é conhecido, no Salão Oval horas antes.

Foi o primeiro encontro presencial entre os líderes desde outubro do ano passado, quando a guerra em Gaza teve início. Biden viajou até Israel nas primeiras semanas depois da eclosão do conflito, numa operação com segurança reforçada em que buscava demonstrar o apoio inegociável da maior potência militar do globo a seu principal aliado no Oriente Médio.

Então, o americano abraçou Bibi, como o líder israelense é conhecido, e prometeu auxiliá-lo. Ao menos diante das câmeras, o americano manteve nesta quinta o tom amistoso daquela ocasião e, de acordo com relato do jornal The New York Times, abriu um sorriso largo ao dar as boas-vindas ao israelense.

Ainda assim, suas palavras a Bibi, “temos muito o que conversar” -repetidas com exatidão por Kamala mais tarde-, davam um indício da tensão que os países vêm acumulando nos últimos tempos.

Integrantes do governo afirmaram que o principal assunto do encontro entre Biden e Netanyahu foi a tentativa de firmar um novo acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas, estagnada há meses.

Antes de se sentarem no Salão Oval, os governantes haviam se reunido com parentes de reféns americanos mantidos em cativeiro pelo Hamas. Representantes das famílias disseram a jornalistas que reforçaram o pedido por uma trégua que previsse a libertação dos sequestrados.

Washington é o maior aliado externo de Tel Aviv desde os anos 1970. A relação entre os dois países já passou por muitos altos e baixos mas, desde a Segunda Guerra Mundial, Israel foi o Estado que mais recebeu ajuda direta dos EUA no mundo.

Ao responder Biden, Netanyahu citou justamente esse histórico. “Quero agradecê-lo por seus 50 anos de serviço público [Biden entrou na política 52 anos atrás, ao ser eleito senador por Delaware] e 50 anos de apoio ao Estado de Israel.”

O israelense chegou a Washington após semanas de grandes reviravoltas na política interna americana, a mais recente das quais foi o anúncio de Biden de desistir de disputar as eleições, abrindo caminho para Kamala.

O premiê esperou mais de seis meses só para receber um convite para visitar a Casa Branca, muito mais do que o usual para ocupantes de seu cargo. Até Isaac Herzog, o presidente de Israel -uma função sobretudo cerimonial- foi convocado para ir a Washington antes dele, em julho do ano passado.

A demora de Biden para fazer o convite a Netanyahu foi um dos marcos dos desentendimentos entre os dois líderes, iniciados pouco depois que o israelense voltou ao posto de primeiro-ministro, no final de 2022.

Seu governo, o mais à direita da história de Israel, liderou uma ofensiva contra o Judiciário logo após ele assumir, uma iniciativa que foi publicamente criticada pelo presidente americano.

A guerra em Gaza, cujo estopim foi uma incursão do Hamas ao sul de Israel que deixou cerca de 1.200 mortos, no ataque mais letal a judeus desde o Holocausto, tinha a princípio voltado a unir os líderes. Mas a continuidade do conflito na faixa vinha sendo motivo de repreensões cada vez mais duras por parte de Biden.

Netanyahu viaja à Flórida nesta sexta (26) para um encontro com o candidato republicano à Presidência, Donald Trump.

Foto Getty

Por Folhapress

           

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Entenda como funciona e quais as críticas à eleição na Venezuela

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Questionado por potências como Estados Unidos e União Europeia, o sistema eleitoral da Venezuela tenta provar neste domingo (28) que é seguro e que o voto da população não pode ser violado. Mas, afinal, como funciona o sistema eleitoral da Venezuela?

Inicialmente, o eleitor apresenta sua identidade e faz o reconhecimento biométrico por meio da impressão digital. Em seguida, vai até a urna eletrônica e computa seu voto. Depois, o voto é impresso em papel e o eleitor pode conferir se ele está correto. Por último, ele deposita o voto impresso em outra urna.

Os votos computados eletronicamente são enviados por sistema próprio – sem conexão com a internet – para uma central que totaliza todos os votos. Posteriormente, é feita uma verificação, por amostragem, para saber se os votos enviados pela urna eletrônica são os mesmos depositados, em papel, na urna que fica ao lado da máquina.

Pesa contra esse sistema, o fato de parte da oposição venezuelana denunciar supostas fraudes, pelo menos, desde 2004 – com exceção de 2015 quando venceram o pleito para Assembleia Nacional. A favor do sistema eleitoral venezuelano, há especialistas e organizações que apontam não existirem provas ou razões para acreditar que o voto seja violado, apesar de apontarem outros problemas relacionados às eleições no país.

