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Autor dos EUA lamenta retrocessos do governo Bolsonaro

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Benjamin Moser, autor dos Estados Unidos homenageado com o Prêmio Itamaraty de Diplomacia Cultural, escreveu uma carta aberta ao ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

Ele é um estudioso das artes e da cultura brasileira, tendo escrito uma biografia de Clarice Lispector, entre outros trabalhos.

Segundo Moser, o racismo, a homofobia e a saudade da ditadura do governo Bolsonaro têm sido fartamente comentados na imprensa mundial.

“Infelizmente, não é apenas uma questão de tom. Desde o primeiro dia, este governo deu a impressão de querer abusar das pessoas mais vulneráveis da sociedade.”

Leia a seguir a carta completa que foi publicada pela Folha de S. Paulo:

Prezado ministro,

Há pouco mais de dois anos, o ministério que o senhor hoje encabeça me outorgou o Prêmio Itamaraty de Diplomacia Cultural. Foi um reconhecimento do meu trabalho e trouxe consigo uma obrigação de continuar trabalhando em prol do Brasil —de ser algo como um amigo oficial do Brasil. E é nesta capacidade que lhe escrevo.

Recentemente, o senhor publicou uma matéria no meu idioma, o inglês, e no meu país, os Estados Unidos (“Bolsonaro was not elected to take Brazil as he found it”, ou “Bolsonaro não foi eleito para deixar o Brasil como o encontrou”, na Bloomberg, em 7/1). Se respondo em português, é por dois motivos. 

Primeiro, porque sua matéria ilustra muito bem que saber a gramática ou o vocabulário de outra língua não implica compreender suas sutilezas: como soa. Se tivesse maior noção do meu idioma, seria de esperar que não houvesse publicado uma coisa que —digo francamente— expõe o Brasil ao ridículo.

E essa é a segunda razão pela qual lhe respondo em português. Apesar de não ser de nacionalidade brasileira, o Brasil não me é de maneira nenhuma alheio. Desagrada-me profundamente vê-lo alvo de risadas internacionais. Gostaria, pois, que esta conversa ficasse entre nós —em português.

Em inglês, a sua vinculação da política externa com Ludwig Wittgenstein soa bizarra. Suspeito que não seja sua intenção —que é, se estou lendo bem, de deslumbrar o leitor com frases como “desconstrução pós-moderna avant la lettre do sujeito humano e negação da realidade do pensamento”.

Sabe aquele estudante de pós-graduação que encurrala a menina na festa falando de Derrida ou Baudrillard?

Pois é.

Aliás, em inglês, proclamar “não gosto de Wittgenstein” soa pretensioso, arrogante. Sabe aquele homem que, diante de um Picasso, diz que sua filha de quatro anos poderia ter feito melhor?

Pois é.

Mas, além do tom, qual é mesmo seu problema com Wittgenstein? Vejo que não é sequer uma frase inteira, mas uma parte de uma frase: “O mundo tal como o encontramos.”

O senhor lê isso como um pedido —uma ordem, até— de aceitar tudo no mundo tal como é, de não tentar mudar nada, de se comportar como se não tivesse vontade própria. Se acompanho a sua lógica, é assim que o Brasil tem se comportado durante todos os governos, de esquerda como de direita, que precederam o atual.

Para quem conhece a obra de Wittgenstein —assim como para quem tem noções da história diplomática brasileira—, isso pode soar inexato. Mas o senhor pretende romper um padrão que tem impedido o surgimento da verdadeira grandeza do Brasil. O país, segundo o senhor, antes disse: “Eu não acho nada. Eu não tenho ideias. Assim como o sujeito desconstruído de Wittgenstein, eu não tenho um ‘eu’.”

Eu não caracterizaria o trabalho de gerações de diplomatas brasileiros assim. Imagino que, em português, possa soar desdenhoso. Mas estamos falando de como soa em inglês, e, se muito ficou incerto na sua matéria, uma coisa ficou clara: sua vontade de mudar a imagem do Brasil no mundo.

