Presidentes da Câmara e do Senado buscam estratégias para não serem atingidos por mudanças em sistema eleitoral.
Alvos da Lava Jato, os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendem, desde a semana passada, o voto em lista fechada já para as eleições de 2018. Na última discussão sobre reforma política no Congresso, entretanto, o discurso era outro. Há menos de dois anos, Maia e Eunício eram favoráveis ao sistema majoritário, conhecido como “distritão”.
Pelo voto em lista fechada, os partidos definem previamente uma sequência de filiados para assumir os cargos conquistados na eleição. O sistema poderia favorecer a reeleição de alvos da Lava Jato no Congresso e, assim, a manutenção da prerrogativa de foro privilegiado dos investigados. Já pelo sistema do distritão não há quociente eleitoral e os mais votados são eleitos, sem considerar os partidos e sem a necessidade de formar coligações.
Em 2015, Maia, então presidente da Comissão Especial da reforma política, era um dos principais defensores do distritão. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Maia foi questionado sobre o voto em lista, defendido pelo PT, e respondeu que não havia “a menor possibilidade” de o projeto ser aprovado no Congresso e que o texto “não representava” os interesses públicos nem tinha “eco na sociedade”.
“O modelo majoritário nos garante fazer partido de verdade (…) Acredito que esse é um modelo que damos um passo a frente, nós avançamos, nós evoluímos”, disse Maia na época. Em outro discurso também em 2015, ele afirmou que o sistema majoritário era “mais próximo do que o eleitor quer, que é eleger o mais votado”. Maia argumentou ainda que o modelo acabaria com distorções do sistema atual, como os chamados “puxadores de votos”. “Esse modelo (atual) está exaurido. O distritão reduz o número de deputados e concentra nos partidos aqueles que têm ideologia”, alegou em outra ocasião.
Em 2011, Eunício lembrou em discurso no Senado que o presidente Michel Temer era um “incansável defensor” da proposta. O peemedebista disse que “aqueles que têm mais votos absolutos devem vencer as eleições”.
Circunstâncias
A situação começou a mudar, porém, com o fim do financiamento empresarial de campanha. Em setembro, Eunício disse que o financiamento público poderia ser mantido “desde que o sistema de votação fosse por meio de lista fechada”.
A assessoria de Eunício alegou que as circunstâncias políticas mudaram, com partidos maiores e mais dificuldades no financiamento de campanha. Para Maia, após o fim do financiamento empresarial, o voto por lista fechada “é o mais adequado”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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