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Brasil

Incêndios no Pantanal afetaram quase metade da população de onças-pintadas

O impacto pode ter sido ainda maior nas reservas ambientais pantaneiras onde o maior carnívoro do Brasil vive.

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Quase metade da população de onças-pintadas do Pantanal foi afetada diretamente pelos incêndios que devastaram a região em 2020, indica um estudo feito por cientistas brasileiros. O impacto pode ter sido ainda maior nas reservas ambientais pantaneiras onde o maior carnívoro do Brasil vive.

Os cálculos são preocupantes porque o Pantanal é um dos últimos grandes refúgios da espécie no país, ao lado da Amazônia –em outros ecossistemas brasileiros, populações de onças-pintadas raramente são encontradas. Além de mortes dos grandes felinos causadas diretamente pelo fogo, a destruição de áreas que antes tinham condições ideais para a sobrevivência deles pode levar os animais à morte de forma indireta ou impedir que eles achem parceiros para se reproduzir.

“Além de avaliar o impacto do fogo sobre as onças-pintadas do Pantanal de forma comparativa ao longo dos anos, a pesquisa analisa também como esse impacto pode ser negativo para espécie se ocorrer de maneira descontrolada, com alta frequência e intensidade”, disse à reportagem o primeiro autor da pesquisa, Alan Eduardo de Barros, doutorando do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências da USP.

O trabalho de Barros, que assina o estudo junto com seu orientador, Paulo Inácio Barros, e outros pesquisadores do Brasil, dos EUA e do Paraguai, acaba de sair na revista científica Communications Biology. A equipe combinou dados de satélite sobre os incêndios pantaneiros de 2020 com informações sobre a população das onças da região e sobre os deslocamentos dos bichos pelo território.

Esses detalhes vêm de estudos feitos em anos anteriores ao desastre causado pelo fogo. Como não é possível fazer um censo, contando cada indivíduo da espécie cabeça por cabeça, um desses trabalhos fez estimativas com base em armadilhas fotográficas, aparelhos que registram a presença de um animal em determinados pontos graças a câmeras com sensores de movimento.

Além das armadilhas fotográficas, esse estudo levou em conta ainda a presença de cobertura vegetal considerada adequada para as onças-pintadas, entre outros fatores.

Na verdade, diz Barros, “eles subestimam um pouco a densidade populacional no Pantanal, por dois motivos”.

Primeiro, o estudo anterior propõe que, no máximo, haveria 7 onças a cada 100 km2 na região. “Mas pesquisas mais recentes mostram áreas desse tamanho com quase 13 indivíduos”, conta ele. Além disso, o trabalho assume que os felinos seriam mais numerosos em áreas de mata fechada, o que não é verdade no caso do Pantanal, mais aberto, porém com abundância de recursos para as onças.

Levando tudo isso em conta, calcula-se que haveria 1.668 indivíduos da espécie no Pantanal. Desses, 48 onças têm sido acompanhadas ao longo dos anos por meio de colares com GPS e tiveram definidas suas áreas de vida, ou seja, o território pelos quais se deslocam com frequência em busca de comida, abrigo e parceiros.

A combinação de todas essas informações mostrou que as regiões que seriam o habitat de 45% das onças-pintadas pantaneiras –ou 746 indivíduos– foi diretamente impactado pelos incêndios de 2020. É consideravelmente mais do que a área total do Pantanal que foi afetada então (cerca de um terço). É um estrago três vezes maior do que a média das áreas afetadas por incêndios no ecossistema nos 15 anos anteriores.

Pior ainda, das 48 onças monitoradas por GPS, 38 tiveram suas áreas de vida, que deveriam ser seus principais refúgios, diretamente afetadas pela queima da vegetação e do solo. E mais da metade das reservas sob proteção ambiental que fazem parte dessas áreas de vida também sofreu os efeitos dos incêndios.

Ainda não há indícios de que as onças monitoradas tenham morrido, embora esse tenha sido o destino de dois animais da espécie que foram resgatados com queimaduras em 2020. É muito provável que isso seja apenas a ponta do iceberg. Uma estimativa recente sugere que 17 milhões de vertebrados podem ter morrido no desastre daquele ano.

