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Médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais, farmacêuticos, trabalhadores da enfermagem e tantos outros profissionais seguem com o papel de soldados do cuidado cara a cara com um agente infeccioso invisível: o novo coronavírus. Cada vez mais expostos no front, eles abraçam a missão do cuidado diariamente e, ao mesmo tempo, estão em sacrifício da própria vida. Em Pernambuco, a escalada do adoecimento desses trabalhadores, representada em números, revela o quanto eles estão em risco. Já são, no Estado, 6.201 profissionais de saúde infectados – 50% deles (ou 3.086, em números absolutos) com confirmações de testes laboratoriais divulgadas da segunda-feira (18) a este sábado (23).
Quando apresentam sintomas, eles saem do front por, pelo menos, 14 dias. Só na quinta-feira (21), na capital pernambucana, 489 trabalhadores estavam afastados dos postos de saúde, emergências, enfermarias e unidades de terapia intensiva (UTI) por apresentar sintomas da doença. “Entre eles, estão 88 médicos, 164 técnicos e auxiliares de enfermagem e 100 enfermeiros. Temos um desafio imenso na recomposição das escalas de toda a rede de saúde. Procuramos vencer essa barreira com mobilização e deslocamento de especialistas de ambulatórios (não covid-19), além das contratações que estão sendo feitas para minimizar efeitos do adoecimento de profissionais”, disse o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, em coletiva de imprensa transmitida pela internet.
A subida das confirmações de covid-19 nesses trabalhadores e, consequentemente, o déficit nas escalas de plantões vêm num momento em que a pandemia mais exige deles. Com a aceleração da curva epidêmica no Estado, os profissionais de saúde se tornam mais do que necessários para salvar milhares de vidas todos os dias. O desfalque nas escalas se soma à pressão que a covid-19 faz na assistência hospitalar.
As taxas de ocupação dos leitos de UTI e de enfermaria permanecem em zona de criticidade. Na rede estadual, das 604 vagas de terapia intensiva para pacientes com suspeita e diagnóstico da doença, 98% estavam ocupadas até ontem. Na capital, 85% dos 125 leitos de UTI estão com pacientes.
Eles precisam não apenas de um ambiente adequado com respiradores, mas principalmente necessitam das equipes de saúde para garantir a sobrevida. “Vejo o adoecimento desses profissionais com muita preocupação. Quando falamos sobre o número dos que estão infectados, não é para impressionar; é porque infelizmente é a realidade. Há muitos que estão afastados das UTIs e emergências. Isso inclui também os trabalhadores que circulam nas unidades de saúde, incluindo funcionários de setor administrativo e limpeza. Estão todos muito expostos, mesmo usando EPI (equipamento de proteção individual)”, diz o médico Marçal Durval Siqueira Paiva Júnior, presidente da Sociedade de Terapia Intensiva de Pernambuco.
Para ele, é sério o cenário de colapso de recursos humanos a que assistimos. “São vários os profissionais capacitados que estão adoecendo. O que acontece? Vários têm dobrado plantão (pelo desfalque), outros vão trabalhar e não sabem se serão rendidos”, acredita Marçal.
Apesar de ultrapassar a marca de 6 mil profissionais infectados, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informa que é difícil contabilizar quantos servidores estão atualmente afastados. “Não temos esse número, que é muito dinâmico. Enquanto alguns trabalhadores de saúde adoecem, outros voltam ao trabalho, mas a taxa de afastamento do Estado não tem sido diferente de outros países e partes do Brasil”, frisou, em coletiva de imprensa online, a secretária-executiva de Vigilância em Saúde de Pernambuco, Luciana Albuquerque.
Na última segunda-feira (18), em entrevista à Rádio Jornal, o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, classificou como complexa a necessidade de reorganização das escalas para dar atendimento aos pacientes com suspeitas ou diagnóstico de covid-19.
“Autorizamos a contratação de mais de 6 mil profissionais desde o início pandemia. Primeiramente chamamos 5 mil. Desses, adentraram três mil. Estamos convocando mais dois mil e oitocentos, além daquilo que a gente já havia chamado inicialmente”, informou o secretário. (Do PE Notícias)