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Brasil

O dinheiro e sua influência na sociedade de consumo.

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Desde dos tempos do início da revoluções indústrias e Ascenção de novas tecnologias as relações humanas, foram mundando de forma constante e mais sombria, sóbria porque valores sociais foram perdidos, o dinheiro é que manda em tudo.

Nesse processo percebemos de forma muita clara e siguinificativa as distorções impostas pelo pelo capital( dinheiro), relações humanas são 99% baseadas em relações de interesses seja de forma direita ou indireta, há pessoas que digam eu não ligo para dinheiro o que importa é o amor, daí se vem uma pergunta muito retórica, que amor é este onde muitas pessoas se submetem a situações humilhantes para está com um parceiro(a) só porque tem recursos financeiros? Está palavra amor a muito tempo tempo vem sendo distorcida por meios de comunicação e mídias sociais justamente para infiltrar uma ideia de amor de contos de fadas, onde nesta onda pessoas falam nesse amor inexistente, o que existe mesmo são relações de interesses condicionadas ao consumo de bens e serviços.

Pensando nisto percebemos claramente que tudo está relacionado ao prazer, mas não é só o prazer carnal, mas sim o prazer da bebida, da comida, da casa onde vivemos, em suma tudo está ligado ao um jogo simples e também cheios de complexidades articuladas pela própria lógica do dinheiro em si mesmo, o que condiz a todo esse processo de perca de valores morais e sociais. Não cabe aqui fazer um um julgo moral das pessoas, pois seria uma forma hipócrita de tratar a realidade como ela é, mas sim tratar de uma análise de atitudes das pessoas mediante as questões vividas no seu cotidiano social e econômico, vejamos um relato de alguém que vende seu corpo:

Ap: todo mundo pensa que a vida de uma garota de programa e apenas glamou
Ap: no inicio também temos esse pensamento
Ap: uma garota que se dispoém a sair com pessoas em troca. de dinheiro Ap: pensando que iremos sair apenas com aqueles rapazes que tem carro ,grana e tem a beleza
Ap: mais a realidade é bastante diferente
Ap: nós se sujeitamos a sair com todo tipo de homens
🌏: Você conta os sofrimentos
🌏: O que passam?
Ap: de diferentes raças ,cores .e padroes diferentes
Ap: ja fomos para outro estado a procura de um ganho melhor
Ap: e la somos exploradas por cafetinas
Ap: passamos frio
Ap: se divertimos tambem as vezes
Ap: a grande maioria das vezes com clientes
Ap: que são bons
Ap: mais quando nos deparamos so
Ap: ai que vamos ver como somos excluidas da sociedade por termos essa profissão
Ap: ja teve dias que tivemos que tranzar dentro do carro de cliente porque ele não tinha grana para motel e apenas a grana do programa
Ap: tem tambem aqueles clientes que tem varios fetiches
Ap: tipo transar na praia
: transar com duas
Ap: ja sai com casal Ap: a mulher querendo ver o marido fuder outra
Ap: e o marido ver as duas se pegando Ap: tem aqueles clientes que só quer uma pessoa pra ouvir o que ele passa no dia a dia
Ap: tem cliente nojento
Ap: que são imundos
Ap: não tomam banho nao se lavam
🌏: Fala mais desses nojentos
Ap: e ainda exigem muito
Ap: esses cara nojentos são horriveis
Ap: querem que você urine neles
Ap: que você se esfregue fezes neles
Ap: gostam de beber nosso liquido íntimo
Ap: tem uns que tem desejos em lamber nossos pes
Ap: passam. horas só mandando a gente suja os pés pra eles limpar com a língua
🌏: Vocês são bem vistas pela a sociedade ?
Ap: quando a sociedade sabe que temos essa profissao não gostam da gente
Ap: não servimos pra arrumar um emprego em loja com vendedora
Ap: não servimos pra ser domesticas
Ap: por ciumes das esposa com o marido
Ap: agora na hora que a gente chega pra gastar nas lojas nossa !
Ap: eles fazem questão de atender a gente bem
Ap: por tudo que a gente compra e com dinheiro em espécie dinheiro vivo
Ap: não compramos nada fiado nem parcelado
Ap: ai pra isso eles não tem do que reclamar da nossa profissão
Ap: sabe que a gente gosta
Ap: de qualidade
Ap: porque compramos coisas boas
Ap: caras
Ap: que outra pessoa só consegue comprar se for no cartão parcelado
Ap: ai nessa hora nós somos tratada bem
🌏: Como você se sente perante a sociedade que te exclui?
🌏: Aliás pessoas?
Ap: as vezes dá vontade de chorar sozinha no quarto
Ap: mais logo em seguida temos que se arrumar pois o cliente não quer uma pessoa com cara deprimida
eques gostam da gente com cara de felicidade
Ap: que parece que somos a pessoa mais feliz do mundo
🌏: Tem umas pessoas que falam que vocês fazem porque gosta, se não arrumava um emprego digno entre aspas
Ap: eles gostam de desabafar com a gente mais nós jamais podemos dizer nosso sofrimento a eles
🌏: Como você fala a esse respeito?
Ap: sim muitos
Ap: varias pessoas falam você faz o que você gosta né transar e ainda ganha dinheiro
Ap: a gente não faz porque gosta
Ap: a gente faz por que se tornou rotineiro
Ap: ai se acostumamos
Ap: as vezes tamos sem intensão alguma de fazer programa
Ap: mais já é automatico
🌏: E não tem outra como sair ? Ap: quando uma pessoa chega pra falar com você sobre sexo
Ap: ou apenas um fica
Ap: você ja diz logo que cobra
Ap: que não sai com ninguem de graça
Ap: isso de tanto você fazer se torna automatico
🌏: Vocês não tem sentimentos ?
Ap: não
Ap: a gente não sente mais nada
Ap: apenas fazemos porque já se tornou automático
🌏: Como perde isso ?
Ap: sexo apenas troca carnal Ap: e você é recompensada pela grana
🌏: Não se apaixona por niguem ?
Ap: ao passar do tempo quando você começa a perceber que não tem sentimento em troca
Ap: que você só serve pra dar prazer
Ap: e não tem nada além disso
Ap: você não recebe um carinho
Ap: uma frase verdadeira de afeto
Ap: você é elogiada engrandecida
Ap: mais apenas naquele momento
Ap: do sexo
🌏: Depois desprezada
Ap: depois a pessoa se veste e vai embora
Ap: e você fica la sem nada apenas com o restigio do outro
Ap: você para pra pensar ai vc conssgue sentir o cheiro da pessoa
Ap: o modo que a pessoa transa
Ap: e ali fica gravado na sua mente Ap: pra quando a pessoa voltar a sair
Ap: você já sabe como tratar ela
Ap: o que fazer pra agradar
Ap: e a pessoa conseguir terminar mais rápido
Ap: e você se sentir livre novamente
Ap: já teve muitos que pediram para namorar, tentar sair de graça
Ap: e isso você vai aprendendo com o passar do tempo
🌏: Esses
Ap: que servimos apenas pra dar prazer ao outro
🌏: Porque não dar uma chance a Eles?
Ap: esses inventam tudo
[29/9 09:06] Ap: diz que ama você
Ap: que sair para passear
Ap: ir no cinema
Ap: mais a intenção dele e apenas lhe comer de graça
🌏: Você não acredita no amor ?
Ap: não
Ap: se todo dia saio com homens que juram amor
Ap: esposas
Ap: e eles mesmo assim sai com a gente
Ap: vejo o amor como uma forma de não esta sozinha perante a sociedade
Ap: mais não vejo como srntimento
Ap: de fidelidade
Ap: eles amam elas pra montar uma familia
Ap: pra ter alguém pra dizer que e seu
Ap: como um objeto
Ap: e não como um sentimento
Ap: o unico sentimento que existe e o desejo Ap: o que eu ainda não possui
Ap: quero possuir
Ap: e assim vai vivendo
Ap: atrás de ter o desejo
Ap: por outro corpo Ap: desejo de experimentar coisas diferentes
🌏: Muito bom
🌏: Você acredita que 99% das pessoas são condicionadas ao dinheiro sendo garota de programa ou não?
🌏: Ou seja
🌏: Somos de certa formar somos mercadorias
🌏: ?
Ap: sim
Observação( Ap é a pessoa entrevistada, 🌏 o entrevistador.

