Saúde
Há quatro meses faltam medicamentos no SUS, denunciam pacientes

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Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúd deve apresentar nesta terça (25) levantamento mostrar quais são os maiores estrangulamentos.
A receita médica indicava 13 caixas, mas a pedagoga Elaine Shinomiro saiu do posto de distribuição de medicamentos levando cinco embalagens do hormônio de crescimento receitado para seu filho, João Gabriel, de 14 anos. “Cada vez é uma desculpa. Eu tenho como voltar, mas pessoas que dependem de transporte público, que trabalham, como fazem para enfrentar esse fracionamento? Não tenho dúvida de que muitos desistem (do tratamento)”, diz ela.
Moradora da cidade paranaense de Ubiratã, Elaine enfrenta até falta de remédio, problema que vem se tornando comum entre pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Diante da crise, registrada há pelo menos quatro meses, o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) deve apresentar nesta terça-feira (25) um levantamento realizado com quatro mil municípios para mostrar quais são os maiores estrangulamentos.
“A lista de remédios em falta é extensa. De Norte a Sul, temos municípios obrigados a comprar itens que, em tese, deveriam ser providenciados pelo Ministério da Saúde”, afirma o presidente do Conasems, Mauro Junqueira. Entre os exemplos citados por secretários estão remédios para hepatite C (daclastavir e sofosbuvir), para pacientes transplantados e aqueles em tratamento para Alzheimer. Na lista também estão incluídos produtos mais baratos, como anticoncepcionais.
Crise
“Estamos passando por uma das maiores crises de abastecimento por parte do governo federal: muitos medicamentos estão faltando, incluindo os de uso continuado. A situação é extremamente grave”, avalia o presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), Leonardo Vilela.
Procurado, o Ministério da Saúde negou, por meio de nota, falta de remédios e informou que está em dia com os repasses para a aquisição e ressarcimento dos medicamentos de responsabilidade de Estados e municípios. Segundo a pasta, o cronograma de compras dos medicamentos sob sua responsabilidade também está regular.
No entanto, a secretária da Saúde de Ubiratã, Cristiane Pantaleão, apresenta outra realidade. “Para driblar a falta, compramos, pedimos emprestado de outras cidades que têm estoques mais abastecidos. O pior é que, mesmo que a responsabilidade não seja nossa, é aqui que a população vem bater.”
O atraso na entrega de medicamentos que deveriam ser providenciados pelo Ministério da Saúde foi tema de discussão em reuniões tripartite, que reúnem secretários estaduais e municipais, além de representantes do ministério. “Em maio, a informação era a de que o problema iria se resolver. Mas isso não aconteceu. Há melhoras pontuais, mas, ao mesmo tempo, agravamento em outras áreas”, diz Junqueira.
Vilela atribui a crise no abastecimento a uma combinação de fatores. “O principal deles é a falta de recursos. Mas há também uma demanda cada vez maior, mais remédios, mais pacientes, e problemas de negociações com produtores”, diz. Ele atribui a diferença de cenários traçados por secretários estaduais e municipais “à falta de transparência do ministério”. “Não podemos esconder que dificuldades são enfrentadas também por Estados e municípios. Seria leviano dizer que não estão faltando também remédios da nossa atribuição”, afirmou o presidente do Conass.
Judicialização
Ele, contudo, afirma que a falta de medicamentos que deveriam ser fornecidos pelo ministério acaba provocando um efeito cascata. Junqueira concorda. “Acaba levando a uma desestabilização de nossos planejamentos. Somos obrigados, até mesmo por decisões judiciais, a providenciar drogas que seriam de atribuição do governo federal.”
Questionado sobre uma lista de produtos em que a situação é mais crítica, Vilela afirma que a situação é flutuante. “É muito dinâmico. A situação pode ser amenizada em um lugar, se agravar em outro.” Um maior detalhamento deve ser dado nesta terça-feira, na apresentação do levantamento municipal. Com informações do Estadão Conteúdo.
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Saúde
Ginecologista revela a importância de investigar as cólicas menstruais