Em 2012, o sistema eleitoral venezuelano foi elogiado pelo ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, que coordena o Centro Carter, responsável por monitorar eleições em todo o mundo.

“Não temos dúvidas, temos monitorado muito de perto o processo eleitoral e ele [o ex-presidente Hugo Chávez] venceu de forma justa e direta. Na verdade, das 92 eleições que monitoramos, eu diria que o processo eleitoral na Venezuela é o melhor do mundo”, afirmou o ex-presidente.

Venezuela's President Nicolas Maduro attends an event, in Caracas, Venezuela April 13, 2023. Reuters/Leonardo Fernandez Viloria/Proibida reprodução
Nicolás Maduro, presidente do país, é candidato à reeleição. Foto: Reuters/Leonardo Fernandez Viloria/Proibida reprodução

Por outro lado, em 2021, o Centro Carter emitiu relatório sobre as eleições municipais e estaduais venezuelanas com críticas à um “padrão de repressão política”, de “direitos severamente restringidos à participação política” e à “liberdade de expressão”. Porém, não questionou a segurança do voto em si.

“O sistema eleitoral da Venezuela é totalmente automatizado e o CNE [Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela] audita todas as fases do processo”, informou o comunicado do Centro Carter, em 2021, acrescentando que “uma série de auditorias foram realizadas durante e após o processo eleitoral, na presença de especialistas, representantes de partidos e observadores. Todos os auditores concordaram que o sistema de votação eletrônica é seguro”.

Oposição audita eleição

O professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Central de Venezuela (UCV), Rodolfo Magallanes, destacou à Agência Brasil que o fato de a oposição monitorar todo o processo e participar da auditoria das urnas é a principal garantia de que o voto não é violado.

“Os setores opositores acompanham todo o processo ao longo de auditorias do sistema em todos os momentos, inclusive no período pré-eleitoral. Isso oferece garantias a todos os setores de que sua decisão vai ser respeitada”, ressaltou o cientista político.

Neste ano, a oposição registrou observadores para todas as mais de 30 mil mesas eleitorais do país. “Conseguimos, graças a nossos voluntários, obter as credenciais de todas as testemunhas”, informou o principal candidato opositor, Edmundo González.

Segundo o pesquisador Rodolfo Magallanes, a oposição tem participado de todas as mais de dez auditorias ao longo do processo. “Isso se verifica nos documentos publicados na página do CNE. A oposição tem firmado os documentos que validam as auditorias”, disse.

A segurança do voto na Venezuela é respaldada pelo Observatório Global de Comunicação e Democracia, organização não governamental que monitora eleições na América Latina. De acordo com a diretora-geral da organização, Griselda Colina, “o sistema [de votação automatizada] foi auditado, o sistema vai funcionar. O problema está no entorno e ao redor do processo de votação”.

Venezuelan opposition presidential candidate Edmundo Gonzalez and Venezuelan opposition leader Maria Corina Machado greet supporters during a prayer rally in Caracas, Venezuela July 21, 2024. Reuters/Gaby Oraa/Proibida reprodução
Edmundo Gonzalez é o principal candidato da oposição. Foto: Reuters/Gaby Oraa/Proibida reprodução

Pressão política

Segundo a especialista, entre as limitações do processo eleitoral venezuelano, estão “a coerção aos eleitores em lugares controlados pelo governo, a extensão do horário de abertura dos colégios eleitorais e a limitação do acesso de observadores”.

Nas eleições locais de 2021, uma das críticas registradas pelos observadores nacionais e internacionais foi em relação aos “pontos vermelhos”, que são estruturas montadas pelo PSVU (partido do governo) próximos aos locais de votação.

“Esses locais foram criticados pela oposição como um método para rastrear os eleitores e correlacionar a votação com benefícios do governo”, diz o documento do Centro Carter. A organização, por outro lado, elogia os procedimentos para recursos e contestações dentro do pleito, dizendo que “geralmente estão alinhados com os padrões internacionais e melhores práticas”.

Uma Missão de Observação Eleitoral (MOV) da União Europeia analisou as eleições municipais e estaduais de 2021. Os especialistas europeus registraram alguns problemas, como o cancelamento de registros de candidatos e o desigual acesso à recursos do Estado e aos meios de comunicação, com candidatos ligados ao oficialismo tendo mais espaço e recursos.

Porém, a comitiva da UE não apontou para uma possível violação do voto. “Uma auditoria exaustiva do sistema automatizado de votação, realizada por especialistas acadêmicos, concluiu que o sistema garante a integridade do voto”, diz o comunicado europeu.