Por fim vale ressaltar mais uma vez que este texto não traz uma ideia própria, mas um conjunto de análises do espaço tanto individual como do coletivo de uma dada visão do ponto de vista do próprio ser humano em suas diferentes esferas de comunidades sejam elas tradicionais ou mais liberais. Vale ressaltar que grande parte de todos os seres humanos estão a cada dia perdendo sua existência, em outras palavras nos tornamos mercadorias nas prateleiras, somos objetos que estamos a venda, cada um tem seu valor agora cabe a mim saber se tenho o recurso ( o dinheiro) para comprar outrem. Os tempos de hoje nos levam a buscar novas vivências para se formarem novas conveniências.

Romi da Silva pereira geógrafo

Ruth Ribeiro
Psicoterapeuta

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Brasil

Desemprego no Brasil recua a 7,1% em maio, menor taxa para o mês desde 2014

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A taxa de desemprego no Brasil caiu para 7,1% no trimestre finalizado em maio de 2024, segundo dados publicados nesta sexta-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com o recuo, o percentual de desocupados com 14 anos ou mais no país é o menor para o período desde 2014 quando a taxa de desemprego também foi de 7,1%.

O nível de desemprego caiu em maio e figura no menor nível em dez anos. Segundo a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), a atual taxa de desocupação é inferior à apurada no trimestre encerrado em abril (7,5%). No mesmo período do ano passado, o patamar de desocupados totalizava 8,3%.

Na análise de todos os meses do ano, o desemprego atual é o menor desde janeiro de 2015. No trimestre encerrado naquele mês, 6,9% da população estava a procura por uma vaga de emprego. O período, no entanto, já marcava a ascensão da piora do mercado de trabalho no Brasil, com a taxa de desemprego alcançando 13,9% em março de 2017.

Total de pessoas em busca por uma colocação no mercado é a menor desde fevereiro de 2015. O cenário mostra que 7,78 milhões de pessoas não tinham trabalho e buscaram por uma ocupação entre os meses de março e maio. No mesmo período do ano passado, o total de desocupados correspondia a 8,95 milhões de brasileiros. Já no trimestre encerrado em abril deste ano, 8,21 milhões procuravam por emprego no país.

Movimentos acompanham os resultados do início deste ano. No primeiro trimestre, a taxa de desemprego no Brasil foi de 7,9%. Tal percentual corresponde também ao menor nível desde 2014. O recuo foi seguido pelo menor patamar de desocupação em 21 estados e no Distrito Federal. Em março, a taxa foi de 7,5%.

“O crescimento contínuo da população ocupada tem sido impulsionado pela expansão dos empregados, tanto no segmento formal como informal. Isso mostra que diversas atividades econômicas vêm registrando tendência de aumento de seus contingentes”, explicou Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE.

Fonte: UOL

           

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Brasil

Lula sanciona taxação de compras internacionais de até 50 dólares

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta quinta-feira (27) a lei que estabelece a taxação de compras internacionais de até US$ 50 (cerca de R$ 250), então isentas de imposto de importação. O novo texto inclui uma cobrança de 20% sobre o valor de compras dentro desse limite, muito comuns em sites internacionais como Shopee, AliExpress e Shein.

A taxação foi incluída no programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que cria incentivos para a fabricação de veículos menos poluentes. O texto foi aprovado na Câmara dos Deputados no último dia 11, por 380 votos contra 26, e a sanção ocorreu durante a 3ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão.

