Cenário pode se agravar nos próximos anos. Uma controversa solução seria permitir que pessoas sem formação na área se tornem educadores.
Há trinta anos, não temos um quadro tão dramático de falta de professores na Alemanha”, afirma Heinz-Peter Meidinger, presidente da Associação Alemã de Professores (DL, na sigla em alemão). “No total, faltam 40 mil professores”, revelou.
As vagas estão sendo preenchidas temporariamente por novatos, aposentados ou estudantes – ou, simplesmente, continuam desocupadas.
“O início do ano letivo em vários estados mostrou que nosso país corre o risco de se encaminhar, gradualmente, para uma situação de emergência na área da educação”, afirmou, no fim de agosto Volker Kauder, líder da União Democrata Cristã (CDU) no Parlamento alemão e um dos confidentes mais próximos da chanceler federal Angela Merkel.
O problema é resultado de muitos fatores: aumento da natalidade no país, amplo influxo de refugiados, uma geração de professores se aposentando, falta de investimento em educação e barreiras que complicam a entrada em programas de treinamento de docentes nas universidades.
As escolas mais afetadas são aquelas onde os salários dos professores são os mais baixos: as do ensino fundamental, do ensino técnico e instituições voltadas para crianças com deficiências no aprendizado. Escolas municipais nos bairros mais pobres da capital, Berlim, e em áreas rurais são as que mais têm dificuldades para atrair novos professores.
Quebrando o padrão
Alguns estados estão tentando solucionar a falta de professores dando permissão para dar aula a pessoas sem diploma de professor. A Renânia do Norte-Vestfália – o Estado federado mais populoso da Alemanha –, por exemplo, está recrutando universitários recém-formados com experiência profissional para receber treinamento em escolas para se tornarem professores. Depois de dois anos de prática e teoria, eles deverão ter a qualificação necessária para dar aulas.
A medida é controversa num país onde vendedores, garçons e comerciantes podem levar anos para obter diplomas em suas respectivas profissões. Existe até uma palavra específica para aqueles que adotam uma trajetória profissional não convencional: Quereinsteiger, ou “pessoas que entram pelo lado”, em tradução livre.
Em 2013, os 16 secretários estaduais da Educação do país concordaram que os Quereinsteiger poderiam ser um último recurso para tapar buracos temporariamente. Mas essas pessoas estão se tornando uma solução de longo prazo para a escassez de educadores, segundo afirmou o presidente da Associação para o Ensino e a Educação (VBE, na sigla em alemão), Udo Beckmann. Em entrevista ao canal público de televisão ZDF, ele pediu regulamentos padronizados de treinamento para os novatos.
No ano passado, cerca de 4.400 pessoas que se qualificaram para o cargo de professor por um desses programas foram contratadas para preencher algumas das 34.300 novas vagas em todo o país. O maior número de pessoas que mudaram de profissão foi registrado em Berlim (1.270), na Saxônia (1.100) e na Renânia do Norte-Vestfália (800).
Berlim e Saxônia estão entre os estados mais desesperados atrás de professores, mas também são os locais onde educadores contam com a menor segurança em relação ao trabalho. Na maior parte dos outros estados, professores são funcionários públicos com contratos permanentes e benefícios atraentes.
Obstáculos de mais, vagas de menos
Houve quem tenha zombado da ideia de contratar professores entre pessoas que buscam novas carreiras. “Estou muito preocupado com a qualidade do ensino”, afirmou Kauder, apesar de reconhecer que os Quereinsteiger merecem reconhecimento por quererem trabalhar com crianças.
Especialistas como o professor de Educação Jörg Ramseger argumentam que pessoas que se tornam professores sem adotar o caminho tradicional não têm tempo de considerar se têm ou não aptidão para a profissão.
“Na universidade, os estudantes têm cinco anos para aprender como crianças pequenas pensam e aprendem e como desenvolver ambientes modernos de aprendizado”, disse Ramseger ao diário Tagesspiegel. “Durante seus estudos e estágios, os estudantes podem examinar e avaliar se realmente querem e são capazes de ensinar crianças pequenas”, continuou.
O caminho tradicional para se formar professor demanda bastante dos estudantes. Quem se forma no ensino médio precisa apresentar notas quase perfeitas em várias matérias para ser aceito em programas de formação de professores nas universidades, que duram entre sete e oito anos.
Críticos dessa tradição, como o especialista em Educação Peter Struck, da Universidade de Hamburgo, afirmam que há muitos obstáculos e, ao mesmo tempo, escassez de vagas para os programas de formação – o que resulta num número insuficiente de formandos.
“A qualidade de um professor não tem nada a ver com suas notas”, disse ao semanário alemão Die Zeit. “Em Passau, graduandos do ensino médio precisam completar um estágio de várias semanas numa escola antes do primeiro semestre na universidade. Depois, um facilitador diz a eles se eles têm ou não aptidão para a profissão de professor. Todos os que ainda estiverem interessados nessa altura deveriam ser aceitos”, opina.
