Ao derrotar o PT pela segunda vez, desta feita sua maior referência história e eleitoral, o ex-prefeito João Paulo, o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, se transforma na maior liderança do PSB no Estado. Escreveu, com a tinta dos seus próprios méritos, a façanha da reeleição sem a sombra daquele que apadrinhou sua eleição em 2012. Arquivou a imagem de poste. Se era apagado, como diziam seus adversários, mostrou que sempre brilhou.
O grande desafio de Geraldo era a reeleição por um ingrediente que estava acima do fato de Eduardo Campos não se encontrar mais entre os seus para ajudá-lo: o desempenho do governador Paulo Câmara, o segundo poste nascido das urnas de 2014, desta feita pela comoção que a morte do ex-governador provocou, sepultando as chances do então favorito Armando Monteiro (PTB).
Sem uma gestão bem aprovada, Câmara era visto como um entrave à reeleição de Geraldo. Mas o eleitorado recifense soube separar o joio do trigo. Quando um gestor é reeleito, seja presidente, governador ou prefeito, o julgamento do eleitorado se dá em cima do conjunto da sua obra. Foi o que ocorreu com o prefeito do Recife, que pecou no marketing e na mídia. Fez um bom governo, mas poucos sabiam o que havia tirado do papel.
Com a chamada propaganda eleitoral, mais na TV por causa das imagens do que no rádio, Geraldo exibiu um volume de realizações que o recifense desconhecia, especialmente pelo pecado da mídia quase que inexistente nos últimos quatro anos. Seu Governo, que tinha 47% de aprovação em média, passou a ser aprovado por 65% dos recifenses. Por pouco, não liquidou a fatura no primeiro turno.
Geraldo deu o tom da sua campanha, não só na política, mas, principalmente, na agressiva estratégia de comunicação. O condutor foi ele, todas as articulações passavam por ele, como deve fazer todo líder político que tem voz ativa. Firmou-se e consolidou a imagem de bom gestor. O “foi Geraldo que fez”, mote criado por Eduardo Campos para tentar elegê-lo em 2012, de fato, em quatro anos, fez mais do que se tinha conhecimento.
Tanto que, ao adotar a estratégia de comparação no campo administrativo, João Paulo levou uma tremenda desvantagem. Geraldo comprovou, com obras e números, que fez muito mais do que o PT em 12 anos. Derrotado neste campo, João tentou descontruir Geraldo na seara política. Nem mesmo a agressiva campanha na TV, tentando associá-lo ao escândalo da Lava Jato e até da compra do avião que Eduardo usou na campanha presidencial, tirou pontos. Pelo contrário, aumentou o distanciamento nas pesquisas.
Com a sua reeleição, Geraldo pode ter dado, por fim, uma forte contribuição para banir o PT do mapa eleitoral do Estado. Derrotado pela terceira vez seguida – perdeu com Humberto, tendo sido seu vice em 2012, para o Senado em 2014, quando disputou na chapa de Armando, e agora quando testou o seu próprio poderio como ex-prefeito – João Paulo terá muitas dificuldades para sobreviver, politicamente.
Quanto ao seu partido, o divã o espera. Foi riscado do mapa administrativo de todas as capitais brasileiras, com exceção da pequena Rio Branco, no Acre. Frustrado, deprimido e derrotado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a maior liderança petista no papel, ainda fez a escrita do papelão de não exercer a sua cidadania, recusando-se a votar em sua São Bernardo.
(Do Blog do Magno)