Originalmente apresentado pelo governo federal, o projeto Mover prevê R$ 19,3 bilhões em incentivos, durante cinco anos, e redução de impostos para pesquisas e desenvolvimento de tecnologias e produção de veículos que emitam menos gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento da terra e pelas mudanças climáticas.

Primeira infância

Durante a reunião, Lula assinou ainda decreto para instaurar uma política nacional integrada para a primeira infância. O texto tem como base propostas elaboradas por um grupo de trabalho e entregues ao governo federal no último dia 13, com estratégias integradas entre diferentes áreas da administração federal para a priorizar crianças de até 6 anos de idade – sobretudo as que estão em situações de vulnerabilidade.

Outros decretos

Também foi assinado decreto que trata de projetos tecnológicos de alto impacto. A iniciativa tem, dentre outros objetivos, ampliar a cooperação entre instituições cientificas e empresas, além de estimular projetos sustentáveis, impulsionar a produção industrial de alto valor agregável e estimular o desenvolvimento de polos tecnológicos.

O presidente assinou ainda mais um decreto que institui estratégia nacional da economia circular. A proposta do governo federal é promover a transição do atual modelo de produção linear para uma economia circular, que incentiva o uso eficiente de recursos naturais e de práticas sustentáveis ao longo da cadeia produtiva.

Fonte: Agência Brasil

 

 

           

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Brasil

Dia do Orgulho LGBTQIA+: país tem longa história de luta por direitos

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“Visibilidade” é a palavra-chave que atravessa a história de luta LGBTQIA+ no Brasil. Nem nos momentos mais violentos e autoritários, como a ditadura militar, houve silêncio, covardia, inércia. Nas tentativas de formar encontros nacionais entre 1959 e 1972; na criação do Grupo Somos e dos jornais Lampião da Esquina e ChanacomChana, em 1978; no levante de lésbicas do Ferro’s Bar em 1983 e na pressão de anos para retirar a homossexualidade do rol de doenças, concretizada em 1985, houve protagonismo, mobilização e luta.

Com esse histórico, chama a atenção que a principal data de celebração da população LGBTQIA+ no país seja o 28 de junho, que faz referência a uma revolta ocorrida em 1969 na cidade de Nova York. Na ocasião, frequentadores do Stonewall Inn, um dos bares gays populares de Manhattan, reagiram a uma operação policial violenta, prática habitual do período. A resistência virou um marco do movimento LGBTQIA+ por direitos nos Estados Unidos (EUA) e passou a ser comemorada em muitos outros países, incluindo o Brasil, como o Dia Internacional do Orgulho LGBT+.

Pesquisadores e ativistas ouvidos pela reportagem da Agência Brasil entendem que a revolta em Nova York virou um símbolo internacional muito mais pela força geopolítica e cultural dos Estados Unidos, do que pelo fato de ter sido o principal evento do tipo no mundo.

“As datas podem e devem ser celebradas. Mas nem tudo começa em Stonewall e nem tudo se resolveu lá. São muitos outros episódios que precisam ser lembrados para que a gente tenha uma memória mais coletiva, plural, democrática e diversa sobre as lutas da comunidade LGBTQIA+”, explica Renan Quinalha, professor de Direito da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente do Grupo Memória e Verdade LGBTQIA+, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). “A gente acaba tendo aí uma força do imperialismo norte-americano cultural. Isso invisibiliza alguns marcos domésticos, nacionais, que a gente precisa celebrar também como avanços, conquistas e referências de memória nessa construção política da comunidade”.

Para a historiadora Rita Colaço, ativista LGBTQIA+ e diretora diretora-presidente do Museu Bajubá. é preciso olhar menos para os EUA como referência e valorizar elementos próprios do movimento brasileiro.