De fato, em poucos meses, essa imagem já mudou bastante. Temo que não seja na direção que o senhor pretende. Pois, em todos os meus anos de brasiliófilo, nunca vi tantas matérias ruins sobre o Brasil surgirem na imprensa europeia e americana. Isso deve ser motivo de preocupação para um chanceler. Porque o Brasil, apesar de seus problemas, sempre desfrutou de um nome positivo no mundo.

O racismo, a homofobia e a saudade da ditadura da nova administração têm sido fartamente comentados na imprensa mundial. Em inglês, o tom dessa cobertura tem sido extremamente negativo. Um chanceler deve poder responder num inglês sereno e compreensível e explicar as razões que levam o novo governo a adotar tal e tal medida.

Quando se dirige a um público internacional, uma coisa a evitar a todo preço é o emprego de termos —“globalistas,” “marxistas,” “anticosmopolitas,” “valores cristãos”— que, em inglês, têm fortes conotações antissemitas. 

São extraídos do léxico de conspiração global judaica, e, dada a história deste léxico, pessoas civilizadas, tanto de direita como de esquerda, aprenderam a evitá-lo.

Quando se fala inglês, é preferível, em geral, evitar falar de conspirações. Dá a impressão de ter passado a noite em claro na internet decifrando os segredos das pirâmides. Talvez seja por isso que suas descrições sobre o aquecimento global como trama marxista tenham sido tão amplamente ridicularizadas na imprensa mundial.

Quem, em língua inglesa, quer ser levado a sério evita tais caracterizações. E não é mesmo este o maior desejo do senhor, o de ser levado a sério? É a única coisa que fica clara debaixo da linguagem um tanto acalorada. 

A novidade que o senhor anuncia não é outra coisa senão a mais antiga emoção do conservador brasileiro: o ufanismo magoado. 

Este é o sentimento de quem quer uma nação que esteja à altura da imagem —muitas vezes exagerada— que tem de si próprio.

Se o senhor imagina que o Brasil não é suficientemente respeitado, seria bom nos brindar com pelo menos um exemplo; na minha experiência, vasta, do Brasil no âmbito internacional, confesso que nunca percebi a falta de respeito.

Mas, mesmo que ela existisse, seria bom lembrar que, em qualquer país, o respeito não se exige. Com paciência e trabalho, se ganha.

Ninguém sabe melhor do que eu os lados positivos que tem o Brasil. Mas, sabemos, brasileiros e estrangeiros, que o Brasil também tem uma cara feia. E é essa cara que seu tom me traz à mente. É o tom daquele patrão que grita “faça que tô mandando!” para a empregada. Asseguro-lhe que não fica mais elegante em tradução inglesa.

Infelizmente, não é apenas uma questão de tom. Desde o primeiro dia, este governo deu a impressão de querer abusar das pessoas mais vulneráveis da sociedade. Todos os jornais do mundo têm noticiado os ataques aos índios e à população LGBT, além da redução do salário mínimo para os trabalhadores mais pobres.

É possível que haja explicações razoáveis para tais medidas, mas confesso que até agora não as vi. De novo, seria mais eficaz explicá-las com calma do que andar pelo mundo proclamando que os brasileiros não são mais “robôs pós-modernos” e que não suportarão mais “a opressão wittgensteiniana da morte-do-sujeito.”

Porque, ironicamente, é seu medo de ver as pessoas zombarem do Brasil que fará… as pessoas zombarem do Brasil. Deve ter visto a ministra Damares gritando que “menino veste azul e menina veste rosa!” e notado como isso repercutiu pelo mundo. As suas declarações também não ajudam a que as pessoas levem o Brasil a sério.

Se há um ponto em que estamos em total acordo é que também não gosto de ver o Brasil ridicularizado. Por isso, lhe encorajo a lembrar em nome de quem está falando. E de escolher com mais tato, em português como em inglês, as suas palavras.

