Opinião.
As autoridades responsáveis pela construção e financiamento (Banco do Brasil) de um novo aeroporto precisam estar cientes que a indústria aérea regional brasileira passou por um processo rápido de mudança e adequação. Por motivos econômicos, de produção e principalmente por crescimento do tráfego de passageiros nas cidades pequenas e médias, as empresas regionais já substituíram suas aeronaves de 48 lugares por modelos maiores e de maior eficiência operacional. O turboélice de 70 lugares de capacidade mostrou-se ideal para o tráfego gerado hoje por muitas cidades brasileiras. As aeronaves de 48 lugares foram rapidamente substituídas pelo modelo maior que apresenta vantagens e novidades tecnológicas favoráveis as empresas e aos passageiros ao incorporarem poltronas mais ergométricas, maior cabine, redutores de ruído eletrônicos e maior velocidade, consequentemente menor tempo de voo e maior conforto.
Os três maiores fabricantes de aeronaves regionais, tanto de turboélices quanto de jatos, tem planos ambiciosos para o mercado mundial de aeronaves regionais e para as cidades médias.
Dentro de perspectivas de crescimento desse mercado, esses fabricantes já estão desenvolvendo os primeiros protótipos para a segunda geração de jatos e turboélices regionais.
O atual turboélice de 70 lugares já tem uma versão para 86 lugares. A primeira aeronave já foi entregue no final de 2014, a um cliente da Ásia. Acredita-se que o fabricante concorrente irá lançar a versão para 90 lugares imediatamente.
Os jatos regionais acomodam entre 76 passageiros a 118 passageiros, dependendo do modelo. Em 2017 aterrissa a segunda geração de jatos regionais no mercado mundial e Brasileiro. O modelo novo deve acomodar 130 passageiros ou 145 ou até 160 passageiros em configuração de alta densidade. O outro fabricante propõe 132 passageiros e uma versão de alta configuração para 144 lugares.
Pelo exposto acima fica fácil perceber que tanto o turboélice quanto o jato irão crescer e ficar mais pesados. Talvez seja um erro projetar os aeroportos regionais do Estado sem levar em consideração as aeronaves mais pesadas e maiores que estão para chegar!
Acredito que a resistência MÍNIMA do piso asfáltico deve ser para 29t, quando se pretende receber turboélices, e Mínimo de 60t para os jatos regionais. Exemplo: propostas de 23t para algumas cidades e pistas menores que1.700m de comprimento podem ser um erro estratégico e replicado em muitos municípios do Estado.
PISTAS MOLHADAS, MENORES QUE 1.500 metros, NÃO ATENDEM o NÍVEL DE SEGURANÇADESEJÁVEL PELOS EMPRESÁRIOS DE AVIAÇÃO !!! Porque? Porque uma aeronave de 70 lugares necessita de 1.367 m para decolar com pista seca com uma temperatura ambiente de 15C, conforme manual do fabricante. Não confundir distância de decolagem com distância de corrida sobre a pista. São análises diferentes e a distância de corrida sobre a pista é bem menor do que a necessária a uma decolagem dentro dos padrões de segurança internacional. No Brasil a temperatura média é de 26C. Ou seja, (1.500m-1.367m) resta apenas 133m de pista para todas as eventualidades. Estando a pista molhada e temperaturas acima de 26C, 1.500m pode torna-se critico.
Aeroporto Regional é também todo aquele aeroporto que já nasce operando voos por instrumento nas aproximações, pousos e decolagens baseados em informações GPS (RNav). Nenhum aeródromo pode receber o nome de “aeroporto” em pleno século 21, se não operar por instrumento. O GPS substitui com maior segurança e sem custos os antigos equipamentos afixados ao solo. O GPS é livre, grátis, sem ônus nem taxas.
Não podemos construir pistas e aeroportos regionais para o hoje. O hoje já é passado! A Pista Mínima:
Turboélice = 1.700m x 30m + 29t + GPS
Jato Regional = 2.200m x 45m + 60t + GPS
Por Claudio Louzada – Consultor para o Modal Aéreo e Administrador de Aeroportos Regionais. Ex-comandante da RioSul e Varig.
louzada.cl@gmail.com (11) 99173-7284 – Vivo – Whatsapp – Facetime