20.06.2024. Sidrolândia (MS) - Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) realizou o primeiro Encontro LGBTQIA+ Indígena Guarani Kaiowá em evento piloto do Programa Bem Viver+.
Crédito: Gustavo Glória/MDHC
Sidrolândia (GO) – Primeiro Encontro LGBTQIA+ Indígena Guarani Kaiowá, em evento piloto do Programa Bem Viver+ – Foto Gustavo Glória/MDHC

“O mito de Stonewall vai sendo construído a posteriori. Se você pega a imprensa brasileira, faz uma pesquisa na hemeroteca da Biblioteca Nacional, não tem nada, não se fala disso. Até nos anos 70, no final dos 70, quando chega o Lampião, você não vê Stonewall com essa referência toda, com esse peso todo que ele vai adquirindo nos anos seguintes”, diz Rita. “Para ser fiel à história, não se pode dizer que Stonewall foi a primeira revolta, nem que deu início à luta pelos direitos LGBT. Isso é uma inverdade nos Estados Unidos e no mundo”.

“Então, a gente precisa se apropriar do nosso passado, do nosso patrimônio, dos nossos registros, dos nossos vestígios, dos nossos acervos, reverenciá-los, se orgulhar deles e lutar para que eles sejam salvaguardados, restaurados, preservados, para que as nossas datas, as datas das nossas lutas sejam rememoradas, sejam dadas a conhecer. É esse trabalho que eu, junto com vários outros pesquisadores pelo Brasil adentro, venho fazendo, procurando sensibilizar as pessoas para a importância da nossa história”, complementa Rita.

Stonewall brasileiro?

E se voltássemos nossa atenção exclusivamente para a história nacional? Seria possível identificar um marco de luta LGBTQIA+, um episódio principal que tenha impulsionado o movimento? Um “Stonewall brasileiro”?

“Não há uma revolta ou uma rebelião semelhante a Stonewall no Brasil. O que a gente pode falar é de acontecimentos marcantes, momentos específicos e isolados. Numa perspectiva em série, reconhecemos a importância de movimentos ou ações mais particulares e isolados. Nos Estados Unidos mesmo, Stonewall não surge da noite para o dia. Dez anos antes, em 1959, já havia ocorrido em Los Angeles um movimento que ficou conhecido como Revolta de Cooper Do-nuts”, analisa Luiz Morando, pesquisador de Belo Horizonte sobre a memória LGBTI+.

O raciocínio é o mesmo de Marco Aurélio Máximo Prado, professor e coordenador do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT+ (NUH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Para ele, faz mais sentido pensar na história a partir da noção de processo e não de um episódio isolado.

“Eu prefiro falar de acontecimentos, que seguem um movimento em rede, do que identificar ou outro marco de origem. Porque são milhares de protagonismos em diversos lugares e contextos”, defende Marco Aurélio. “É muito mais produtivo pensar em uma série, em um processo histórico, em que a gente possa observar que esse orgulho foi sendo construído, com as demandas e reivindicações, ao longo de um tempo. Nada brota espontaneamente de um momento para o outro. Há uma série que vai levar à geração de determinado procedimento, revolta ou rebelião, que detona daí em diante uma série de conquistas para determinada população”.

Mobilização nacional

Mesmo pensada a partir da ideia de processo histórico, a construção do movimento LGBTQIA+ brasileiro é fenômeno complexo, que envolve um conjunto grande de acontecimentos e realizações. Alguns se destacam pela repercussão e capacidade de inspirar outros grupos.

“O processo de construção da consciência política, do segmento que a gente chamava há pouco tempo de ‘homossexualidades’, e agora cada vez aumenta mais o número de letras, é muito antigo. Esse movimento de construção da identidade e da necessidade de se organizar remonta ao final dos anos 1950. Depois, vai se consolidando com a imprensa alternativa, que eram aqueles boletins manuscritos. Os grupos se organizavam em torno de festas, brincadeiras, e a partir desses boletins eles foram refletindo sobre sua condição, divulgando textos de livros, peças teatrais, filmes, acontecimentos no exterior, a luta na Suécia, a luta na Inglaterra contra a criminalização da homossexualidade. Então, essas notícias, eles replicavam para os grupos por meio desses boletins”, diz a historiadora Rita Colaço.