O senhor se descreve, no seu Instagram, como “ministro das Relações Exteriores do governo Bolsonaro”. Não é.

É ministro das Relações Exteriores do Brasil.

Seria bom que se comportasse com a dignidade que tal posição exige.

E se, no futuro, tiver uma dúvida de inglês, pode sempre entrar em contato comigo.

Cordialmente,
Benjamin Moser
Prêmio Itamaraty de Diplomacia Cultural, 2016.

(Por Esmael Morais)

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Mundo

Vacinas salvaram aproximadamente 154 milhões de vidas nos últimos 50 anos, segundo OMS

Segundo a pesquisa, realizada entre 1974 e 2024, 64% das vidas salvas foram de bebês;

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De acordo com um estudo conduzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), os esforços globais de imunização salvaram aproximadamente 154 milhões de vidas ao longo dos últimos 50 anos – o equivalente a seis vidas por minuto anualmente. Segundo a pesquisa, realizada entre 1974 e 2024, 64% das vidas salvas foram de bebês.

O estudo considerou vacinas que combatem 14 tipos de doenças: difteria, Haemophilus influenzae tipo B (Hib), hepatite B, encefalite japonesa, sarampo, meningite A, coqueluche, doença pneumocócica, poliomielite, rotavírus, rubéola, tétano, tuberculose e febre amarela, que contribuíram diretamente para a redução das mortes infantis em 40% globalmente e em mais de 50% na África.

Entre as vacinas avaliadas no estudo, a vacinação contra o sarampo foi a que teve o impacto mais significativo na redução da mortalidade infantil, representando 60% das vidas salvas devido à imunização.

Em um comunicado, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, descreveu as vacinas como as invenções mais poderosas da história, tornando doenças antes temidas em preveníveis. “Com pesquisa, investimento e colaboração contínuos, podemos salvar outras milhares de vidas hoje e nos próximos 50 anos”, ressaltou Tedros.

Outra descoberta da pesquisa, que será divulgada na revista científica The Lancet, é que, para cada uma vida salva, uma média de 66 anos de saúde plena foram ganhos, totalizando 10,2 bilhões de anos de saúde plena ao longo dos 50 anos analisados.

“Esses ganhos na sobrevivência infantil destacam a importância de proteger o progresso da imunização em todos os países do mundo e acelerar os esforços para alcançar os 67 milhões de crianças que perderam uma ou mais vacinas durante os anos de pandemia”, destacou a OMS.

Brasil

Após anos de queda na adesão às vacinas, o Brasil conseguiu melhorar as coberturas vacinais de 13 dos 16 imunizantes do calendário infantil em 2023, mas, apesar do avanço, os índices ainda estão abaixo das metas preconizadas pelo governo federal, que variam de 90% a 95%. Os dados foram apresentados pelo Ministério da Saúde na última terça-feira, 23, na sede do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em Brasília.

Tiveram melhora nos índices as seguintes vacinas:

– Poliomielite versão oral

– Poliomielite versão inativada

– Febre amarela

– Hepatite A

– Meningocócica C (1ª dose)

– Meningocócica C (reforço)

– Pentavalente (que protege contra difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae b – Hib e hepatite B)

– Rotavírus

– Pneumocócica 10 (1ª dose)

– Pneumocócica 10 (reforço)

– Tríplice viral (1ª dose)

– Tríplice viral (2 dose)

– Reforço da tríplice bacteriana (DTP)

O aumento variou de 4 a 9 pontos percentuais. No caso da vacina contra a poliomielite, doença popularmente conhecida como paralisia infantil, o índice passou de 77,2% em 2022 para 84,7% em 2023. A vacina que teve a maior alta em pontos percentuais foi o reforço da tríplice bacteriana (DTP), que passou de 67,4% em 2022 para 76,8% no ano passado.

Apesar do avanço, Isabella Ballalai, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), destaca a importância de considerar melhorias nos sistemas de informação da saúde pública, que podem ter contribuído para uma precisão maior nos registros de vacinação.

