Endocrinologista e nutrólogo aponta formas diretas e indiretas de ingestão de substâncias tóxicas com altos riscos à saúde
Campeão mundial do uso de agrotóxicos, o Brasil vai na contramão do mundo, que reduz progressivamente o uso de substâncias tóxicas nos alimentos e no meio ambiente. O alerta foi feito pelo endocrinologista e nutrólogo Leonardo Higashi em palestra na Vila Verde Catuaí, feira de produtos naturais e orgânicos realizada nas noites de quarta-feira no Shopping.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) divulgou recentemente um alerta em que mostra os riscos a que os brasileiros estão expostos. Em média, cada cidadão “consome” 5,2 kg de agrotóxicos por ano.
Existem inúmeras substâncias nocivas à saúde no meio ambiente, como os agrotóxicos, produtos de plásticos, conservantes, solventes industriais, metais pesados, produtos de combustão e outros. A contaminação se dá de inúmeras formas, segundo o especialista londrinense. Tanto pela ingestão de produtos presentes nos alimentos, na água, no ar que respiramos, e pela pele ou mesmo pelo uso diário de produtos com poder de toxidade, e que utilizamos sem nos dar conta.
“São, por exemplo, os recipientes plásticos em que resfriamos e aquecemos a comida, repletos de BPA (Bisfenol A) e ftalatos, que se desprendem e contaminam o alimento. A recomendação é substituir esse tipo de utensílio por vidro”. O médico explica: “Os elementos tóxicos ligam-se a receptores hormonais em nosso corpo, modificando o metabolismo e desencadeando doenças para as quais estamos predispostos”.
“Podemos dizer que cada organismo tem naturalmente predisposição genética para algumas patologias. As toxinas ‘jogam lenha na fogueira’, compara o médico. São pesticidas, herbicidas, fungicidas, solventes industriais e uma enormidade de substâncias presentes no dia a dia das pessoas. Câncer, obesidade, doenças cardiovasculares, autoimunes, infertilidade, diabetes e tantas patologias são desencadeadas pelo uso constante de elementos tóxicos, alertou.
Nem sempre é possível ter consciência do risco presente em nossa rotina, como usar excessivamente desodorantes com alumínio ou repelentes, cremes com parabenos, amálgama nos tratamentos odontológicos, cosméticos e tantas outras substâncias. “Em geral as pessoas sabem que não é saudável ingerir alimentos enlatados, por exemplo. Mas desconhecem os perigos que estão também em outros itens do seu dia a dia”.
Até mesmo o arroz, base da dieta da maioria dos brasileiros, pode implicar riscos. Higashi afirmou que pesquisas mostram a presença de arsênio nesse alimento, um metal pesado que não é eliminado no processo de preparo”.
O médico ainda alertou para a exposição a que os bebês estão sujeitos ainda na barriga da mãe. “Vemos crianças nascendo com uma programação de risco por conta da contaminação das mães, transferida a elas durante a gestação. As mulheres que planejam engravidar devem adotar práticas saudáveis com antecedência para resguardarem a saúde dos filhos”, indicou.
O que se recomenda, disse o especialista, é o uso racional dos alimentos porque as substâncias tóxicas são nocivas com a exposição crônica, o uso cumulativo. É importante a adoção de hábitos que ‘trabalhem’ a favor do organismo, como ingestão de alimentos orgânicos, especialmente crucíferas (couve-flor, espinafre, brócolis, nabo, rúcula, agrião e outros), alho, chá verde, além da prática de exercícios regulares. “São alternativas para a redução dos impactos das toxinas no organismo”.
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