South Korean President Park Geun-Hye speaks during an address to the nation, at the presidential Blue House in Seoul on November 4, 2016. (Foto: Ed Jones/Pool via Reuters)
A presidente sul-coreana, Park Geun-Hye, envolvida em um escândalo político pela influência de uma amiga nas decisões do governo, aceitou nesta sexta-feira (4) ser investigada por um promotor.
“Farei tudo o que puder para cooperar no que for necessário. Aceitarei uma investigação”, afirmou a chefe do Executivo sul-coreano, em um pronunciamento transmitido pelas principais emissoras do país, após dez dias de silêncio em meio ao maior escândalo político dos últimos anos.
Nunca um chefe de Estado da Coreia do Sul país foi investigado pela Promotoria desde a fundação do país, em 1948.
Park Geun-hye se recusou a oferecer explicações detalhadas sobre seu envolvimento, mas pediu “suas mais sinceras desculpas” aos cidadãos da Coreia do Sul.
Nos últimos dias, a presidente substituiu o primeiro-ministro, seu chefe de gabinete e três secretários, em uma tentativa de responder a enorme polêmica gerada no país pelo caso “Choi Soon-sil”. Diversos protestos têm pedido a sua saída do governo.
Uma pesquisa de opinião divulgada nesta sexta mostra que a taxa de aprovação da presidente caiu para apenas 5%. Já 89% desaprovam a performance de Geun-hye. É a pior avaliação da história para um(a) presidente da Coreia do Sul.
Na quinta, promotores prenderam uma ajudante da presidente, Jeong Ho-seong, considerada uma figura central no escândalo. Ela é suspeita de vazar documentos confidenciais a Choi Soon-sil.
O escândalo
Choi Soon-sil, de 60 anos, é uma amiga íntima de Park e está sendo investigada por supostamente ter se apropriado de dinheiro público e influenciar na política do país, apesar de não possuir nenhum cargo público.
Ela é suspeita de ter se aproveitado de seus contatos na presidência para extorquir os principais conglomerados econômicos do país, como a Samsung –que teria destinado importantes somas de dinheiro a fundações criadas pela amiga da presidente.
Ela também é suspeita de interferir em questões de estado, incluindo a nomeação de altos funcionários. Na quinta, um tribunal de Seul emitiu um mandado de prisão contra ela por fraude e abuso de poder.
O escândalo abalou a confiança no governo de Park, que ainda tem mais de um ano de mandato, e levou milhares de manifestantes às ruas. A oposição critica Park e parte exige sua demissão –o que exigiria eleições antecipadas, de resultado incerto.
Casa Azul
No discurso, a presidente conservadora negou ter caído nas mãos de uma seita e de ter realizado rituais na a residência presidencial, a Casa Azul, como afirmam vários jornais.
“Tem havido boatos de que entrei para uma seita e que celebraram rituais na Casa Azul, mas quero deixar claro que nada disto é verdade”, afirmou Park em um emotivo discurso. “Se for preciso, quero responder sinceramente às investigações da Promotoria”.
“Os últimos acontecimentos são culpa minha e foram provocados pela minha falta de atenção”, declarou Geun-Hye, admitindo que “baixou a guarda” com Choi. “Não posso me perdoar (…) e é difícil dormir à noite”.
Choi Soon-sil é filha do falecido líder de uma seita religiosa que foi mentor de Park há décadas, por isso começou a ser espalhado no país que rumores que a presidente estava sendo influenciada pelo xamanismo, uma religião ancestral e ainda existente na Coreia do Sul. “Os rumores sobre seitas e xamanismo não são verdadeiros. Quero deixar isso claro”, afirmou Park.
(Das agências de notícias)