“Acredito que o maior impacto do fogo na população de onças tenha sido a necessidade de procurar novas áreas com mais recursos”, explica o pesquisador da USP.

Ela explica que nem sempre as onças são caçadores totalmente solitários. Quando há abundância de alimento –é esse o caso do Pantanal normalmente, quando ele não está ardendo em chamas– existe alguma sobreposição de territórios entre animais adultos. A região, inclusive, é onde se encontram os maiores indivíduos da espécie.

No entanto, se incêndios como esses se repetirem com frequência, a situação pode ficar muito feia.
“A briga por áreas verdes, pela proximidade da água e por fêmeas, bem como o próprio gasto de energia dos animais, podem se intensificar muito rapidamente”, analisa ele. “Se o ambiente se recupera, a população tenderia a retornar ao ponto de equilíbrio, mas, do contrário, ele poderia se modificar, comportando um número menor de indivíduos.”

Evitar esse tipo de desequilíbrio deve ficar mais complicado nas próximas décadas, já que a crise climática provocada pela ação humana tem aumentado o número de eventos extremos do clima, inclusive grandes secas, que facilitam os incêndios. A escala e os locais dos fogos no Pantanal em 2020, entretanto, indicam que, em grande, eles foram provocados diretamente por seres humanos, como os proprietários rurais da região.

Por Folhapress

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Brasil

Estudo vê chance de recuperação de meio milhão de hectares de caatinga

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Um levantamento feito pela fundação holandesa IDH, com apoio do instituto de pesquisa WRI Brasil, mostra que há, pelo menos, meio milhão de hectares de caatinga com potencial de restauração. Segundo o estudo, divulgado nesta terça-feira (23), em São Paulo, as áreas ficam no Cariri Ocidental, na Paraíba; no Sertão do Pajeú, em Pernambuco; e no Sertão do Apodi, no Rio Grande do Norte.

A pesquisa destaca que a vegetação nativa restaurada  poderá oferecer oportunidades econômicas sustentáveis, proporcionando renda e empregos para as populações locais. Entre outros benefícios, a restauração da mata local traria regulação hídrica, estabilização do solo e controle da erosão.

“A conservação e a restauração da paisagem na caatinga são cruciais para a resiliência climática, a segurança hídrica e a sobrevivência de suas comunidades”, diz a coordenadora de projetos do WRI Brasil e uma das autoras do trabalho, Luciana Alves.

Os arranjos de restauração mais indicados para os territórios analisados são o Sistema AgroFlorestal (SAF) forrageiro, tendo a palma forrageira (Opuntia fícus-indica) como espécie principal; o SAF Melífero, focado em espécies para apicultura e meliponicultura; o SAF Frutífero, combinando árvores com espécies frutíferas, forrageiras e agrícolas; a Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) de caprinocultura com produção de forragem e árvores; a Regeneração Natural Assistida (RNA); a Restauração Ativa, com plantio de mudas e sementes; e a Restauração Hidroambiental, baseada em intervenções para reverter a degradação e restaurar solo e vegetação, indica a  pesquisa.

Recursos internacionais

“Pela forte intersecção com a agenda climática, a restauração da caatinga poderá se beneficiar significativamente de recursos internacionais e privados destinados ao fortalecimento dessa agenda”, destaca Luciana.

Dos seis biomas que ocupam o território nacional, a caatinga é o único exclusivamente brasileiro. Ocupando aproximadamente 850 mil quilômetros quadrados, é a região do semiárido mais densamente povoada do mundo porque aproximadamente 27 milhões de pessoas vivem nela.

Em junho deste ano, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) anunciou a seleção de 12 projetos prioritários para a criação de unidades de conservação federais no bioma caatinga, a serem implantadas até 2026, que resultarão no aumento de mais de um milhão de hectares das áreas protegidas.

