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Educação

Alunos de medicina da UnB pedem retomada das aulas práticas presenciais

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“Qual seria a opinião pública, porque somos formados para atender o público, em saber que uma turma de quase 60 pessoas do curso de medicina está no meio da graduação e examinou, no máximo, apenas cinco pacientes? Sendo que nas condições normais seriam entre 50 e 100?” O questionamento do estudante do 6º semestre de medicina João Pedro Jardim, 21 anos, é o mesmo de centenas de alunos do curso de medicina da Universidade de Brasília (UnB), que temem pela falta de atividades práticas na formação deles.
Os futuros médicos estão há um ano e meio sem as atividades práticas previstas no ciclo clínico do curso, que é a fase em que começam a ter mais contato com a rotina hospitalar e aprendem sobre o atendimento e identificação básica de um paciente doente. A vivência clínica foi suspensa pela Faculdade de Medicina da UnB no início da pandemia no Brasil, em março de 2020 e o retorno só foi flexibilizado no meio do ano passado, a partir da criação de um plano de retomada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe).
A regulamentação permite que os cursos da área da saúde poderiam ofertar disciplinas específicas em que a atividade prática era essencial, como o estágio obrigatório. Para isso, os departamentos precisam reformular as disciplinas em planos de retomada. Quase um ano depois, a maioria das matérias que se enquadram na exceção continuam sem práticas. Para os alunos, falta empenho dos professores em apresentar os planos, além de uma falha de comunicação de cada coordenação do curso com os docentes.
“A Faculdade de Medicina criou um grupo de trabalho (GT), com a coordenadora de graduação, professores, o Centro Acadêmico de Medicina (Camed) e o diretor da Faculdade para discutir o retorno. É ele quem avalia e aprova os planos de retomada, mas é necessário que cada professor apresente, voluntariamente, a proposta”, explica César Lima, coordenador geral do Camed.
“Uma vez que o GT aprova, o professor pode iniciar as práticas. O que percebemos é que muitos professores não estão a par do processo do grupo, não correm atrás ou simplesmente não sabem da existência do grupo de trabalho”, lamenta.
César conta que, recentemente, um professor soube do plano de retomada e criou um para a disciplina, mas o submeteu diretamente ao Hospital Universitário de Brasília (HUB) e não ao grupo de trabalho. “O resultado foi que o HUB aceitou, mas ao descobrir que não éramos do internato, voltou atrás, deixando a turma toda frustrada. O professor explicou que não sabia do GT e nem dos parâmetros para criação do plano”, conta.
A falha de comunicação na Faculdade, então, é apontada como o principal ponto de enfraquecimento da retomada. “Apesar de termos grande apoio do próprio diretor da Faculdade, o problema é o envolvimento de professores. A coordenação do curso conversou com os coordenadores de cada área e explicou sobre o trâmite e pediram para passar para os professores, mas se os coordenadores passaram, não sabemos”, diz.
César, que está a um semestre de ingressar na última parte do curso, o internato, pensa nas consequências da falta de práticas para os colegas. “Eu tive toda a base prática, sei como me portar com um paciente, mas os meus calouros e os calouros deles serão muito prejudicados. As turmas mais novas não tiveram sequer o início da prática clínica. Nunca tocaram em um paciente, nunca auscultaram um pulmão, por exemplo”, compartilha com preocupação.
João Pedro confirma a preocupação de César. “Por mais que pelo EAD a gente aprenda algumas coisas, de teoria, não temos a prática para fixar o conhecimento. Isso atrapalha nosso aprendizado como futuros médicos, sabe? A gente não tem noção ainda do quanto a gente perdeu”, lamenta.
“Nós, como alunos da UNB, temos um nível de excelência que é cobrado da gente, e que temos qualidade para atingir, mas o que vai nos custar? O quanto teremos que correr para chegar no mesmo lugar que alunos das turmas anteriores que tiveram as práticas em períodos normais?”, desabafa.
A demora por um alinhamento geral da Faculdade de Medicina é ainda mais inaceitável, para os alunos, depois da vacinação em massa dos estudantes do curso, feita entre junho e julho deste ano. Feita em parceria com o Camed e a direção da Faculdade, a imunização é um dos grandes fatores que os estudantes apontam para a retomada ainda neste semestre.
Alunos paralisarão atividades e ajudarão na comunicação com professores
Com a morosidade do processo e a falta de mobilização dos professores, os estudantes, liderados pelo Camed, decidiram se organizar para pressionar as coordenações do curso. Em assembleiam, realizada na última asegunda-feira (26/7), 95% de cerca de 200 alunos se disseram a favor da retomada presencial, além de apoiar o Camed em se colocar como agente ativo na comunicação sobre os planos de retomada.
