Delcídio afirmou em sua colaboração que o petista, por meio da família do pecuarista José Carlos Bumlai, agiu para tentar evitar a delação de Cerveró.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou, em seu terceiro depoimento na Lava Jato, aos investigadores, que tenha participado de uma trama para interferir na delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró ou que tenha uma relação próxima com o senador Delcídio do Amaral (PT-MS).
Segundo a Folha de S. Paulo, Lula descartou ter tentado atrapalhar as investigações da Lava Jato como afirmou o congressista. Delcídio afirmou em sua colaboração que o petista, por meio da família do pecuarista José Carlos Bumlai, agiu para tentar evitar a delação de Cerveró.
O parlamentar disse ainda que o ex-presidente selou a indicação de Cerveró para a Diretoria internacional da Petrobras, como recompensa aos serviços prestados ao PT, depois de dar um empréstimo de R$ 12 milhões ao pecuarista José Carlos Bumlai que foi usado para quitar uma dívida do partido, sendo que a Schahin obteve contratos na estatal.
Por uma hora e meia de fala, Lula buscou se distanciar de Delcídio e declarou que não participou da indicação do senador para a liderança do governo.
O ex-presidente negou, novamente, interferência nas diretorias da Petrobras, reforçando que há uma discussão política, com partidos e liderança da legenda, passando por triagem na Casa Civil e no GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
Tal versão contraria a delação de Delcídio, na qual afirmou que o ex-presidente teria influência nas decisões relativas às diretorias das grandes empresas estatais, especialmente a Petrobras.
O depoimento de Lula foi prestado a três procuradores, na quinta-feira (7), na Procuradoria-Geral de República, acompanhado por três advogados. A fala foi autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki, relator da Lava Jato. Lula pediu o adiamento, mas o STF recusou.
De acordo com interlocutores, Teori tem dito que recomendou um depoimento reservado, agindo com a cautela que é exigida de um magistrado.
Em relação ao ex-presidente, procuradores lembram que, além de Delcídio, outros delatores indicaram que podem fazer menções a Lula. Há expectativa, por exemplo, que o ex-deputado Pedro Correa (PP-PE), que também acordou colaboração premiada, fale do petista.