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O Enem não se assemelha à Fuvest, exame para entrar na USP, nem a outros vestibulares tradicionais. Ele privilegia a avaliação de habilidades específicas dos candidatos, relacionadas à análise, contextualização e interpretação de fenômenos e situações concretas. O formato das questões e os temas abordados na prova refletem essas características. O Enem 2019 recebe inscrições a partir das 10h de amanhã.
Daniel Perry, coordenador do Anglo Vestibulares, afirma que as questões do Enem “priorizam a interpretação de gráficos, imagens, tabelas e textos, sempre com um viés analítico”. “Não vai cair no Enem uma nota de rodapé. As questões sempre envolvem um entendimento mais abrangente, como contextualização dos assuntos e comparação entre conceitos.”
A prova de redação carrega a mesma proposta, diz Perry. O candidato deve desenvolver um texto com uma proposta de intervenção para resolver um problema específico, com base em materiais de apoio, como textos e imagens.
Por privilegiar a formação cultural dos candidatos, o Enem demanda estratégias específicas de preparação dos estudantes, além de planejamento e disciplina rigorosos para manter a rotina de estudos. Igualmente importante é desenvolver estratégias de controle do tempo.
Para Vinicius Haidar, coordenador do Curso Poliedro, quem pretende fazer o Enem deve se preocupar em acompanhar os principais temas da atualidade e ampliar sua visão de mundo.
Haidar afirma, no entanto, que o exame vem mudando. “Há alguns anos, o Enem se resolvia basicamente com interpretação de texto. Nós esperamos que a prova fique mais conteudista a cada ano. A necessidade de o aluno saber as matérias e os conteúdos vem ficando cada vez maior.”
A reportagem consultou levantamento do Anglo sobre os temas mais cobrados entre 2009 e 2017 e conversou com professores para avaliar os assuntos mais recorrentes de cada área.
Matemática: O levantamento do Anglo indica que razão e proporção é o assunto mais comum nas provas de matemática do Enem. Em perguntas destes temas, o candidato pode ter de demonstrar capacidade de comparar grandezas de tipos diferentes. Funções e geometria espacial são outros assuntos recorrentes. As provas de matemática do Enem, que têm 45 questões, costumam cobrar a análise de dados apresentados em tabelas e gráficos.
“As questões de matemática e ciências da natureza nunca têm um enunciado direto, como calcule isto. Sempre há uma contextualização ligando aquela competência a questões do cotidiano”, afirma Daniel Perry.
Linguagens e códigos : Compreender a língua portuguesa como fator de construção identitária, usar a língua estrangeira como instrumento de acesso a outras culturas e aplicar recursos das linguagens são avaliadas nas 45 questões dessa área, que podem ter longos enunciados e exigir boa capacidade de concentração dos candidatos.
Nas questões de língua portuguesa, interpretação textual é, de longe, o tema que mais aparece, seguido de literatura e funções da linguagem, de acordo com o levantamento do Anglo. O documento também apresenta os gêneros textuais mais comuns nas provas: textos jornalísticos estão em primeiro lugar. Em seguida, vêm textos literários em prosa e textos científicos.
Ciências humanas: A área de conhecimento que abrange geografia, história, sociologia e filosofia é marcada por abarcar temas relacionados a mais de uma disciplina. Em questões de geografia, o assunto predominante é geografia econômica. Questões ambientais e perguntas sobre geografia humana também têm grande presença nas provas, segundo o levantamento do Anglo.
Para Caroline Vancim, professora do Colégio Poliedro de São José dos Campos (SP), isso indica a preocupação do Enem em relacionar assuntos diversos: “Questões de geografia econômica abarcam relações típicas da globalização, como as redes de comunicação e as relações entre países, enquanto perguntas sobre meio ambiente permitem relacionar diversas características do espaço geográfico com as atividades sociais”.
História do Brasil (1889 e 1945), história geral contemporânea (de 1914 até o presente) e Brasil Império são os assuntos mais recorrentes nas questões de história, de acordo com o levantamento do Anglo. Daniel Perry lembra, porém, que é muito comum que uma mesma questão trate de diversos períodos históricos. “Pode-se perguntar sobre a cidade antiga, medieval e industrial, ou sobre a percepção humana de tempo na Alta Idade Média, na Baixa Idade Média e na época industrial. Se o aluno estudar com foco em conteúdos específicos dos períodos históricos, ele não estará adequadamente preparado para a prova”, afirma.
Seguindo transformações sociais mais amplas e novas orientações da política educacional, o Enem tem ampliado abordagens culturalistas e aumentado o espaço dedicado a grupos historicamente marginalizados, como indígenas e povos africanos, afirma Perry. Esse processo aparece de forma mais pronunciada nas questões da área de ciências humanas.
Ciências da natureza: As questões dessa área abarcam química, física e biologia. O Enem busca avaliar competências como perceber os papéis das ciências naturais nos processos de desenvolvimento econômico e social, compreender interações entre organismos e ambiente e se apropriar de conhecimento dessas disciplinas para interpretar ou planejar intervenções científico-tecnológicas.
Em questões de química, o levantamento do Anglo indica a preponderância de questões de físico-química. Química geral e química orgânica completam os temas mais cobrados. Mecânica, eletricidade e ondulatória são os assuntos mais presentes nas provas de física, de acordo com o levantamento do Anglo.
Os candidatos podem se deparar com perguntas sobre queda livre ou lançamentos verticais e horizontais que requerem familiaridade com o movimento uniformemente variado, por exemplo. Em biologia, os temas mais comuns são ecologia, genética e fisiologia animal. Mais uma vez, assuntos que permitem abordagens mais amplas sobressaem: “Não vai cair aquela biologia descritiva, que cobra as características dos cnidários, por exemplo, mas questões mais contextualizadas, como meio ambiente, doenças e temas relacionados”, diz Daniel Perry.
Calendário do exame: As inscrições para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano começam hoje, a partir das 10h, e ficam abertas até as 23h59 do dia 17 (considerando o horário de Brasília).Neste ano, houve um aumento de 3,7% na taxa de inscrição, que passou de R$ 82 para R$ 85. O pagamento pode ser feito em agências bancárias, casas lotéricas e agências dos Correios, até o dia 23. O cronograma do Enem 2019 prevê a aplicação da prova em dois domingos consecutivos de novembro (nos dias 3 e 10). O calendário completo está disponível na página oficial: https://enem.inep.gov.br/. Eduardo Sombini Colaboração para o UOL, em São Paulo
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