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“Nossa comunidade é um pouco conservadora, as pessoas precisam ser razoáveis”, disse o secretário-geral do comitê organizador do mundial, Hassan Al Thawadi.
Os torcedores que forem ao Qatar para assistir à Copa do Mundo em 2022 terão de respeitar os costumes locais na hora de se vestir – nada de decotes profundos ou minissaias.
“Nossa comunidade é um pouco conservadora, as pessoas precisam ser razoáveis, não vão poder andar nas ruas sem roupas”, afirmou o secretário-geral do comitê organizador da Copa do Qatar, Hassan Al Thawadi, em entrevista a jornalistas neste domingo (17).
No Qatar, as mulheres não precisam cobrir a cabeça com véu ou vestir blusas soltas e de mangas compridas, como ocorre em outros países islâmicos mais conservadores. Mas estrangeiros devem evitar regatas decotadas, minissaias e shorts muito curtos.
Al Thawadi havia afirmado no dia anterior que os turistas não poderão consumir bebidas alcoólicas em público -haverá lugares especiais para isso.
“Nas ruas não se pode beber, essa é a nossa lei, e em muitos outros países também é assim”, afirmou. Bebidas alcoólicas são servidas apenas dentro de hotéis e alguns bares em Doha. “Ainda não sabemos se o consumo de álcool dentro dos estádios será permitido, estamos negociando com a Fifa”, disse o secretário-geral neste domingo.
Al Thawadi também não garantiu que fabricantes de bebidas alcoólicas poderão patrocinar o evento – ele disse que não haveria necessidade disso, e que era possível recorrer a patrocínio de bebidas sem álcool, por exemplo.A Budweiser é patrocinadora oficial da Fifa desde a Copa do México, em 1986.
No entanto, al Thawadi acredita que as diferenças culturais não serão um obstáculo. “Pelo contrário, será uma oportunidade de experimentar a cultura árabe, que muitos não conhecem, e nossa hospitalidade. Ninguém vai deixar de se divertir aqui”, diz. “Não há o que temer, recebemos pessoas de todos os lugares do mundo e já sediamos diversos eventos, ainda que não dessa magnitude.”
A Fifa está pressionando para que a Copa no Qatar seja a primeira a abrigar 48, em vez de 32 equipes. Alguns jogos seriam realizados em países vizinhos hostis ao Qatar, mas a Fifa acredita que isso serviria para promover a paz na região.
O qatariano afirmou que a ampliação do número de equipes deve ser decidida até, no máximo, o fim de 2019. Nesse caso, ele disse que ainda não é possível dizer se os oito estádios previstos no país serão suficientes.
O Qatar está construindo sete estádios do zero e adaptando um que já existe. Todos terão um moderno sistema de ar-condicionado para estádio ao ar livre, para permitir que o campeonato aconteça no calor do deserto. Além disso, a Copa será realizada em novembro e dezembro, inverno no país, em vez de junho e julho, como é a tradição do campeonato.
O Qatar sofre embargo econômico da Arábia Saudita, Emirados Árabes, Bahrain e Egito desde junho de 2016. Os países acusam o Qatar de patrocinar o terrorismo e fazem uma lista de exigências duras, entre elas o fechamento da rede de Tv Al Jazeera, cuja cobertura da primavera árabe enfureceu muitos ditadores da região. As tensões entre Arábia Saudita e Qatar vinham crescendo há tempos por causa da postura independente da política externa do Qatar e sua insistência em atuar como mediador e se relacionar com diversos atores da região, inclusive o Irã, arqui-inimigo dos sauditas.
Com o embargo, o Qatar não pode mais fazer transações comerciais com esses países, nem usar seu espaço aéreo. Os qatarianos estão proibidos de entrar nessas nações, que, por sua vez, proíbem seus cidadãos de irem ao Qatar.
“É uma pena, porque o Mundial não é apenas do Qatar, é do mundo árabe, que é apaixonado por futebol; o Oriente Médio vai sediar sua primeira copa e muitas pessoas não vão poder tirar proveito dessa oportunidade, seja para trabalhar no Qatar ou para assistir aos jogos”, disse.
Mas, segundo al Thawani, o bloqueio econômico não atrasou, nem encareceu as obras necessárias para a Copa. “Nas primeiras semanas, foi difícil para mudarmos a cadeia de fornecedores, mas, com o tempo, encontramos materiais com mais qualidade e mais baratos, foi até uma vantagem.”
Não se veem sinais de bloqueio econômico neste pequeno país de 300 mil habitantes, cuja renda per capita é uma das mais altas do mundo -US$ 63,500 mil (no Brasil, está em US$ 9.821). O país é o maior exportador de gás do mundo.
A comunidade internacional condena o bloqueio econômico imposto pelos sauditas, e, no país, o isolamento gerou uma onda de patriotismo. Um retrato do emir Tamim bin Hamad Al Thani Tamim, feito por um artista local após a declaração do bloqueio, estampa painéis gigantes em vários hotéis e prédios de Doha, além de adesivos e camisetas usados por muitos qatarianos.
Mas o país é alvo de críticas por causa das condições precárias de trabalho a que são submetidos os trabalhadores migrantes do país, muitos empregados na construção dos estádios. O Qatar tem 1,9 milhão de trabalhadores migrantes, a maioria de Índia, Nepal, Bangladesh, Paquistão e Filipinas, que são tratados como cidadãos de segunda classe. Em uma sexta-feira, feriado semanal em países islâmicos e dia tradicional de passeio, a reportagem testemunhou seguranças impedindo diversos trabalhadores migrantes de passear no Souq Waqif, centro comercial cheio de turistas e qatarianos. (Com informações da Folhapress)
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