Cólicas intensas e outros sintomas frequentemente considerados normais durante o fluxo menstrual podem ser sinais de endometriose, doença inflamatória que afeta 7 milhões de brasileiras. Em alusão ao Mês da Mulher, a campanha Março Amarelo alerta sobre o diagnóstico precoce e o tratamento da endometriose e de outros fatores que afetam o aparelho reprodutor feminino. Bruno Ramalho, ginecologista, especialista em reprodução assistida e professor de Medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB), explica os principais sintomas, métodos de diagnóstico e as opções de tratamento.
A endometriose é uma doença inflamatória crônica caracterizada pelo crescimento de tecido semelhante ao endométrio fora do útero. Esse tecido pode se espalhar para órgãos como ovários, trompas de falópio, bexiga e intestino, causando inflamação, aderências e, em alguns casos, cistos (os chamados endometriomas). “A endometriose leva a um estado inflamatório crônico na pelve, que pode provocar a formação de aderências, distorção da anatomia, dor e infertilidade”, explica o médico ginecologista.
O risco de desenvolver endometriose pode estar relacionado a diversos fatores. Mulheres com ciclos menstruais mais curtos, que menstruam com intervalos menores que 27 dias, e aquelas com fluxo menstrual intenso e prolongado apresentam maior predisposição à doença. “Também há forte influência genética no desenvolvimento da doença. Se a mãe ou irmã tem endometriose, o risco de desenvolver a condição pode ser sete vezes maior”, indica Ramalho.
Dor menstrual intensa deve ser investigada
O principal mito é a ideia de que as cólicas menstruais são normais. “Não devemos normalizar cólicas menstruais, principalmente as incapacitantes. Se a dor interfere nas atividades diárias, é um sinal de alerta”. Segundo o especialista, além das cólicas fortes, a endometriose pode se manifestar com dor pélvica constante, dor profunda durante as relações sexuais e sintomas intestinais, como diarreia, constipação e até mesmo sangramento retal no período menstrual.
Embora as cólicas possam ser um sintoma comum, a endometriose deve ser sempre investigada, podendo mudar significativamente o cenário do diagnóstico tardio. “Infelizmente, muitas mulheres passam anos sem um diagnóstico adequado, o que pode levar à progressão da doença e ao comprometimento da fertilidade. O ideal é que qualquer sintoma suspeito seja avaliado por um ginecologista para que exames específicos sejam realizados e o tratamento adequado seja iniciado o quanto antes.”
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da endometriose começa com o relato dos sintomas e queixas ao ginecologista. O exame físico, que inclui o toque vaginal, é fundamental para identificar a doença. Caso o exame clínico seja considerado normal, a ultrassonografia ou a ressonância magnética podem ser necessárias. “Esses exames não só ajudam no diagnóstico, mas também preparam para tratamentos cirúrgicos, caso necessário”, afirma o especialista.
De acordo com o ginecologista, o uso de hormônios e anti-inflamatórios pode ajudar a controlar a doença, mas não levar à cura. “A cirurgia é geralmente adiada até que a mulher tenha filhos, o que permite ao cirurgião tratar a doença de forma mais eficaz em uma única intervenção”, explica o docente do CEUB, acrescentando que o acompanhamento médico deve ser regular, especialmente antes da menopausa.
Foto iStock
Por Rafael Damas


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Saúde
Por que a ressaca piora com a idade? Especialistas explicam fatores por trás do mal-estar

