O chefe de gabinete na reitoria da Unicamp, José Antonio Rocha Gontijo, destaca que o resultado parcial do convênio é positivo e, por isso, a universidade estadual busca o desenvolvimento de ações para colaborar com a formação e lazer dos adolescentes, mas também permitir oportunidades no período posterior ao de internação e, ao mesmo tempo, valorizar a formação dos graduandos participantes.
Já a diretoria regional da Fundação, por outro lado, defende empoderamento dos jovens e ressalta as contribuições já verificadas (veja abaixo balanço). A unidade Andorinhas atende atualmente 56 internos.
Propósitos
O grupo de trabalho conta com nove professores das faculdades de Ciências Médicas, Educação, Educação Física, Enfermagem, além dos institutos de Artes, de Estudos da Linguagem, e de Filosofia e Ciências Humanas. A portaria que estabelece a formação foi assinada pelo reitor, Marcelo Knobel.
“O que motivou a nova redação foram os resultados das atividades, houve uma mudança grande para os internos e também é bastante interessante para a área médica, uma atividade humana que requer sensibilidade […] Agora, nesta segunda etapa, se pensou em outros trabalhos para restaurar a estima e dar uma expectativa de futuro [aos internos]”, destaca Gontijo. Segundo ele, cada área será responsável por estabelecer quais ações devem ser realizadas pelos professores e alunos na Fundação Casa.
“A proposta é formativa, mas também de inclusão no mercado […] Será possível identificar talentos em cada área e incluir pessoas ou até pequenos grupos em atividades que não pensavam exercer antes. Há um resgate do aspecto humano e desenvolvimento de um lado diferente”, afirma o chefe de gabinete.
Planejamento e benefícios
A diretora regional da Fundação Casa em Campinas, Fábia Reis, explica que de janeiro a setembro 239 adolescentes receberam atendimento clínico e 26 receberam apoio psiquiátrico, por meio da Unicamp. O convênio teve início após uma ação ajuizada pelo Ministério Público, o qual avaliou que o atendimento prestado pela rede pública não contemplava todos os direitos dos adolescentes internados.
A lista, de acordo com ela, inclui também jovens das unidades Casa Campinas e Maestro Carlos Gomes que foram levados até a Andorinhas. “Temos um ambulatório com enfermeiros e auxiliares de enfermagem, mas não temos médicos e precisamos contar com a rede pública. A vinda da Unicamp trouxe maior rapidez nos atendimentos”, destaca ao falar que há serviços semanais na unidade.
Além disso, a diretora regional lembra que a atuação dos profissionais também passa por palestras, o que contribui no processo de tratamento de adolescentes apreendidos e que tiveram envolvimento com drogas. “Tem a questão da saúde mental, então é comum ter de levar aos CAPs [Centros de Atenção Psicossocial] para acompanhamento, ajuste da medicação. Então esse trabalho da Unicamp favorece muito o bem-estar, enquanto que os alunos [do curso de medicina] ganham com a questão da humanização por terem contato com um público diferenciado. Todos ganham.”
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Fabia disse esperar que o convênio na área da saúde seja estendido para outras unidades da instituição e valorizou a realização de atividades em outras áreas, desde que o planejamento seja feito de forma minuciosa para não haver interferências nas aulas diárias e orientações profissionais aos internos.
“Quanto mais abrir para a rede pública e universidades é melhor, mais qualificado fica nosso trabalho, mas é preciso que seja de forma conciliatória. Se a proposta for na direção de empoderar o adolescente para a pós-medida, ela vai conciliar demais com nossas necessidades, porque temos muitos recursos intramuros. O trabalho de transição é muito importante”, salienta a diretora.
Por Fernando Pacífico, G1