Os especialistas do Centro Carter, por sua vez, citaram que a inclusão de dois juízes no CNE, ligados à oposição a partir do pleito de 2021, deu mais confiança e maior credibilidade ao órgão. “O governo ainda mantém o poder no CNE, mas a comissão é menos tendenciosa do que tem sido nas últimas décadas”, disseram.

Denúncias de fraude

O Centro Carter, apesar de registrar que organizações da sociedade civil e grupos de observadores locais documentam “milhares de irregularidades”, afirmou que essas denúncias não são formalizadas. “Não foram apresentadas queixas formais, o que demonstra um baixo grau de confiança no sistema”, avaliou o relatório de 2021.

O cientista político venezuelano Rodolfo Magallanes disse que as denúncias da oposição sobre fraudes nas eleições anteriores nunca foram formalizadas ou levadas adiante.

“Essas denúncias não chegam a nenhum lugar porque não se apresentam maiores evidências. Ou seja, se faz um comentário para tentar jogar dúvidas sobre os resultados eleitorais, mas não estão acompanhadas de uma denúncia formal”, contou.

O pesquisador acrescentou que denúncias de fraude sem provas por parte de um candidato perdedor ocorreram também nos EUA, quando Donald Trump perdeu para Joe Biden, em 2020, e no Brasil, quando Jair Bolsonaro perdeu para Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022.

Magallanes lembrou ainda que a denúncia da empresa Smartmatic – que prestava soluções tecnológicas ao CNE, também não foi acompanhada de evidências e que nem a oposição deu continuidade à denúncia.

Em 2017, funcionários da Smartmatic afirmaram, em Londres, três dias após a votação, que os resultados da eleição para Assembleia Nacional Constituinte teriam sido manipulados. Na época, a oposição boicotou o pleito e o chavismo foi às urnas sem concorrentes.

Observadores eleitorais

As eleições deste ano devem contar com observadores independentes nacionais e internacionais. Entre as instituições nacionais, estão a Rede de Observação Eleitoral Assembleia de Educação (ROAE), a Fundação Projeto Social, a Associação Venezuelana de Juristas e o Centro Internacional de Estudos Superiores.

Sobre os observadores nacionais, a especialista Griselda Colina explicou que, com exceção da Rede de Observação Eleitoral, há pouca informação sobre os demais grupos.

Entre os observadores internacionais, além do Centro Carter, estão técnicos das Nações Unidas que formam o Painel de Especialistas Eleitorais da ONU. A comitiva da União Europeia, inicialmente prevista para participar do pleito, foi vetada pelo governo venezuelano após o bloco renovar sanções econômicas contra o país caribenho.

Já o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil desistiu de enviar observadores depois que Nicolás Maduro, presidente do país e candidato à reeleição, ter declarado que de o sistema eleitoral brasileiro não seria auditável. A Corte Eleitoral afirmou que a declaração de Maduro é falsa. “A Justiça Eleitoral brasileira não admite que, interna ou externamente, por declarações ou atos desrespeitosos à lisura do processo eleitoral brasileiro, se desqualifiquem com mentiras a seriedade e a integridade das eleições e das urnas eletrônicas no Brasil”, afirmou o TSE, em nota.

Já o governo brasileiro deve enviar o assessor internacional da Presidência da República, o embaixador Celso Amorim.

O diretor Eugenio Martínez, do Votoscopio, outra organização especialista em eleições, destacou que a maioria das missões de observação tem “acompanhamento político”. Para ele, apenas o Painel de Especialistas Eleitorais da ONU e o Centro Carter são observadores internacionais técnicos autorizados a avaliar a votação deste domingo.

Sem acordo

Dos dez candidatos que concorrem à presidência da Venezuela neste ano, dois não assinaram um acordo para reconhecer o resultado eleitoral, incluindo o principal candidato da oposição, Edmundo González.

“Firmar um acordo para que? O primeiro que viola os acordos, que assina, é o governo. Temos os Acordos de Barbados que se tornaram letra morta”, disse a jornalistas, segundo o veículo Voz da América. O Acordo de Barbados foi o compromisso firmado entre governo e oposição para o pleito deste ano.

A man receives a flyer of the electoral ballot for the Presidential elections of July 28, in Caracas, Venezuela, July 17, 2024. REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria
Venezuelanos irão às urnas no domingo (28) para escolher presidente. Foto: Reuters/Leonardo Fernandez Viloria/Proibida reprodução

Ao mesmo tempo, o chefe da campanha de Maduro, Jorge Rodríguez, denunciou um suposto plano da oposição para não reconhecer o pleito.