Paulo Almeida, 64, se lembra de sua juventude, quando tomava o “vinho da garrafa azul” em festas com os amigos, misturando todos os tipos de bebidas ao longo da noite. “Tem uma idade em que é divertido ter ressaca, é emocionante. Mas depois fica bem sofrido, eu percebo isso. Ficou muito pior”, diz ele, que é dono do Empório Alto Pinheiros, bar especializado em cervejas artesanais.
Hoje ele diz que pensa duas vezes antes de beber muito e tenta não esquecer os “truques” para amenizar os sintomas da ressaca, como beber bastante água. Se ele vai sair com os amigos à noite, come bem no almoço e escolhe um chope mais leve. “A gente começa a fazer essa conta.”
A percepção de que a ressaca piora com o tempo é comum, mas por que isso acontece? Compreender como o álcool é processado pelo organismo ajuda a entender seus efeitos e o mal-estar que provoca.
A ressaca é um conjunto de sintomas desagradáveis que ocorrem após o consumo excessivo de álcool, entre eles dor de cabeça, fadiga, tontura, desidratação e mal-estar geral, decorrentes do acúmulo de substâncias tóxicas no corpo.
Na juventude, esses sintomas parecem mais toleráveis, mas, com o passar dos anos, tornam-se mais intensos e duradouros. Isso ocorre devido a uma série de fatores biológicos.
Quando ingerimos álcool, o etanol é metabolizado principalmente pelo fígado. A enzima álcool desidrogenase converte o etanol em acetaldeído, uma substância tóxica. Em seguida, outra enzima, a aldeído desidrogenase, transforma o acetaldeído em acetato, que é eliminado do corpo como ácido acético.
“O acetaldeído é um dos vilões da ressaca e contribui para sintomas como dor de cabeça, enjoo e sensação de mal-estar”, afirma Rosana Camarini, professora do departamento de farmacologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP (ICB-USP).
Outro fator relevante é a presença de metanol, um subproduto da fermentação encontrado principalmente em destilados e vinhos de frutas.
“O problema é que, assim como o etanol, ele é metabolizado pela aldeído desidrogenase, mas gera formaldeído, uma substância altamente tóxica”, diz Camarini. Para evitar essa intoxicação, ela recomenda escolher produtos de fontes confiáveis, pois a qualidade da bebida faz diferença no grau da ressaca.
O empresário Paulo Almeida conta que costuma beber bebidas baratas na época em que era universitário. “Então ao mesmo tempo em que a ressaca piorou por causa da idade, melhorou porque eu comecei a beber coisa melhor”, diz.
O sommelier Manoel Beato, 60, do Fasano, afirma que aprendeu a dosar a quantidade de bebida ao longo da vida. “Um bom bebedor é aquele que bebe até um ponto em que não tem ressaca”, afirma. Ele conta que reduziu o consumo de álcool porque o dia seguinte acabou se tornando insustentável.
Conheça alguns dos fatores contribuem para o agravamento da ressaca com o avanço da idade.
Metabolismo mais lento
Com o passar dos anos, o fígado perde eficiência na função de metabolizar o álcool.
“O corpo vai perdendo sua capacidade de processar o álcool, o que resulta em ressacas mais intensas e prolongadas”, afirma Olívia Pozzolo, psiquiatra e médica pesquisadora do CISA (Centro de Informação sobre Saúde e Álcool).
Além disso, o organismo se torna menos eficaz na neutralização de substâncias tóxicas, dificultando a recuperação celular.
DESIDRATAÇÃO
O envelhecimento reduz a capacidade do corpo de reter líquidos, tornando mais acentuada a desidratação causada pelo consumo de bebida alcoólica. O álcool tem efeito diurético, ou seja, aumenta a eliminação de líquidos. Com menor retenção hídrica, sintomas da ressaca como dor de cabeça, fadiga e tontura tornam-se mais severos.
DOENÇAS CRÔNICAS
Condições como diabetes e hipertensão podem agravar os efeitos do álcool no corpo, bem como o uso de medicamentos.
“O organismo também se torna menos eficiente na recuperação de impactos externos, incluindo o consumo de álcool, pois o sistema imunológico e o fígado já lidam com um nível maior de inflamação”, afirma Camarini.
Existem ainda diferenças de gênero. O organismo da mulher possui menos água e menos enzimas que metabolizam o álcool, que acaba processado de forma diferente para elas. “Se um homem beber a mesma quantidade que uma mulher, a mulher terá mais efeitos colaterais e mais níveis de álcool no sangue”, afirma Pozzolo.
A oscilação hormonal também pode aumentar a sensibilidade das mulheres ao álcool, tornando os efeitos mais intensos em determinados períodos, conforme pesquisa desenvolvida na Universidade da Califórnia em Santa Barbara (EUA). “As mulheres têm uma vulnerabilidade maior aos danos hepáticos e cerebrais que o álcool pode causar”, acrescenta a médica.
O álcool pode agir de forma diferente em cada indivíduo, assim como a ressaca tem suas particularidades. Há quem diga ficar cada vez menos embriagado e com menos ressaca conforme os anos passam. É o caso da Jardelina Maria, 64, embaladora. Ela afirma que tem ressaca com sintomas como enjoo e dor de cabeça, mas que não sente esse mal-estar com muita frequência, como ocorria quando era mais jovem. Para ela, isso pode ser consequência da tolerância ao álcool.
Segundo Camarini, também para isso há uma explicação possível. “Como a sensação de embriaguez influencia a gravidade da ressaca, [isso] pode explicar porque algumas pessoas idosas relatam menos ressacas e menos intensas”, diz Camarini, ressaltando que a percepção de que o mal-estar é mais brando não significa que o álcool consumido não cause danos.
SAIBA COMO MINIMIZAR OU EVITAR A RESSACA
– Beba devagar e com moderação
– O corpo tem um limite para metabolizar o álcool, então ingerir a bebida lentamente reduz a sobrecarga no fígado;
– Procure intercalar a bebida com água – Isso ajuda a minimizar a desidratação e alivia os sintomas;
– Coma antes e durante o consumo de álcool – Alimentos retardam a absorção do álcool pelo organismo;
– Prefira bebidas de qualidade – Produtos de origem duvidosa podem conter impurezas que agravam a ressaca;
– Descanse – O sono adequado auxilia o corpo a se recuperar.
Foto Shutterstock
Por Folhapress