Mais de 90% se disseram a favor de manifestações em protesto à demora e 51% foram favoráveis a paralisar as atividades como forma de protesto contra a falta de avanço na retomada das práticas. “Com a decisão, o Camed passará a enviar a cada professor um modelo de plano de retomada, explicar como funciona o GT e auxiliá-lo com qualquer dúvida”, explica César.
“Além disso, estamos organizando e daqui a duas semanas iremos parar as atividades dos estudantes do ciclo clínico e básico para manifestar nossa insatisfação nos arredores do HUB, claro, sem perturbar os pacientes. O foco é chamar a atenção e provocar uma reação nos coordenadores de cada área”, conta.
César frisa que o Camed não está contra a direção da Faculdade e os professores, mas que é necessário apontar as falhas para que os estudantes não sejam ainda mais prejudicados. “Desespero, frustração e ansiedade definem os estudantes, principalmente os de turmas mais recentes”, diz.
O Camed enviou nota aos coordenadores de cada área com as decisões dos alunos. Até o momento, César afirma que recebeu resposta do presidente da Faculdade, que disse que “continua contando com o Camed e os alunos de medicina para a construção da retomada”.
O Correio procurou a UnB para comentar o processo de retomada das atividades, mas até o fechamento da matéria não obteve respostas. Este espaço, no entanto, continua aberto para manifestação da Universidade.
O que dizem os alunos
Vitor Augusto da Silva Araújo, 23 anos, estudante do 5º semestre do curso de medicina, está há dois semestres sem atividades práticas
“A minha opinião é  de que há um comodismo muito grande de alguns professores. Alguns que comandam que as cadeiras principais, de clínicas médica e semiologia, são bastantes ativos na tentativa de levar alunos ao hospital e a faculdade, pensam em novas estratégias, como divisão de grupos No entanto, outros não se movem. Além disso, há uma resistência muito grande do GT e eu acredito que seja pessoal. Os professores apresentam o plano de retomada e não é aceito, mesmo seguindo todos os protocolos sanitários. Nós percebemos que há um descompasso muito grande entre o que a coordenação acha que está sendo o curso, como algo que está funcionando, e o que a gente sabe, que não é nada disso. Há professores que usam a mesma aula que criaram há um ano e meio atrás. Dão uma aula de 30 minutos e nos dispensam. Para eles, tá tudo tranquilo. Para a gente, a retomada das práticas é uma forma de, também, suprir essa falta que muitos professores estão comprometendo a gente”.
Alice Reis, 23 anos, aluna do 8º semestre da graduação de medicina
“Como diz Oliver Sacks, ‘ao examinar a doença, ganhamos sabedoria sobre anatomia, fisiologia e biologia; ao examinar a pessoa com a doença, ganhamos sabedoria sobre a vida’. Não importa quantas aulas nós tivermos sobre qualquer matéria de medicina, não importa o quanto nos esforçamos para prestar atenção em aulas EaD. A medicina não se faz em sala de aula, presencial ou não, nunca se fez. É um absurdo nossa graduação ser tão prejudicada quando a maioria, senão todas, as faculdades do DF já voltaram para o modelo presencial de práticas. A sensação que temos não é que a UnB está fazendo de tudo para termos uma volta segura, a sensação é que não haverá retomada”.
Danilo Rodrigues, 22 anos, aluno do 8º semestre de medicina
“A ideia da mobilização surge a partir do momento em que a gente tem todas as todas as faculdades e escolas médicas do DF retornando as atividades práticas, inclusive algumas voltando até mesmo nas atividades teóricas de forma presencial, e na UNB ainda permanecemos com atividade 100% remotas. Nós entendemos que nossas aulas práticas são essenciais para nossa formação e para o nosso futuro profissional, para o melhor atendimento possível para a população. Então, a partir do momento que a gente não tem essas atividades, o prejuízo imputado é gigantesco. Há um ano e meio assim, nós percebemos que isso vai trazer danos e prejuízos enormes pro nosso futuro dentro da nossa futura profissão. Nós entendemos a crise sanitária que vivemos e os riscos, mas também entendemos que a nossa educação também é algo importante, tanto para nós quanto para nossos futuros pacientes, inclusive porque se não estamos nas práticas, deixamos de prestar serviço à população”.
Entenda o curso de medicina
Apontado internacionalmente como um dos melhores do mundo pelo QS World University Ranking, o curso de medicina da Universidade de Brasília (UnB) é formado por três etapas de formação.
A primeira corresponde ao ciclo básico, de três semestres, em que alunos cursam disciplinas introdutórias teóricas e têm pequenos e limitados contatos com pacientes reais. A partir do quarto semestre, e até o oitavo, os estudantes cumprem matérias do ciclo clínico, parte na qual começam as atividades práticas regulares, começam a ter contato com o raciocínio clínico, composto pelo atendimento do paciente e a anamnese.
É neste período que ele aprende a base do atendimento e da relação médica, pilar principal da profissão. Por este motivo, os alunos ressaltam o tamanho do prejuízo na formação caso o calendário de retomada se estenda mais.
Por último, a partir do nono e durante dois anos, se realiza o internato, em que o estudante passa a trabalhar, como um médico, em UBSs e hospitais.
Por:Diario de Pernambuco

