O prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), abriu 11 pontos de vantagem sobre o candidato do PT, João Paulo, na pesquisa do Ibope divulgada, ontem, na parceria entre o instituto, a Folha de Pernambuco e a TV-Globo. Mas tal percentual não é suficiente ainda para garantir a sua reeleição já no primeiro turno, cenário que desponta como o mais confortável para ele, com as projeções de vitória também no segundo turno.
O avanço de Geraldo, já constatado na pesquisa do Datafolha da semana passada, se dá ao mesmo tempo em que João Paulo perde gorduras, passando a ligeira impressão de que tende a se fragilizar ainda mais nos próximos levantamentos. O que está levando Geraldo a ser inflado, enquanto João embica? Na comparação de gestões, o eleitor está se convencendo de que Geraldo fez mais.
No plano ético, o PT está no fundo do poço em consequência de uma saraivada de escândalos, sendo a operação Lava Jato a de maior gravidade, tanto que o ex-presidente Lula, que João Paulo está trazendo ao Recife como cabo eleitoral, foi apontado como o comandante do esquema que quebrou, literalmente, a Petrobras. O PSB de Geraldo também está embaraçado com a chamada operação Turbulência, mas sem atingir diretamente o prefeito.
Aliás, enquanto João Paulo deixou a Prefeitura respondendo a processos escandalosos, como a Finatec e outros, Geraldo não tem uma só acusação de igual natureza. Se o prefeito cresce e João cai, o eleitor pode estar também mandando o recado de que não quer de volta o PT ao Governo, mesmo admitindo que João tenha feito uma razoável gestão.
Na propaganda eleitoral, João Paulo foi primário quando disse que o Hospital da Mulher, a maior vitrine do Governo socialista, era uma gaiola, assim como afirmou que o Compaz era um “Comguerra”. Centenas de mulheres pobres já pariram no Hospital da Mulher e saíram de lá aprovando o tratamento. Quanto ao Compaz, 40 mil pessoas já foram atendidas e beneficiadas diretamente pelos seus serviços.
Dá para concluir, portanto, que João Paulo, a grande aposta que o PT nacional tinha na tentativa de resgatar o espaço de poder do partido no Nordeste, tropeçou na estratégia de campanha, erra na comunicação e perdeu o debate da comparação de gestões. Por enquanto, se não houver um fato relevante que repercuta negativamente para o prefeito, o PSB está carimbando o seu passaporte para um novo mandato no Recife.
(Da Coluna do Magno desta 6ª feira (16/09)