O pesquisador Luiz Morando destaca as tentativas de organização de encontros nacionais de homossexuais e travestis entre 1959 e 1972. As principais ocorreram em Belo Horizonte, Niterói, Petrópolis, João Pessoa, Caruaru e Fortaleza.

“Os organizadores daquelas tentativas de encontros, de congressos, eram surpreendidos e presos pela polícia para serem fichados e impedidos de continuar os eventos. Dá muito mais orgulho pensar nesse processo histórico e na formação de uma consciência política ao longo do tempo”, diz Luiz Morando.

Eventos que reuniram mais de uma bandeira de luta dos grupos marginalizados também foram importantes pela capacidade de diálogo e transversalidade.

Rio de Janeiro (RJ) 27/06/2024 -  Orgulho LGBT
Foto: Acervo Grupo Arco-Íris/Divulgação
Rio de Jaeiro – Parada do Orgulho LGBT – Foto Acervo Grupo Arco-Íris/Divulgação

“Tivemos um episódio fundamental, que considero o primeiro de mobilização convocada e feita pela população de maneira mais consciente e politizada, que é o 13 de junho de 1980. Ficou conhecido como Dia de Prazer e Luta Homossexual, uma manifestação contra a violência policial. Esse episódio aconteceu em São Paulo, no Teatro Municipal, e reuniu várias entidades do movimento LGBT+ e outros movimentos, como o negro, feminista e de prostitutas. Eles denunciavam a violência do delegado José Wilson Richetti, que fazia operações policiais de repressão no centro da cidade. Por noite, em um fim de semana, entre 300 e 500 pessoas chegavam a ser presas arbitrariamente”, diz o professor Renan Quinalha.

Luta trans

Em 2004, a ativista, ex-presidenta e atual secretária da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), Keila Simpson, desembarcava em Brasília para participar do que viria a ser um dos momentos mais icônicos da luta das pessoas trans: o lançamento da campanha Travesti e Respeito, promovida pelo Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde. A ação foi lançada no Congresso Nacional e acabou por marcar o Dia da Visibilidade de Transexuais e Travestis, em 29 de janeiro.

Um grupo de homens e mulheres trans reuniu-se na capital antes mesmo do lançamento. Keila conta que eles participaram de oficinas de maquiagem, de vestuário, de noções de direitos humanos e de fotografia. Depois, foram produzidos os cartazes oficiais da campanha. Entre os dizeres estava: “Travesti e respeito. Já está na hora de os dois serem vistos juntos. Em casa. Na boate. Na escola. No trabalho. Na vida”.

“A gente fez o lançamento no Congresso Nacional, mas a campanha não foi recebida muito bem pela sociedade. O que prova que o estigma era grande e ainda está presente”, diz Keila. “O nosso objetivo era dialogar com a sociedade, mostrar que travestis também deveriam e poderiam ter direito ao respeito”.

Ainda nos dias de hoje, 20 anos depois, a população trans continua sendo a maior vítima de violência entre os grupos que formam a comunidade LGBTI+. Segundo o Dossiê de LGBTIfobia Letal, do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+ no Brasil, em 2023 ocorreram 230 mortes LGBTI+ de forma violenta no país. Entre as vítimas, 142, o equivalente a 62%, eram travestis e mulheres trans.

“Em um país violento como o Brasil, é preciso que a gente demarque datas. Em toda a história da humanidade, se rememora a luta travada por pessoas que estavam em processo de exclusão e que reivindicavam direitos de participação”, reflete Keila. “Mas a gente precisa compreender também que não é necessário falar desse problema somente nessas datas, mas em todos os momentos. Que elas sejam um marco de luta, mas que continuemos escrevendo ou reescrevendo a história de uma forma muito mais tranquila”.

