O maior avião do mundo em atividade, o Antonov An-225 Mriya, decolou do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos (Grande SP), no final da noite desta terça-feira (15). Antes de partir, ainda enfrentou dois atrasos.
Enquanto esteve na região –antes do aeroporto da capital, pousou em Viracopos, em Campinas–, o Antonov atraiu curiosos e aficionados por aviação.
A aeronave começou a taxiar pela pista às 22h30, após duas tentativas de decolagem adiadas, levantou voo e seguiu viagem até Foz de Iguaçu, no Paraná, onde faz parada para então seguir para o Chile.
O momento da partida do avião de Guarulhos foi transmitido na internet de um saguão do aeroporto por uma página na rede social Facebook. O Antonov, quando saiu do solo, arrancou aplausos dos que estavam presentes no local.
A aeronave está transportando um transformador produzido no Brasil pela empresa de automação industrial ABB que será levado a Santiago, no Chile.
No aeroporto, a carga não foi conduzida a tempo durante a madrugada para dentro da avião, o que levou a um primeiro atraso. O horário inicial de decolagem era às 8h da manhã e foi alterado.
Depois, uma nova previsão de partida, às 19h30, sofreu alterações por problemas na retirada dos trilhos que foram utilizados para carregar a aeronave. Além disso, o abastecimento do Antonov, que dura ao menos duas horas, atrasou.
Com isso, a viagem da aeronave ficou marcada para 22h30.
O carregamento que o Antonov transporta tem 150 toneladas e foi desenhado especificamente para caber no avião. O diretor de operações do aeroporto de Guarulhos, Miguel Dau, disse à Folha de S.Paulo no sábado (12) que ” é a segunda maior carga” da aviação comercial no mundo.
Com 84 metros de comprimento, 32 rodas e 6 motores, o Antonov pesa 285 toneladas, quando está sem carga, e pode decolar pesando até 640 toneladas.Enquanto esteve em Guarulhos, o avião ocupou na pista do aeroporto o mesmo espaço que normalmente receberia de 5 a 7 aeronaves do modelo Boeing 737, o mais comum da aviação civil.
CURIOSOS E AFICIONADOS
A aeronave pousou em Guarulhos próximo da meia-noite, e uma enorme fila de carros se formou no local para acompanhar a chegada do Antonov.
Moradores da região registraram o momento com seus celulares, como Vinícius Alves Baptista, 39. “Faz menos barulho no pouso do que os outros aviões menores quando decolam.”
Antes, o Antonov havia pousado em Viracopos, em Campinas (a 93 km de São Paulo). No pátio do aeroporto, o interior da aeronave foi equipado com um suporte especial para o transporte da carga.
A aeronave desceu ao solo por volta das 11h de segunda-feira (14) e causou aglomeração de curiosos no entorno.
Houve quem estacionasse o carro no acostamento da rodovia Santos Dumont, ao lado da cabeceira da pista, o que é irregular.
Outros, como o estudante Gabriel Gonçalves, 16, arrumaram um espaço em uma rua cheia de lama, ao lado da pista do aeroporto para assistir ao pouso.
“O pouso estava previsto para as 10h30. Mas eu estava com medo de não achar um lugar para ver, então cheguei às 7h”, conta Gabriel, que viajou desde Jundiaí (a 40 km até Viracopos).
O Antonov havia passado pelo Brasil apenas uma vez, em 2010, antes da ocasião atual, para transporte de peças para a Petrobras.
O administrador Augusto Santos, 34, que mora em São Carlos (a cerca de 90 km de Viracopos), saiu de casa às 6h só para ver a aeronave. “Para quem gosta de aviação, é um momento histórico. Foi assim que aproveitei minha emenda de feriado.”
SONHO
O único exemplar do Antonov Mriya 225 foi construído entre 1984 e 1988, como parte do programa espacial soviético. O objetivo é que ele pudesse transportar o ônibus espacial soviético até sua base de lançamento.
Com seu tamanho descomunal, muitos projetistas duvidaram que o avião conseguiria sair do chão. Por isso, foi apelidado de Mirya, ou “sonho” em russo. Com a queda da União Soviética, no entanto, o avião ficou encostado.
Em 2000, a fabricante do Antonov, com sede na Ucrânia, resolveu reformar a aeronave. O projeto era o de transformar o modelo no maior cargueiro comercial do mundo.
Entre os desafios estava o de obter certificações internacionais, questão desnecessária enquanto o avião operava apenas na União Soviética.
(Com informações da Folhapress)