Além disso, ela alerta que a cobertura média atual das 13 vacinas infantis que apresentaram aumento é um pouco acima de 70%, ainda consideravelmente abaixo da meta de 95% necessária para manter as doenças eliminadas.

Outro ponto mencionado pela especialista é a necessidade de considerar os dados por região – recorte não apresentado pelo Ministério da Saúde. “Os índices vacinais variam consideravelmente no país, o que pode criar áreas de risco, onde coberturas vacinais baixas tornam uma região mais suscetível a determinadas doenças”, explicou Isabella.

“Nós vemos com bons olhos e sabemos dos esforços do Ministério da Saúde. A aproximação com os Estados e municípios, por meio do microplanejamento, é um exemplo disso. Entretanto, os dados recentemente divulgados precisam ser olhados levando em consideração as metas vacinais e as disparidades por regiões”, afirma a diretora da SBIm.

Foto Shutterstock

Por Estadão

           

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Gripe aviária: OMS quer rede mundial e alerta para “potencial epidêmico”

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, esta quarta-feira (25), para a importância de criar redes mundiais de detenção do vírus H5N1, que causa a gripe aviária, e que tem vindo criar alertas.

Segundo a epidemiologista Maria Van Kerkhove, apesar de a rede de vigilância das aves já estar muito desenvolvida, “o que realmente precisamos é de uma forte vigilância das diferentes espécies de animais”.

De acordo com o que a responsável pela prevenção de epidemias da OMS disse, citada pela agência France-Presse (AFP), a vigilância deve ser alargada ao leite e produtos lácteos para garantir que “as pessoas estão protegidas”.

A responsável explicou em Genebra, na Suíça, que a pasteurização, que consiste no aquecimento do leite para matar o micróbios é muito importante. Apesar de não haver provas da transmissão desta gripe entre humanos, os especialistas receiam que as mutações possam causar problemas.

“Todas as oportunidades que este vírus tem de continuar circulando, de continuar se misturando com espécies animais, tem o potencial de causar uma epidemia e um surto e de se tornar um vírus com potencial endêmico”, acrescentou Maria Van Kerkhove.

Desde 2023 até ao início deste mês, a OMS disse que registou 463 mortes relacionadas com o vírus em causa, em 23 países.

A recente detecção de surtos de gripe aviária no gado bovino e caprino nos Estados Unidos, onde foi identificado um primeiro contágio de vaca para humano, aumentou a preocupação da comunidade médica face às possíveis mutações do vírus, que, segundo a OMS, tem potencial epidémico e pandémico.

Na semana passada, a agência da ONU recomendou o consumo de leite pasteurizado após a descoberta de fortes concentrações do vírus H5N1 no leite de vacas nos Estados Unidos.

Fonte: NOTÍCIAS AO MINUTO BRASIL

 

           

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Mulher fica em estado grave após beber café com insetos em aeroporto

A ingestão produziu uma reação semelhante à de beber veneno, tendo a saúde dela se degradado “rapidamente”.

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Uma funcionária de uma companhia aérea ficou em estado considerado grave depois de beber café de uma máquina de venda automática, que continha insetos no seu interior. O caso ocorreu na segunda-feira (22), no aeroporto de Palma, em Espanha.

O sucedido foi denunciado à delegacia policial no aeroporto, de acordo com a imprensa espanhola.

A mulher comprou o café numa máquina automática e, assim que o provou, percebeu que tinha um gosto estranho. Assim, começou a mexer com uma colher e percebeu que haviam insetos no fundo do copo.

Mais tarde, a mulher teve de ser socorrida de urgência pela equipa médica do aeroporto, acabando por ser transportada em estado grave para o hospital, onde ficou internada na unidade de cuidados intensivos.

A vítima teria sofrido um choque anafilático, uma vez que a ingestão dos insetos provocou uma reação semelhante à de veneno, fazendo com que a sua saúde se “degradasse rapidamente”.

Foto  Shutterstock

Por Notícias ao Minuto

           

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