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Educação

Greve dos professores da UFPE continua após recusa de contraproposta

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Associação dos Docentes da UFPE (Adufepe) realizou, nesta quinta-feira (25), uma Assembleia Geral Extraordinária, para deliberar sobre a contraproposta apresentada pelo governo federal que concede o reajuste salarial de 9% a partir de janeiro de 2025 e mais 3,5% para maio de 2026.

Por meio de votação, a proposta foi recusada de forma unânime pelos 201 docentes que estiveram presentes na reunião. “Essa assembleia foi extremamente importante. A proposta do governo continua com reajuste zero para 2024, então nós a recusamos. Nós também votamos sobre as questões relativas  aos adendos, que são as assinaturas dos termo com o governo. Votamos de forma contrária porque não queremos somente pra gente, mas para os aposentados também todos os ganhos”, explicou a presidenta da Adufepe, Teresa Lopes.

A dirigente destacou que a greve irá continuar e que o Comando de Greve Local está recebendo diariamente adesões dos departamentos, dos núcleos e dos centros da UFPE. “Nossa mobilização continua, nós vamos começar uma série de atividades dentro da universidade e continuamos a convidar os professores a se engajar na luta”, disse Teresa.

Fonte:JC

 

 

           

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Educação

Professores recusam proposta de reajuste salarial, e greve na UFPE continua

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Os professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) recusaram a proposta de reajuste salarial oferecido pelo governo federal em uma assembleia realizada nesta quinta-feira (25), na Associação dos Docentes da UFPE (Adufepe).

Em uma decisão unânime, os docentes decidiram manter a greve.

Ao todo, 201 professores participaram da votação que recusou a proposta do governo. Em resposta, a professora e presidente da Adufpe, Teresa Lopes, reiterou que a mobilização continua e que os docentes começarão a fazer uma série de atividades dentro da UFPE.

“Essa proposta foi rejeitada por consenso, ou seja, pela unanimidade dos professores. A gente também acabou votando as questões relativas aos adendos, que são as assinaturas do termo com o governo, e a gente também votou de forma contrária, porque a gente não quer somente para gente, a gente quer para os aposentados”, disse.

