Nova perícia no motel de Olinda (Foto: Bruno Marinho/ G1)
As circunstâncias da morte do empresário Paulo César Morato, encontrado morto em um motel de Olinda, no Grande Recife, ainda estão sendo investigadas pela Polícia Civil de Pernambuco. Até o momento,uma das poucas certezas é que Morato, um dos cinco supostos integrantes de um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 600 milhões e pode ter financiado a campanha do ex-governador Eduardo Campos (PSB) ao governo de Pernambuco, morreu por envenenamento.
O que se sabe?
– Paulo Cesar de Barros Morato foi encontrado morto na noite do dia 22 de junho, em um motel no bairro de Sapucaia, em Olinda;
– Envenenamento por chumbinho foi a causa da morte, segundo laudo da Polícia Científica;
– A advogada do empresário, Marcela Moreira Lopes, disse que ele já havia tentado suicídio;
– Ele é apontado como integrante do esquema de lavagem de dinheiro apurado pela Operação Turbulência.
– Uma empresa fantasma criada por Morato teria sido usada na compra do avião que se acidentou com Eduardo Campos.
O que falta saber?
– A Polícia Civil ainda não determinou se o empresário foi envenenado ou se ele se matou.
– A perícia ainda não divulgou todos os laudos;
– Investigadores não divulgaram o que havia em pendrives, celulares e documentos que foram achados junto ao corpo;
– Ainda não se sabe se alguém teve acesso ao quarto; nova perícia será feita nas câmeras.
Paulo César Morato (Foto: Divulgação/Polícia Federal)
Quem era Paulo César Morato?
Até 2014, Morato tinha uma loja de conserto de telefones celulares e vivia em uma casa alugada, numa rua comercial de Tamandaré, no Litoral Sul de Pernambuco. Era casado e tinha duas enteadas.
O imóvel hoje está alugado a outra pessoa e, no ponto comercial, funciona uma sorveteria.
Vizinhos contaram que, vez por outra, Morato viajava para o Paraguai ou para São Paulo para comprar produtos para revender. Na cidade litorânea, não transparecia ter muitas riquezas e se dava bem com todo mundo.
Qual o seu suposto papel no esquema investigado?
Paulo César Morato foi apontado pela Polícia Federal (PF) como o responsável pela empresa fantasma Câmara & Vasconcelos Locação e Terraplanagem Ltda, que teria aportado recursos milionários para a compra da aeronave usada na campanha presidencial de Eduardo Campos. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a empresa recebeu quase R$ 19 milhões da construtora OAS.
Quais as circunstâncias de sua morte?
Após o início da Operação Turbulência, Morato foi o único dos cinco investigados não localizados pela Polícia Federal (PF). Chegou a ser considerado foragido e seu nome seria incluído na lista de procurados da Interpol. Um dia depois, no entanto, foi encontrado morto em um motel de Olinda.
Segundo o advogado do estabelecimento, ele teria entrado sozinho por volta das 12h do dia 21 de junho. Seu corpo foi achado na noite do dia 22 por funcionários do motel, que chamaram a polícia. Morato foi sepultado no último domingo (3) em Barreiros, Mata Sul de Pernambuco.
Houve falha na perícia?
Papiloscopistas acusam a Secretaria de Defesa Social (SDS) de interferência na perícia, o que teria atrapalhado a coleta de provas para a investigação. De acordo com o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol), Aureo Cisneiros, peritos foram impedidos de realizar a coleta de digitais dentro do quarto da vítima.
As polícias Civil, Federal e Científica descartaram a possibilidade de interferências externas ou de falhas no processo.
Homicídio ou suicídio?
No dia seguinte à morte, o secretário em exercício de Defesa Social, Alexandre Lucena, afirmou acreditar que Morato teria se suicidado ou morrido por causas naturais.
“Uma pessoa corpulenta, de 48 anos, gordo. Ele já tinha tentado suicídio, tomava remédios. Então, a morte pode ter sido natural ou suicídio. Ele deve ter passado mal quando chegou. Essas são as duas principais linhas de investigação, mas não descartamos a possibilidade de homicídio”. O resultado do laudo, contudo, ainda não foi divulgado.
Como estão as investigações agora?
No último sábado (2), a delegada Gleide Ângelo, responsável pela investigação, determinou nova perícia no motel para coleta de informações sobre as câmeras de segurança do estabelecimento para entender o que aconteceu no dia do óbito.
Com esse trabalho, segundo Gleide, os peritos terão condição de determinar quantas câmeras estavam funcionando, quais os ângulos de visão e se alguma cena foi cortada. O resultado desse trabalho complementar também não foi divulgado.
(Do G1 PE)