Marcione da Silva, primerira comandante de Guarda Municipal em Pernambuco (Foto: Divulgação)
Inspetora Marcione da Silva lidera 390 servidores, sendo 312 homens.
Aos 49 anos, assumiu a função há 15 dias e pretende valorizar mulheres.
Um toque feminino desponta na Guarda Civil de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. A inspetora Marcione da Silva, 49 anos, tornou-se a primeira mulher a liderar as operações da corporação da cidade, uma das mais importantes de Pernambuco. Também é a pioneira no comando de guardas municipais do estado.
À frente de 390 servidores, sendo 312 homens, ela coordena pessoal, determina escalas de serviço e fiscaliza os procedimentos administrativos. Há 15 dias, também comanda o patrulhamento de proteção aos monumentos e patrimônio público, bem como o de trânsito.
“Estamos nas ruas direto. Enfrentamos os problemas com a depredação do patrimônio e temos um trabalho importante nas escolas. Além disso, Jaboatão é muito grande para nosso efetivo. Precisaríamos de, pelo menos, mil guardas para atuar em todas as frentes, já que também assumimos o controle urbano em feiras livres e no comércio”, declarou.
Sem se importar com preconceito ou qualquer tipo de discriminação de gênero, mesmo ocupando um cargo que sempre foi ocupado por homens, ela tem um objetivo em especial: reforçar a atenção à Patrulha Municipal Maria da Penha. O grupo, criado há três meses, atua em ações de combate aos crimes contra a mulher, sobretudo, de violência doméstica.
É uma homenagem a mulher que inspirou a Lei Maria da Penha, que tornou mais rigorosas as punições para os agressores domésticos. A cearense Maria da Penha Fernandes virou símbolo dessa luta.
Marcione da Silva, primerira comandante de Guarda Municipal em Pernambuco (Foto: Divulgação)
Marcione se orgulha de desempenhar esse papel de proteção. “Infelizmente, ainda temos muitas delas sofrendo com a violência cometida por aqueles que elas escolheram para dividir os seus dias. Como mulher, posso dizer que é gratificante poder contribuir para mudança desse cenário”, afirmou.
Para ela, os próximos passos são vitais para esse projeto. “Temos que finalizar o processo de credenciamento da guarda para poder portar armas e implantar definitivamente o botão do pânico para facilitar a o cumprimento das garantias às mulheres vítimas de violência. Ao ser acionado pela mulher em situação de vulnerabilizdade, ele permite a chegada das medidas protetivas o mais rápido possível”, comentou.
Marcione Maria da Silva nasceu em Panelas, no Agreste de Pernambuco. Desde os 4 anos, vive em Jaboatão. Oitava entre 11 irmãos, ressalta a importância da família para o desenvolvimento na profissão, escolhida há 25 anos. “Minha família é meu norte”, define a inspetora, solteira e sem filhos. “Minha vida é dedicada à guarda. Vinte e quatro horas por dia respiro o meu trabalho”, acrescenta.
Mesmo sob forte pressão, Marcione se mostra agradecida ao poder públiuco de Jaboatão pela escolha. “A atual gestão valoriza a mulher e nós vamos colocar mais inspetoras e guardas em cargos-chave”, afirmou.
Marcione diz que um de seus desejos futuros é poder ver a mulher sendo ainda mais respeitada, como de fato ela merece ser. “Como mulher, desejo um dia ver todas sendo respeitadas como devemos ser. Não por ser um sexo frágil, por ser considera inferior por alguém. Mas, por ser mulher, cidadã que cumpre seus deveres e respeita os direitos”, comentou.
Para a secretária-executiva de Segurança Cidadã do Jaboatão, Karla Vieira, o comando feminino de Marcione faz toda diferença. Segundo ela, está sendo possível ocupar espaços que antes eram caracterizados como lugares, restritamente, masculinos. Karla faz questão de ressaltar o respeito da tropa pela nova comandante.
(Por Ricardo Novelino/Do G1 PE)