Primeiras marchas e paradas

A partir dos anos 1990, as “marchas” ou “paradas” passaram a ser manifestações públicas importantes de demonstração do orgulho LGBTQIA+ e de reivindicação de direitos. As primeiras tentativas começaram ainda na década de 1980, por não conseguirem reunir número significativo de pessoas.

No Rio de Janeiro, para que o evento pudesse ter apelo maior nas ruas, foi essencial o trabalho do Grupo Arco Íris, fundado em 1993. Líderes da organização, entre eles o ativista Cláudio Nascimento, persistiram na missão de fortalecer o movimento e mobilizar número maior de pessoas.

“A gente entendia que precisava construir outros referenciais para suplantar a ideia de sermos só um movimento defensivo, de reclamar a vitimização da violência. Deveria se colocar também no lugar de protagonista, de sujeitos históricos para a construção das nossas lutas e reivindicações”, diz Cláudio. “Conversamos com outros grupos, mostrando que era importante primeiro produzir algumas atividades dentro dos próprios movimentos para as pessoas criarem algum nível também de segurança individual, de fortalecimento da própria sexualidade, para ter essa capacidade de se colocar em público, se colocar no mundo”.

Em 1995, Cláudio coordenou, no Rio de Janeiro, a Conferência Mundial de Gays, Lésbicas e Travestis, que era a Conferência Mundial da ILGA – International Lesbian and Gay Association, a entidade da época mais importante internacionalmente. Foi uma oportunidade de aproveitar o público presente no encontro para organizar a primeira Parada do Orgulho LGBT em 22 de junho de 1995. Os organizadores estimam o número total de participantes em 3 mil.

“É muito importante que a comunidade reconheça, valorize a nossa memória, a nossa história, porque são passos que foram construídos ao longo do tempo por muitas mãos e que não tem apenas um artífice. São várias pessoas produzindo essa aventura, essa luta, nessa trajetória que o movimento construiu até agora. A nossa luta é coletiva. Nunca será individual”, diz Cláudio.

Novos desafios

Se efemérides são importantes para celebrar e relembrar conquistas sociopolíticas, também se tornam momentos de reflexão sobre as próximas etapas de luta. Por mais que se tenha avançado na ampliação de direitos e respeito à diversidade de gênero e de sexo no país, ainda há uma série de desafios pela frente. Para os pesquisadores e ativistas, o avanço dos grupos conservadores e do fundamentalismo religiosos são hoje as principais fonte de ameaças aos direitos já conquistados.

“Temos visto lutas no Judiciário para garantir o reconhecimento dos nossos direitos. É uma batalha complicada, porque hoje percebemos que estamos com os próprios valores civilizatórios ameaçados. Estamos em um momento da história muito perigosa, porque não é só o direito desse ou daquele segmento que está sendo ameaçado, é a própria estrutura da República, da democracia, os valores éticos, os valores civilizatórios mesmo. Tudo está sendo posto em xeque por esse avanço fundamentalista”, diz a historiadora Rita Colaço.

Rio de Janeiro (RJ) 27/06/2024 -  Orgulho LGBT - Concursos Miss - Miss Travesti Minas Gerais 1966
Foto: Antônio Cocenza/Museu Bajubá/Divulgação
Rio de Janeiro –  Concurso Miss Travesti Minas Gerais 1966 – Foto Antônio Cocenza/Museu Bajubá/Divulgação

“A história dos direitos LGBT+ no Brasil não pode ser olhada como uma linha reta de desenvolvimento e progresso. Muito pelo contrário, ela é de contradições, paradoxos, luta com ganhos e perdas. E, neste momento de enorme ofensiva contra os direitos LGBT+ e contra a diversidade de gênero, sem dúvida teremos que nos reinventar em novas lutas políticas no campo dos direitos”, avalia o professor da UFMG, Marco Aurélio.

 

 

Fonte: Agência Brasil

 

           

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