“Em alguns casos, o sangramento é intermitente: há uma pequena perda de sangue, seguida de melhora, mas pode voltar a ocorrer. Às vezes, o sangramento se intensifica de forma abrupta, expandindo-se rapidamente, e o cérebro não consegue se adaptar, o que gera os sintomas. Foi o que aconteceu neste caso”, afirmou o neurocirurgião Marcos Stavale.
Essas complicações, segundo Tuma, são mais frequentes em pessoas de idade avançada. “Muitas vezes, a pessoa nem se lembra de ter sofrido uma queda, e o hematoma pode surgir semanas ou até meses depois”, afirmou.
Conforme especialistas, isso acontece porque, com o envelhecimento, os vasos sanguíneos tornam-se mais frágeis. Além disso, o volume cerebral diminui, ocasionando maior espaço dentro do crânio e permitindo um deslocamento do cérebro em virtude do trauma.
“O presidente teve um mal-estar, nós entramos em contato e foi indicada a realização de alguns exames de rotina. Passou por uma tomografia, que constatou um novo sangramento na região do cérebro. Ele fez uma ressonância magnética que comprovou o sangramento e a equipe médica optou pelo procedimento cirúrgico”, completou Kalil. “Se tudo correr bem, a previsão é que o presidente estará de volta a Brasília na próxima semana.”
Novas hemorragias em Lula descartadas
A equipe do Sírio-Libanês não descartou a possibilidade de novas hemorragias, mas afirmou que isso é pouco provável, já que o hematoma foi completamente drenado.
“A prontidão do procedimento ocorreu devido à compressão causada pelo sangue. Por não estar diretamente no cérebro, não há risco de sequelas e o sangramento foi totalmente drenado na cirurgia, o que reduz as chances de novos sangramentos”, afirmou Tuma.
Em relação à recuperação, a equipe médica ressaltou que a cirurgia foi pouco invasiva e a cicatrização deve ocorrer de forma espontânea.
Intercorrências médicas recentes de Lula
No último dia 19 de outubro, Lula caiu em um banheiro da residência oficial da Presidência e bateu a região da nuca. Ele levou cinco pontos e realizou exames de imagem, que foram repetidos.
O presidente chegou a cancelar viagens longas pelas semanas seguintes, incluindo o embarque para a Rússia, onde participaria da reunião de cúpula do Brics.
Há pouco mais de um ano, em setembro de 2023, o presidente fez uma artroplastia total do quadril direito – uma cirurgia para substituir, por uma prótese, a cartilagem desgastada naquela região do corpo.
O procedimento envolveu a substituição da cabeça do fêmur, desgastada pelo atrito causado pela perda de cartilagem, comum em pessoas de sua idade. Dois meses antes, ele havia feito uma infiltração para aliviar as dores. A cirurgia é considerada de baixo risco, mas complexa.
Em março do ano passado, o petista também cancelou uma viagem internacional devido a problemas de saúde. Na ocasião, ele foi diagnosticado com pneumonia leve e adiou sua visita à China, que ocorreu meses depois.
Em setembro do ano passado, Lula passou por uma cirurgia de artroplastia total de quadril no Hospital Sírio-Libanês, em Brasília, para tratar uma artrose no fêmur direito.
Em 2011, poucos meses após deixar a Presidência, Lula foi diagnosticado com um tumor de três centímetros na garganta. Ele passou por mais de 30 sessões de quimioterapia, que eliminaram o câncer.
Os presidentes do Senado e da Câmara se solidarizaram ontem com o chefe do Executivo federal. Pacheco afirmou que o presidente estava “abatido” durante a reunião no Palácio do Planalto.
Pacheco falou sobre condição de Lula
O presidente do Senado iniciou a sessão no plenário de terça tratando do tema. “Gostaria de fazer um registro em nome da presidência do Senado Federal de solidariedade e votos de plena recuperação ao senhor presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que se submeteu a uma cirurgia na data de ontem e se encontra internado no hospital Sírio Libanês em São Paulo”, disse.
“Muitas pessoas me perguntaram sobre como estava o presidente na nossa reunião de ontem, às 17 horas, no Palácio do Planalto”, continuou Pacheco.
“Devo dizer que, naturalmente, abatido, em função do estado de saúde, mas me recebeu no seu gabinete e se despediu de mim no seu gabinete com um sorriso no rosto, o que é um indicativo de que, certamente, o presidente Lula, em breve, estará retomando as suas atividades.”
O presidente da Câmara dos Deputados lamentou a ocorrência médica do presidente e disse acreditar na continuidade das articulações políticas que seguem conduzidas pelos ministros do governo.
“O presidente Lula já não estava se sentindo bem, nós ficamos preocupados, ele estava com dores de cabeça. Pedimos e rezamos para que ele se restabeleça logo, mas eu acho que os ministros estão conduzindo o processo”, disse Lira ao ser questionado se a situação do petista não prejudicaria a articulação feita com a Câmara para a tramitação de propostas do governo.
“Acho que isso vai ter um tipo de solução na continuidade, porque o presidente está conseguindo, está se comunicando, está falando, não tem nenhum problema”, afirmou o presidente da Câmara.
Alckmin à frente das agendas presidenciais
Com a ausência de Lula, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, assumiu as agendas com o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, ontem. Alckmin precisou retornar de São Paulo para Brasília para acompanhar a recepção do primeiro-ministro.
Fonte: Estadão Conteúdo
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