Segundo um estudo recente da Fundação Bertelsmann, 105 mil professores teriam de ser contratados até 2025 para atender às necessidades das escolas fundamentais alemãs. No entanto, no máximo 70 mil formados em universidades deverão começar a trabalhar até essa data. Se as estimativas estiverem corretas, os Quereinsteiger podem se tornar ainda mais comuns.
Por Deutsche Welle
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O Distrito Federal (DF) e os municípios de todo o país, com o apoio da União e dos estados, deverão criar mecanismos de levantamento e de divulgação da demanda por vagas no atendimento à educação infantil de crianças de 0 a 3 anos de idade. É o que estabelece a Lei nº 14.851/2024, sancionada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e publicada no Diário Oficial da União dessa segunda-feira (6).
Também caberá aos municípios e ao DF estabelecer as próprias normas, procedimentos e prazos para definir os instrumentos do levantamento. Esses procedimentos incluem a estratégia de busca ativa das crianças não matriculadas até três anos de idade, por meio de cooperação entre diversos órgãos públicos, como de educação, assistência social, saúde e também de organizações da sociedade civil.
Ao ser identificado o quantitativo de crianças não matriculadas, os entes federados deverão planejar a expansão da oferta de vagas, por meio da cooperação federativa. Os recursos federais destinados à expansão da infraestrutura física e à aquisição de equipamentos para a educação infantil serão repassados prioritariamente às redes públicas que realizaram o levantamento da demanda por vagas, e em conformidade com os planos de educação e as diretrizes estabelecidas em lei.
Essa lei traz a oportunidade dos municípios conhecerem as demandas por creche e de que a educação possa se articular com outros setores dentro e fora do governo. Conhecer não só a demanda manifesta, ou seja, as famílias que colocam o nome em uma fila de espera em casos de não haver vaga para todos, mas também do município conhecer a demanda real por creche. São crianças e suas famílias que não estão buscando por uma vaga, mas que se beneficiariam por esse acesso, por não terem um equipamento perto de casa ou mesmo por desconhecerem esse direito”, explicou a gerente de Políticas Públicas da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Karina Fasson, em entrevista à coluna Enem e Educação.
DIMENSÕES DO BRASIL
O Plano Nacional de Educação (PNE) prevê que, até esse ano, pelo menos 50% da população de 0 a 3 anos de idade tenha uma vaga assegurada em creche. Segundo dados divulgados pela Pnad Contínua, a cobertura chegou a 38,7% nas creches em 2023. No entanto, em função das dimensões do Brasil e da diversidade de cada município, essa meta pode não traduzir as reais necessidades de cada região.
Segundo o Índice de Necessidade de Creche– metodologia desenvolvida pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal para estimar a demanda por vagas em creche dos grupos que mais precisam de atendimento (famílias pobres, monoparentais ou com mães/cuidadores principais economicamente ativos ou que assim o seriam se houvesse creche) – em 2019, 42,44% das crianças de grupos prioritários precisavam de vaga em creche.
Desse total, 17,3% pertenciam a famílias pobres, 3,5% eram crianças não pobres de famílias monoparentais e 21,7% era corresponde às crianças com mães/cuidadores principais economicamente ativos ou que assim o seriam se houvesse creche. Vale ressaltar, contudo, que esse cálculo não leva em consideração outros grupos que podem também demandar uma vaga.
Além disso, o estudo expõe o paradoxo de como a população de maior vulnerabilidade social é pouco atendida por creches no Brasil: em 2019, ano analisado, apenas 24,4% das crianças mais pobres frequentavam creches no país.
ACESSO COM QUALIDADE
“É importante lembrar que a creche é a primeira etapa da educação básica, embora a matricula não seja obrigatória para as crianças e suas famílias, ela é um direito previsto na Constituição Federal, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. O acesso prioritário as famílias vulnerabilizadas, as políticas publicas de primeira infância é previsto também pelo Marco Legal da Primeira Infância, então garantir o acesso a creche é garantir o direito das crianças e suas famílias”, destacou Karina Fasson.
Promover uma educação infantil de qualidade é que fundamental para o desenvolvimento integral da criança (desenvolvimento cognitivo, físico, social e emocional) e para construir uma base sólida e ampla, que prepare as crianças pequenas para a aprendizagem ao longo da vida. O investimento na primeira infância gera impactos positivos na saúde pública, na redução das taxas de abandono escolar e no combate à pobreza e a criminalidade.
“Para que os municípios possam de fato, cumprir essa lei, vai ser necessário uma articulação intersetorial. Ou seja, vai ser necessário que a educação possa trabalhar em articulação com a saúde, com a assistência social e outros órgãos de proteção a criança”, pontua a gerente de políticas públicas.