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Saúde
Casos de AVC em jovens aumentam 15% e acendem alerta para causas

Os casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) aumentaram 15% em pessoas jovens. Um estudo publicado pela revista científica The Lancet Neurology indicou aumento de 14,8% entre pessoas com menos de 70 anos em todo o mundo. No Brasil, aproximadamente 18% dos casos de AVC ocorrem em indivíduos com idades entre 18 e 45 anos, conforme dados da Rede Brasil AVC.
A pesquisa atribui esse aumento a diversos fatores, incluindo sedentarismo, hábitos de vida pouco saudáveis, como alimentação inadequada, que podem levar à obesidade, diabetes e hipertensão, mesmo entre os mais jovens. Além disso, fatores genéticos e hereditários podem aumentar o risco em pessoas jovens, incluindo doenças genéticas e hematológicas.
A médica fisiatra especialista em bloqueios neuroquímicos para o tratamento de sequelas do AVC, Prof.ª Dra. Matilde Sposito, com consultório em Sorocaba (SP), informa que a identificação dos sinais de alerta para o reconhecimento da ocorrência de um AVC é primordial. “O Acidente Vascular Cerebral é uma doença tempo-dependente, ou seja, quanto mais rápido o tratamento, maior a chance de recuperação”, afirma.
Dentre os principais sinais do acidente, estão:
– fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo;
– confusão, alteração da fala ou compreensão;
– alteração na visão (em um ou ambos os olhos);
– alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar;
– dor de cabeça súbita, intensa e sem causa aparente.
“Tanto no momento em que o acidente acontece, que é quando o paciente precisa ser socorrido imediatamente, quanto após, que é quando ele precisa passar por um tratamento, o atendimento precisa ser rápido”, afirma a especialista. “Após o AVC, quanto mais cedo o paciente recebe a assistência médica-fisiátrica, menores são as chances de que as sequelas se tornem permanentes”, orienta.
Conheça o tratamento
A Fisiatria é uma especialidade médica voltada para a reabilitação de pessoas com dificuldades motoras causadas por doenças como o AVC. O processo terapêutico busca estimular o cérebro a se reorganizar, promovendo a recuperação de funções prejudicadas.
De acordo com a Prof.ª Dra. Matilde Sposito, o principal objetivo do tratamento é restaurar a mobilidade, aliviar dores e proporcionar mais qualidade de vida ao paciente. Para isso, diferentes abordagens podem ser adotadas, como acupuntura, fisioterapia, hidroterapia, RPG, pilates e cinesioterapia.
Além das terapias convencionais, a Fisiatria pode utilizar bloqueios neuroquímicos com toxina botulínica para tratar sequelas de AVC, traumas ou outras condições que afetam os movimentos, como a espasticidade – caracterizada pela rigidez muscular e a dificuldade de movimentação.
Outro fator essencial na reabilitação é o suporte emocional e social. “A recuperação não se restringe apenas ao físico. Apoio psicológico e socialização são fundamentais para evitar depressão e ansiedade, que podem surgir após um evento tão impactante”, destaca a especialista.
A médica fisiatra reforça que o tratamento deve ser visto de forma abrangente, combinando diferentes recursos terapêuticos e mudanças no estilo de vida para alcançar os melhores resultados. “A reabilitação é um processo integrado, que pode envolver fisioterapia, acompanhamento neurológico e adaptações na rotina do paciente. O foco é sempre proporcionar mais autonomia e bem-estar”, afirma.
Tipos
Os AVCs são classificados como hemorrágico ou isquêmico, sendo este último o mais frequente, representando em torno de 85% dos casos, segundo o Ministério da Saúde. O AVC isquêmico ocorre quando há o entupimento de pequenas e grandes artérias cerebrais. Já, o AVC hemorrágico acontece quando há o rompimento dos vasos sanguíneos, provocando hemorragia. Esse subtipo de AVC também pode acontecer pelo entupimento de artérias cerebrais e é mais grave e tem altos índices de mortalidade.
Foto Shutterstock
Por Rafael Damas


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