 “A greve continua e está cada vez mais forte na UFPE. Nós, que fazemos o comando de greve local, estamos recebendo diariamente as adesões dos departamentos, dos núcleos e dos centros da Universidade Federal de Pernambuco”, reiterou. 

Foto: Adaíra Sene/Adufepe/Divulgação

Por FolhaPE

           

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Educação

Professores concursados em escolas estaduais diminuem em dez anos

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O número de professores concursados nas escolas estaduais do país chegou ao menor patamar dos últimos dez anos em 2023. Enquanto diminuem os concursados, aumentam os contratos temporários, que já são maioria nessas redes. Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e fazem parte de estudo inédito do movimento Todos Pela Educação, divulgado nesta quinta-feira (25).

O número de professores concursados passou de 505 mil em 2013, o que representava 68,4% do total de docentes nas redes estaduais, para 321 mil em 2023, ou 46,5% do total. Já os contratos temporários superaram os efetivos em 2022 e, em 2023 chegaram aos 356 mil, representando 51,6% do total de contratações. Em 2013, eram 230 mil, o equivalente a 31,1% do total.

Brasília (DF) 25/04/2024 - O número de professores concursados nas escolas estaduais é o menor dos últimos dez anos
Fonte Saeb/Divulgação
Brasília – Número de professores concursados nas escolas estaduais é o menor dos últimos dez anos – Fonte Saeb/Divulgação

Não há uma legislação específica que limite o número de contratos temporários, nem há penalidades previstas aos estados. Mas, o Plano Nacional de Educação (PNE), Lei 13.005/2014, que estabelece metas e estratégias para todas as etapas de ensino e a valorização do setor, prevê que pelo menos 90% dos professores das escolas públicas tenham cargos efetivos. Essa estratégia deveria ter sido cumprida até 2017.

“Em tese, o ideal é que você consiga suprir todo o seu quadro com professores efetivos. E a figura do professor temporário é para suprir eventual ausência. Então, por exemplo, um professor vai trabalhar na secretaria, você precisa de um professor temporário para cumprir aquela carga horária. Ou ele foi afastado, readaptado, a gente sabe que acontece esse tipo de coisa, né?”, diz o gerente de Políticas Educacionais do Todos pela Educação, Ivan Gontijo. “Professores temporários são super importantes para suprir o quadro, para garantir que os alunos tenham aula com profissionais com formação adequada, mas esse artifício da contratação temporária deveria ser exceção à regra”, defende.

Segundo Gontijo, o estudo mostra que o que deveria ser exceção tem se tornado regra nas redes estaduais. Essas redes são responsáveis pela oferta de ensino médio e dos anos finais do ensino fundamental, etapa que vai do 6º ao 9º ano. As contratações temporárias, além de causar impacto nas condições de trabalho dos professores, por exemplo, com vínculos mais instáveis e salários geralmente inferiores aos professores efetivos, podem ainda, de acordo com a publicação, interferir na aprendizagem dos estudantes.

Contratações no país

A proporção de docentes temporários e efetivos varia de acordo com a unidade federativa do país. No ano passado, 15 dessas unidades tinham mais professores temporários que efetivos e, ao longo da década, 16 aumentaram o número de professores temporários e diminuíram o quadro de concursados.

Brasília (DF) 25/04/2024 - O número de professores concursados nas escolas estaduais é o menor dos últimos dez anos
Fonte Saeb/Divulgação
Brasília – Número de professores concursados nas escolas estaduais é o menor dos últimos dez anos – Fonte Saeb/Divulgação

Em relação ao perfil desses professores, o estudo mostra que a média de idade dos profissionais temporários é de 40 anos. Entre os efetivos é 46 anos. Além disso, quase metade (43,6%) dos temporários atua há pelo menos 11 anos como professor, o que conforme a pesquisa, indica que esse tipo de contratação tem sido utilizada não apenas para suprir uma demanda pontual, mas também para compor o corpo docente fixo de algumas redes de ensino.