Ela ressalta o Marco Legal da Primeira Infância, aprovado em 2016, traz mecanismos de trabalho intersetorial, mas que ainda não são uma realidade em todos os municípios, o que pode ser reforçado agora com a nova legislação sancionada.
MONITORAMENTO E PERMANÊNCIA
A Lei nº 14.851/2024 diz também que o acesso e a permanência das crianças na educação infantil deverão ser acompanhados e monitorados, principalmente dos beneficiários de programas de transferência de renda.
Outro ponto importante é a garantia de transparência e acesso público aos dados do levantamento, que deverão ser amplamente divulgados, inclusive por meio eletrônico. Os municípios e o Distrito Federal deverão também criar listas de espera, a partir do levantamento da demanda. A lista deverá estabelecer critérios transparentes de prioridade no atendimento, que devem levar em conta aspectos situacionais e territoriais locais, situação econômica familiar e a condição de monoparentalidade das famílias.
Os dados do levantamento devem considerar informações de outros sistemas, como das áreas de saúde e de assistência social, dos cartórios e de bancos de dados controlados pelos órgãos e pelas entidades da administração pública federal, como o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (DataPrev), o Sistema Informatizado de Controle de Óbitos (Sisobi) e o Meu SUS Digital.
Fonte: JC
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A Etapa Sertão do Circuito Literário de Pernambuco (Clipe) começa nesta segunda-feira (6). Após passar por Caruaru, no Agreste do Estado, o projeto desembarca no Sesc de Serra Talhada. Com o tema “Culturas periféricas de saberes ancestrais: educação, diversidade e equidade”, o Clipe visa ampliar o debate e valorizar as contribuições de pensadores e atores sociais negros, indígenas e quilombolas, através de rodas de conversa, lançamentos de livros, bate-papos com autores e apresentações culturais.
“É com grande alegria que chegamos a Serra Talhada para a segunda etapa do CLIPE. Essa é uma grande oportunidade para nos reunirmos e celebrar toda essa temática tão importante em nossa sociedade. Depois do sucesso que foi em Caruaru, na Etapa Agreste, a gente vem com muito entusiasmo para realizar um grande evento, com uma programação preparada com muito carinho. Contamos com a presença de todos e todas”, convidou a secretária executiva de Desenvolvimento da Educação, Tárcia Silva.
ETAPAS DO CLIPE
Esta segunda etapa irá contemplar os municípios jurisdicionados às GREs de Arcoverde, Afogados da Ingazeira, Floresta, Petrolina, Salgueiro e Araripina. A programação segue até o dia 11 de maio.
A primeira etapa, Agreste, foi realizada de 22 a 27 de abril, no Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, em Caruaru. A terceira e última etapa, denominada Etapa Região Metropolitana e Zonas da Mata, ocorre no Recife, na Arena de Pernambuco, do dia 29 de maio ao dia 5 de junho.
Durante as três etapas além das atrações culturais, o evento ainda vai contar com estandes de editoras estaduais e nacionais, montados para a comercialização de livros para todas as idades.
BONUS LIVRO
Os profissionais da Secretaria de Educação e Esporte que visitarem a feira poderão utilizar o benefício do Bônus Livro por meio de um cartão magnético, intransferível e personalizado com a identificação do servidor.
A iniciativa irá beneficiar diretamente cerca de 40 mil docentes e profissionais da rede estadual. A distribuição dos cartões será realizada pelas respectivas Gerências Regionais de Educação (GREs), de acordo com o período de realização de cada etapa da feira. O Bônus Livro corresponde ao valor de R$ 1.000 para os professores e R$ 500 para analistas e assistentes.
Fonte: JC
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O Porto Digital realiza, na próxima segunda (6), às 15 horas, a Master Class “Sociologia da Inovação: uma perspectiva teórica e prática”. O evento é aberto ao público e gratuito, no Auditório da cesar.school, Cais do Apolo, 77, Porto Digital.
O membro da Academia Pernambucana de Ciências, Presidente do Conselho do Porto Digital e Cientista chefe da TDS Company, Sílvio Meira e o Sociólogo, ex-Secretário de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul e consultor em políticas de inovação em ensino superior, Renato Steckert de Oliveira irão debater sobre a temática.
“A ideia é discutir as condições sociais para que haja inovação. Precisamos perceber que inovação é um fenômeno social. Entender quais condições favorecem a inovação e procurar contribuir com estratégias para fomentar esses ambientes é o nosso objetivo”, afirma Steckert.
O cientista vai além, segundo ele, fomentar a inovação desencadeia efeitos sistêmicos na sociedade por si só, mas isso não significa acesso a todos os bens advindos dela.
“O passo adiante seria levar essas ideias para gestores públicos”, conclui consultor em políticas de inovação.
Fonte: JC
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