“É curioso que um dos dez candidatos já esteja a fazer toda uma farsa para dizer que houve fraude nas eleições, porque eles, e nós sabemos, quais são as verdadeiras pesquisas. Todas essas agências internacionais estão encarregadas de criar uma mentira que afetará e atacará o processo eleitoral venezuelano”, afirmou em uma coletiva de imprensa.

As pesquisas eleitorais na Venezuela divergem em relação ao resultado, umas dão vitória para o presidente Maduro e outras para Edmundo González.

Embargo econômico

Para o cientista político Rodolfo Magallanes, o sistema eleitoral venezuelano tem se mostrado seguro e confiável, mas as sanções econômicas tolhem o direito político da população.

“Até certo ponto não existe uma liberdade absoluta para o eleitor venezuelano emitir um voto sem sentir-se, de alguma forma, pressionado. Se você tem sanções externas sobre teu país, não existe a liberdade que um eleitor aspira para tomar decisões”, comentou.

A Venezuela enfrenta, desde agosto de 2017, em bloqueio internacional que limita o acesso ao mercado de crédito global e, desde janeiro de 2019, também ao mercado de petróleo e outros minerais.

Fonte: Agência Brasil

           

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‘Sou a garantia de paz e estabilidade’, diz Maduro em pronunciamento na TV

A declaração pareceu mais uma tentativa de se distanciar da ideia de violência que Maduro projeta na oposição.

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O ditador Nicolás Maduro fez um pronunciamento nesta quinta-feira (25) -último dia de campanha na Venezuela antes das eleições no próximo domingo (28)- cheio de referências à paz, após subir o tom contra seus adversários.

“Sou a garantia de paz e estabilidade”, afirmou o líder ao apresentar seu plano de governo composto pelo que chama de sete transformações -dentre elas, “mais democracia”. “Este plano articula sete dimensões de uma Venezuela pujante e tem um só objetivo: consolidar a paz e um novo modelo econômico.”

A declaração pareceu mais uma tentativa de se distanciar da ideia de violência que Maduro projeta na oposição.

“Os anos de bloqueio levaram nossa pátria a situações extremas, como tentativas de magnicídio e guarimbas [tipo de protesto com barricadas usado pela oposição]”, afirmou o ditador, associando seus adversários a “tendências fascistas” e à extrema direita, como costuma fazer.

“Sou o único candidato que tem um plano feito na Venezuela”, declarou. A insinuação de que as propostas da oposição tenham sido feitas do exterior também fez parte da sua retórica. “[O plano] é produto de um encontro de todos os setores e de todos os territórios e, mais importante ainda, entre homens e mulheres venezuelanos que são os únicos protagonistas desta história.”

O pronunciamento, ao meio-dia local (13h de Brasília), foi feito do Palácio Miraflores, sede da Presidência, e contou com vários elementos caros ao chavismo. A abertura do vídeo mostra um quadro do herói nacional Simón Bolívar (1783-1830) para, em seguida, Maduro apresentar espadas do líder que encabeçou o movimento de independência da Venezuela.

Na mesa daquele local, Maduro disse ter se reunido com o ex-líder Hugo Chávez (1954-2013) em dezembro de 2012. “Foi aqui que ele me disse: ‘Se por alguma razão eu não puder continuar, você segue'”, afirmou. Na cadeira presidencial, afirmou, sentaram por 168 anos “marionetes das oligarquias” até seu antecessor chegar ao poder. “E aqui estou pela vontade do povo.”

Nos últimos dias, referências de Maduro a um “banho de sangue” em uma suposta guerra civil caso a oposição ganhe provocou rusgas até mesmo com políticos dos quais já foi próximo na região, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente da Argentina Alberto Fernández.

“Fiquei assustado com as declarações […]. Quem perde as eleições toma um banho de votos, não de sangue. Maduro tem de aprender: quando você ganha, você fica. Quando você perde, você vai embora e se prepara para disputar outra eleição”, disse o petista, posteriormente ecoado por Fernández.

Nesta quinta, o presidente do Chile, Gabriel Boric, também mencionou o brasileiro ao falar da Venezuela. “Apoio as afirmações de Lula de que aqui não podemos ameaçar banhos de sangue sob nenhum ponto de vista. O que os dirigentes e candidatos recebem são banhos de votos”, afirmou o chileno em uma entrevista coletiva ao lado de seu chanceler.

A escalada de tensão com o Brasil envolveu declarações de Maduro que colocaram em xeque o sistema eleitoral brasileiro, seguidas da desistência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de enviar observadores para a votação.

“Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o TSE não enviará técnicos para atender convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país e acompanhar o pleito do próximo domingo”, disse o tribunal em nota divulgada na noite desta quarta (24).

Foto Getty

Por Folhapress

           

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