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Executivo prestou depoimento ao juiz Sergio Moro nesta quarta-feira
O ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht voltou a prestar depoimento ao juiz Sergio Moro nesta quarta-feira (11), fez acusações contra o ex-presidente Lula e cobrou um ex-subordinado que se recusa a confirmar sua versão em uma das ações da Lava Jato.
A audiência ocorreu dentro do processo em que Lula é acusado de receber propina da Odebrecht por meio da compra de um terreno para o Instituto Lula, em São Paulo.
A ação penal já se encaminhava para a fase final, mas Marcelo apresentou novas provas no processo neste ano, após passar para o regime domiciliar no fim de 2017. Ele anexou e-mails da época da negociação do terreno que não tinham sido incluídos em sua delação, homologada no início do ano passado.
Com isso, a defesa de Lula refez questionamentos ao empreiteiro.
Na audiência, Marcelo Odebrecht criticou o executivo Paulo Melo, também delator e apontado por ele como um dos responsáveis pela negociação para a compra do instituto.
Enquanto o ex-presidente da construtora diz que Melo atuou também providenciando pagamentos ilícitos, o executivo vem dizendo que não participou de lavagem de dinheiro e que entendia que a compra do terreno era legal.
“Acho que Paulo tem que assumir a responsabilidade dele, até para não cair nas costas de outras pessoas que podem ser imputadas de coisas que não fizeram.”
O depoimento durou cerca de uma hora e meia. Na maior parte do tempo, o Ministério Público leu as mensagens anexadas e pediu ao empreiteiro para detalhá-las.
Ele contou que recebeu 600 mil documentos de seu antigo computador, que tinham sido recuperados pela PF. O empreiteiro falou que passou até três semanas apenas descartando arquivos sem relação com o assunto da delação. A seguir, selecionou os de interesse da Justiça.
Ao ser questionado pela defesa de Lula na audiência sobre essa seleção, falou: “Quanto mais eu vou [rever arquivos], mais complica a vida dele.”
Em uma das mensagens, disse que orientou o ex-executivo Alexandrino Alencar a falar com o então chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, para evitar que a negociação se tornasse pública.
DISCUSSÃO COM MORO
Menos de uma semana após a prisão de Lula, Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente, voltou a discutir de maneira áspera com Moro.
Logo no início da sessão, Zanin interrompeu Moro e disse que a defesa está sendo cerceada por não ter tido acesso à íntegra do arquivos do computador de Marcelo Odebrecht. A decisão do advogado foi, então, de não fazer perguntas ao delator.
“Eu acho que é um pouco brincadeira da defesa”, disse Moro.
Mais tarde, Zanin falou: “Vossa Excelência tem sempre gentis palavras para dirigir à defesa”.
Ao fim do depoimento, Moro listou perguntas que Zanin havia formulado anteriormente a Odebrecht e disse que nenhuma delas dependeria do acesso aos arquivos para ser respondida.
A prisão de Lula não foi mencionada no depoimento.
Por Folhapress.
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