A noite passada se estacou por ter sido a primeira mais calma desde 27 de fevereiro.
Os bombardeios aéreos em Ghouta Oriental, nos arredores de Damasco, recomeçaram nesta sexta-feira (9), coincidindo com a entrada de um comboio humanitário, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
Os aviões não identificados visavam as populações de Douma e Yisrín, informou a mesma fonte.
O reinício dos bombardeios aconteceu após uma noite relativamente tranquila que permitiu a entrada hoje de uma coluna humanitária para prestar ajuda aos habitantes, retidos sob intensos bombardeios das forças governamentais sírias.
Treze caminhões “estão dentro” no enclave rebelde, disse à AFP Ingy Sedky, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Damasco, que acrescentou que as equipes “vão distribuir os bens que não foram distribuídos em 5 de março” devido aos ataques aéreos.
Uma tentativa falhou na quinta-feira (8) porque a coluna de ajuda humanitária não pôde entrar no território, que é alvo de ataque aéreos desde 18 de fevereiro, causando 931 mortos, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
Apesar deste comboio não incluir materiais médicos, a porta-voz do CICV referiu que existem “indicações positivas de que um comboio maior, que inclui equipamento médico, poderá [entrar] na próxima semana”.
Uma coluna humanitária conjunta da ONU, do CICV e do Crescente Vermelho sírio entrou na região, o último bastião rebelde junto a Damasco, na segunda-feira, com 247 toneladas de ajuda médica e alimentar em Douma, a principal cidade da região. A distribuição dos bens, no entanto, que decorreu “sob bombardeios”, de acordo com a ONU, acabou por ser interrompida.
“A ONU e os seus parceiros não conseguiram voltar a Douma porque o comboio [humanitário] não foi autorizado pelas autoridades sírias por questões de segurança”, justificou Jens Laerke, porta-voz da agência das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) em Genebra.
A noite passada se estacou por ter sido a primeira mais calma desde 27 de fevereiro, quando começou uma ofensiva terrestre do regime sírio para reconquistar o enclave rebelde, sob cerco desde 2013.
“Não houve ataques aéreos ou artilharia desde as 2h00 locais (21h00 em Brasília), a calma prevalece, com exceção de tiros esporádicos em áreas onde decorrem combates”, disse à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahmane.
O esforço das forças do regime permitiu a recuperação de mais de metade da área sob cerco de Ghouta Oriental, procurando dividir o território em dois para enfraquecer as duas principais facções rebeldes no enclave.
Uma “pausa humanitária” de cinco horas todos os dias deveria estar em vigor desde que a Rússia decretou o seu acordo há 11 dias, quando foi aberto um “corredor humanitário”.
Os meios de comunicação social sírios oficiais anunciaram a abertura de dois corredores desde quinta-feira, mas não foi registrada a saída de civis. Com informações da Lusa.
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