Valorização docente

A pesquisa destaca que três aspectos podem explicar os possíveis impactos negativos de professores temporários sobre os resultados dos estudantes. O primeiro deles é a alta rotatividade docente, que pode prejudicar o vínculo com a comunidade escolar e o efetivo desenvolvimento dos estudantes. Além disso, os processos seletivos utilizados pelas redes de ensino, nem sempre tão rigorosos quanto os concursos públicos, também impactam na qualidade do ensino. Por fim, a pesquisa aponta as condições de trabalho dos professores, que podem ser piores que a dos efetivos.

“Essa é uma pauta muito ligada à valorização docente. Se a gente, como país, quer valorizar os professores, não dá para admitir alguns cenários. Como um país que quer valorizar seus professores está dando condições de trabalho mais desafiadoras e vínculos de trabalho mais frágeis? Por isso que é importante a gente avançar numa agenda de solução desses problemas”, diz Gontijo.

Em 15 redes de ensino, o estudo mostra que o salário dos professores temporários, calculados por hora, é menor que o de professores efetivos em início de carreira, chegando a uma diferença de até 140%, no caso de Pernambuco. Nas outras dez redes analisadas, não há diferença.

Brasília (DF) 25/04/2024 - O número de professores concursados nas escolas estaduais é o menor dos últimos dez anos
Fonte Saeb/Divulgação
Brasília – Número de professores concursados nas escolas estaduais é o menor dos últimos dez anos – Fonte Saeb/Divulgação

Aprendizagem

O estudo mostra ainda possíveis impactos na aprendizagem dos estudantes. A pesquisa utiliza os dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que medem o desempenho dos estudantes em matemática e língua portuguesa, do 9º ano do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio, etapas que ficam a cargo das redes estaduais.

Em 2019, quando resultados de aprendizagem ainda não tinham sido impactados pela pandemia, os estudantes que tiveram professores temporários no 9º ano obtiveram nota, em média, 3,1 pontos menor em matemática do que os estudantes que tiveram aulas com docentes efetivos. No ensino médio, em 2019, os estudantes que tiveram aulas com professores temporários obtiveram nota, em média, 5,5 pontos menor em matemática e 5,6 pontos menor em língua portuguesa do que os estudantes que tiveram aulas com docentes efetivos.

Os pesquisadores, no entanto, fazem uma ressalva: “É importante frisar que essa análise precisa ser observada com cautela. Ela pode ter vieses, uma vez que outras variáveis não consideradas podem impactar o regime de contratação e a proficiência dos estudantes”, diz o texto.

“Tem uma coisa muito importante na educação, que é a criação de vínculos. A gente precisa disso para uma educação de qualidade. Então, o professor conseguir construir bom vínculo com o aluno, conseguir ter carga horária fixa de 40 horas em uma mesma escola, para ele ter tempo para conhecer os estudantes, trabalhar de forma mais aprofundada. Os professores temporários, em média, têm rotatividade muito maior, porque são temporários e trabalham em mais escolas também”, diz Gontijo.

Desafios

As contratações temporárias dão mais flexibilidade e são menos custosas para os entes federados do que as contratações efetivas, mas elas têm também impactos, tanto para os docentes quanto para os estudantes. Gontijo defende que garantir que concursos públicos sejam feitos de maneira adequada é papel não apenas dos estados e municípios, mas também do governo federal. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei 9.394/1996, prevê que a União “prestará assistência técnica aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios na elaboração de concursos públicos para provimento de cargos dos profissionais da educação”.

“Também há uma agenda do governo federal, que é como o governo federal pode ajudar as redes municipais e estaduais a fazerem mais concursos. Isso, inclusive, está previsto na LDB, que diz que o governo federal deve ajudar as redes de ensino nos processos de ingresso, porque sozinha as redes não estão conseguindo fazer concursos com o tamanho e a frequência adequados. Então, o governo federal tem um papel aqui também de apoiar as redes nos concursos públicos, para ter mais concurso público”, afirma.

Fonte: Agência Brasil

 

           

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