Fonte: Agência Brasil

           

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Brasil

Assassinatos de indígenas aumentam 15% em primeiro ano de Lula

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Os assassinatos de indígenas voltaram a crescer no primeiro ano do governo Lula (PT) e tiveram alta de 15,5% na comparação com 2022, o último de Jair Bolsonaro (PL). Foram 208 mortos no ano passado ante 180 em 2022.

Os dados são do relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, publicado nesta segunda-feira (22) pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). As mortes por desassistência à saúde mais que dobraram, com 40 casos registrados em 2022 e 111 no ano passado, sendo 35 deles no Amazonas.

O indicador faz parte do grupo de omissão do poder público, que também aumentou na comparação entre o último ano de Bolsonaro e o primeiro de Lula. As mortes infantis, também nesse grupo, somam óbitos de crianças indígenas de 0 a 4 anos de idade e chegaram a 1.040 em 2023.

A maior parte das mortes infantis foi considerada evitável pelo Cimi, por estar relacionada a ações de saúde. O relatório destaca os óbitos por gripe e pneumonia (141), diarreia, gastroenterite e doenças infecciosas intestinais (88) e desnutrição (57).

Já os suicídios de indígenas foram 180 em 2023, com a repetição dos três estados com mais casos, Amazonas (66), Mato Grosso do Sul (37) e Roraima (19). O número foi 56% mais alto do que os 115 casos de 2022.

Em relação aos homicídios, pouco mais da metade das mortes de indígenas registradas em 2023 está distribuída entre Roraima (47), Mato Grosso do Sul (43), Amazonas (36) e Rio Grande do Sul (16).

O número de assassinados em 2023 fica abaixo dos 216 mortos em 2020, durante o governo Bolsonaro. As mortes naquele ano foram o ápice de uma escalada de violência marcada pelo aumento, em 2019, de 45,2% das mortes ante 2018.

O aumento mais elevado dos anos recentes, porém, ocorreu no governo Michel Temer (MDB), que registrou 110 assassinatos de indígenas em 2017, na comparação com 2016 —o então mandatário assumiu o cargo definitivamente em 31 de maio daquele ano, após a conclusão do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

A publicação do relatório ocorre em meio ao agravamento de conflitos fundiários em Mato Grosso do Sul e no Paraná, lembrados no evento de lançamento.

No oeste paranaense, 22 famílias que já habitavam a TI Guasu Guavirá, no município de Terra Roxa, iniciaram a retomada dos territórios Arakoé e Arapoty e, desde o início do mês, estão sendo alvos de ataques, de acordo com o Ministério dos Povos Indígenas.

Fonte: Folha de S. Paulo

           

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Polícia investiga dupla que imitou macaco durante roda de samba no Rio

O caso foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância; testemunhas estão sendo ouvidas.

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A Polícia Civil do RJ começou a investigar um homem e uma mulher que aparecem em um vídeo imitando macacos durante uma roda de samba na sexta-feira (19), no centro da capital.

O caso foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.
Testemunhas estão sendo ouvidas. Os policiais também tentam identificar e intimar os dois para prestarem esclarecimentos na delegacia.

Eles imitaram os animais durante a apresentação do grupo musical Pede Teresa, na Praça Tiradentes, região central do Rio de Janeiro. Nas imagens, o homem a mulher andam em círculos, fazem gestos de coçar a cabeça e imitam sons de macaco.

O músico Alex Oliveira dos Santos, dono do grupo, afirmou à reportagem no domingo (21) que registraria um boletim de ocorrência nesta segunda-feira (22). “Parece que eles são argentinos que estão aqui a passeio. Nós vamos tomar as providências para investigar esse crime que eles cometeram”.

Nas redes sociais, a vereadora Mônica Cunha (PSOL), presidente da Comissão de Combate ao Racismo da Câmara do Rio, cobrou respeito. “Porque quando for para frequentar os nossos espaços, nos respeite. Porque nós não vamos admitir o racismo sob as nossas vidas nunca mais”.

O grupo Pede Teresa disse que seguirá com denúncia “até as últimas consequências”. “Racismo é crime e não vamos tolerar”, afirmou o grupo musical, em post no Instagram.

Por Folhapress

           

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