O ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou nas redes sociais que o tema deste ano do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 é: ‘Desafios para a valorização da herança africana no Brasil’. Na publicação, muitos usuários elogiaram a escolha do tema, destacando que a discussão é fundamental nos dias de hoje.
É importante destacar que, mesmo com a
Lei 10.639/03, que torna obrigatória a inclusão do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas, o Brasil ainda enfrenta desafios na sua implementação na grade curricular da Educação Básica, mesmo após 20 anos de sua promulgação.
No ano passado, o Congresso aprovou uma proposta que torna o Dia da Consciência Negra um feriado nacional. A data agora é oficialmente denominada Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, sendo celebrada neste formato pela primeira vez neste ano de 2024.
“Esse processo de valorização também passa por ampliar a visibilidade das lideranças negras, apoiar o empreendedorismo afro-brasileiro e incentivar produções culturais e acadêmicas que enriqueçam o entendimento sobre a importância da África e sua diáspora para o Brasil”, afirmou a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, ao comentar a escolha do tema da redação do Enem neste ano.
A ministrando destacou que a pasta tem trabalhado junto com o Ministério da Educação (MEC) para “pensar caminhos de implementação da Lei 10.639/03”.
O que é exigido na redação?
O texto da redação (de até 30 linhas) precisa ser dissertativo-argumentativo. Ou seja, as ideias precisam estar embasadas por explicações fundamentadas e argumentações sobre o assunto. Os participantes também contam com textos motivadores para desenvolverem os seus conceitos.
As redações são avaliadas de acordo com cinco competências e a nota pode chegar a mil pontos. Por outro lado, há critérios que conferem nota zero, como fuga ao tema, extensão total de até sete linhas, trecho deliberadamente desconectado do tema proposto, não obediência à estrutura dissertativo-argumentativa e desrespeito à seriedade do exame.
Nos textos de apoio da prova de redação deste ano, os candidatos tiveram acesso a diversas referências relevantes. Entre elas, a definição do termo “herança”, uma discussão sobre a história afro-brasileira nas escolas, o samba-enredo da Mangueira de 2019, que fez uma revisão da História do Brasil, exaltando lideranças populares negligenciadas pela narrativa oficial, e uma imagem de alunos admirando o grafite de Zumbi dos Palmares na Pedra do Sal, também no Rio de Janeiro.
Avaliação do tema
Na avaliação da professora de redação Thaiane Albuquerque, da Escola Técnica Estadual (ETE) Miguel Batista, o tema escolhido para o Enem é crucial, pois aborda um assunto que precisa de mais visibilidade. “Ainda enfrentamos o racismo estrutural, que, embora algumas pessoas tentem minimizar, é uma realidade no Brasil. Acredito que esse tema apresenta elementos que os estudantes podem compreender facilmente, facilitando a discussão”, explicou a professora à coluna Enem e Educação.
Questionada se esse tema pode permitir que os elementos fiquem muito abertos, levando os candidatos a desviarem da questão central, a professora destacou a importância de uma abordagem cuidadosa. Ela enfatizou que, embora o tema ofereça diversas possibilidades de interpretação, é fundamental que os estudantes mantenham o foco na proposta.
“Quando falamos do termo ‘desafio’, já estamos considerando as dificuldades para a valorização da herança africana. Isso nos leva a refletir sobre o racismo estrutural de maneira ampla, mas também a abordar questões mais específicas, como cultura, história e religiosidade. Acredito que é fundamental que os estudantes desenvolvam uma conscientização cultural a respeito desses aspectos”, afirmou Thaiane Albuquerque.
A União Nacional dos Estudantes (UNE) também considerou positiva o tema ‘Desafios para a valorização da herança africana no Brasil’. “A cultura africana é um pilar essencial na formação do Brasil, presente em nossas raízes, identidades e na diversidade que nos define. O tema do Enem deste ano, nos leva a refletir sobre a importância de uma educação que celebre e integre essa herança”, declarou a entidade, em uma publicação nas redes sociais.
A professora de Linguagens Flávia Suassuna, do Colégio Saber Viver, também destacou a importância do termo “desafio”, pois ele permite que os candidatos analisem os problemas e proponham soluções. “Quando o tema é, por exemplo, ‘caminhos para a diminuição do racismo no Brasil’, ele direciona o aluno a pensar principalmente em soluções. Já o uso da palavra ‘desafio’ cria uma estrutura que ajuda a manter o foco no tema abordado”, afirmou.
A professora do Colégio Saber Viver elogiou o tema, ressaltando que há muito a ser discutido sobre a movimentação histórica da população negra no Brasil. Ela enfatizou a importância de estarmos atentos aos novos contextos e às diferentes formas de abordar essa temática.
“É um tema atual que se insere nas nossas buscas pela inclusão da população negra, e na luta contra o preconceito racial. Tudo isso está ligado à necessidade de reconhecermos a cultura africana, que enriqueceu significativamente a nossa cultura”, afirmou Flávia Suassuna.
Primeiro dia de provas
Neste domingo (3), o Enem 2024 está sendo realizado em 1.753 municípios brasileiros. De acordo com dados do Inep, há cerca de 10 mil locais de prova e aproximadamente 140 mil salas disponíveis para os participantes.
Os participantes têm cinco horas e 30 minutos para resolver questões nas áreas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Redação; e Ciências Humanas e suas Tecnologias.
Os portões foram fechados pontualmente às 13h, e as provas começaram às 13h30. Mais cedo, uma equipe de reportagem da TV Jornal esteve na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), um dos maiores locais de prova do estado, situada no bairro da Boa Vista, na região central do Recife. Ao todo, Pernambuco conta com mais de 237 mil inscritos para o exame.
O estudante Caio Ferreira, de 18 anos, está realizando o Enem pela primeira vez e chegou ao local de prova por volta das 11h10, buscando evitar aglomerações e possíveis atrasos devido ao trânsito.
“Consegui dormir tranquilo porque sei que fiz minha parte para fazer a prova com calma. Agora, que venha o que Deus quiser”, comentou Caio, que estava acompanhado de sua mãe, Flávia Cristiane, uma comerciária.
“Foram três anos acompanhando-o, e finalmente chegou o dia. Ele se preparou bem, e agora só quero que ele esteja tranquilo. Não faço muitas cobranças, pois isso pode atrapalhar. Ele sabe que estou com ele, não importa o que aconteça”, afirmou Flávia, admitindo que fica com o coração aflito durante a prova.
Fonte: JC
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