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Nobel de Medicina vai para pesquisadores que descobriram vírus da hepatite C

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Harvey J. Alter, Michael Houghton e Charles M. Rice foram laureados com o Nobel de Medicina.

Harvey J. Alter, Michael Houghton e Charles M. Rice foram laureados na manhã desta segunda-feira, 5, com o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina, pelas descobertas que levaram à identificação do vírus da hepatite C. De acordo com o Comitê do Nobel, os três pesquisadores fizeram contribuições decisivas para a luta contra a doença transmitida pelo sangue, “um enorme problema global de saúde que causa cirrose e câncer de fígado”.

Antes do trabalho dos três pesquisadores, a descoberta dos vírus da hepatite A e B já tinha sido um passo importante, mas a maioria dos casos de hepatite transmitida pelo sangue permanecia sem explicação. Segundo o comitê, a descoberta do vírus da hepatite C revelou a causa dos casos restantes de hepatite crônica e possibilitou exames de sangue e novos medicamentos que salvaram milhões de vidas.

A partir dessa descoberta, “testes de sangue altamente sensíveis para o vírus estão hoje disponíveis e essencialmente eliminaram a hepatite transmitia em transfusões de sangue em muitas partes do mundo, melhorando significativamente a saúde global”, informou o comitê.

“A descoberta também permitiu o rápido desenvolvimento de medicamentos antivirais direcionados à hepatite C. Pela primeira vez na história, a doença agora pode ser curada, aumentando as esperanças de erradicar o vírus da hepatite C da população mundial”, continuou o grupo. Mas para atingir esse objetivo, salienta o comitê, serão necessários esforços internacionais para facilitar os exames de sangue e disponibilizar medicamentos antivirais em todo o mundo.

Hepatite

A inflamação do fígado, ou hepatite, a combinação das palavras gregas para fígado e inflamação, é causada primariamente por infecções virais, embora o abuso de álcool, toxinas ambientais e doenças autoimunes sejam também causas importantes. Nos anos 40, ficou claro que havia pelo menos dois tipos principais de hepatite infecciosa.

O primeiro, hepatite A, é transmitido por água poluída ou alimentos e geralmente tem pouco impacto a longo prazo no paciente.

O segundo tipo, a hepatite B é transmitido pelo sangue e fluidos corporais e representa uma ameaça muito mais séria, pois pode levar a uma condição crônica, com o posterior desenvolvimento de cirrose e câncer de fígado. Esta forma de hepatite é insidiosa, porque indivíduos saudáveis podem estar infectados por muitos anos antes de apresentarem complicações sérias. Hepatites transmitidas pelo sangue são associadas a uma significativa morbidade e mortalidade, e causam mais de um milhão de mortes por ano – tornando-a uma ameaça à saúde comparável à da infecção pelo HIV e à tuberculose.

A chave para uma intervenção bem sucedida contra doenças infecciosas é identificar o agente causador. Nos anos 60, Baruch Blumberg determinou que uma forma de hepatite de transmissão sanguínea era causada por um vírus que ficou conhecido como vírus da hepatite B. A descoberta levou ao desenvolvimento de testes de diagnóstico e a uma vacina eficaz. Blumberg recebeu o prêmio Nobel de Medicina em 1976 por essa descoberta.

Nesta época, Harvey J. Alter trabalhava no Instituto Nacional de Saúde dos EUA, estudando a ocorrência de hepatite em pacientes que tinham recebido transfusão de sangue. Embora os testes de diagnóstico para o recém-descoberto vírus da hepatite B tivessem reduzido o número de casos da doença relacionados a transfusões, Alter e seus colegas demonstraram que um grande número de casos continuavam ocorrendo. Testes para a hepatite A também foram desenvolvidos nesta época e ficou claro que o vírus A tampouco era o responsável por esses casos sem explicação.

Causava grande preocupação que um número significativo de pessoas que recebiam transfusão de sangue desenvolvessem hepatite crônica por conta de um agente infeccioso desconhecido. Alter e seus colegas conseguiram demonstrar que o sangue desses pacientes com hepatite era capaz de transmitir a doença para chimpanzés – o único hospedeiro suscetível ao vírus além dos humanos.

Estudos subsequentes também demonstraram que o agente infeccioso desconhecido tinha características de um vírus. As investigações metódicas de Alter conseguiram determinar uma nova e distinta forma de hepatite viral crônica. A doença misteriosa passou a ser conhecida como hepatite não-A e não-B.

A essa altura, a identificação do novo vírus era a grande prioridade. Todas as técnicas tradicionais de isolar um vírus foram tentadas, mas, a despeito disso, mais de dez anos se passaram sem que ninguém conseguisse. Michael Houghton, trabalhando para a indústria farmacêutica Chiron, tomou para si a tarefa de isolar a sequência genética do vírus. Houghton e seus colegas criaram uma coleção de fragmentos de DNA encontrados no sangue de um chimpanzé infectado. A maioria dos fragmentos vinha do genoma do próprio macaco, mas os pesquisadores inferiram que algumas sequências deveriam ser do vírus desconhecido.

Os cientistas sabiam que os anticorpos contra o vírus estariam presentes no sangue de pacientes que tinham hepatite. Por isso, buscaram identificar fragmentos de DNA viral clonados que codificavam as proteínas virais. Depois de uma longa pesquisa, um clone positivo foi encontrado. Trabalhos posteriores demonstraram que esse clone era de um novo vírus pertencente à família dos flavivírus e foi chamado de vírus da hepatite C.

A descoberta do vírus da hepatite C foi decisiva, mas uma peça essencial do quebra-cabeças ainda estava faltando: o vírus seria o único responsável pela hepatite? Para responder a essa questão, os cientistas tinham que demonstrar que o vírus isolado era capaz de se replicar e causar a doença.

Charles M. Rice, pesquisador da Universidade de Washington, em St. Louis, juntamente com outros colegas que trabalhavam com vírus RNA, percebeu que havia uma região ainda não devidamente caracterizada no genoma do vírus que seria importante na replicação viral. Seu grupo também conseguiu determinar que quando esse RNA era injetado no fígado de chimpanzés, o vírus aparecia no sangue, bem como alterações patológicas similares àquelas observadas em seres humanos com a doença. Esta foi a prova final de que o vírus era o único responsável pelos casos inexplicados de hepatite transmitida por meio de transfusão de sangue.

A descoberta do vírus da hepatite C é um marco na batalha contra as doenças virais. Graças a essa descoberta, testes de sangue extremamente sensíveis estão disponíveis e conseguiram praticamente eliminar as transmissões de hepatite por transfusão de sangue em boa parte do mundo, melhorando significativamente a saúde global. A descoberta também permitiu o rápido desenvolvimento de drogas antivirais direcionadas especificamente para a hepatite C. Pela primeira vez na história, a doença pode agora ser curada, aumentando as esperanças de um dia conseguirmos erradicar o vírus da hepatite C da população mundial.

Quem são os vencedores

Harvey J. Alter nasceu em 1935 em Nova York (EUA). Ele se formou em Medicina pela Escola de Medicina da Universidade de Rochester. Em 1961, ingressou nos Institutos Nacionais de Saúde (NIH). Ele também passou vários anos na Georgetown University antes de retornar as NIH em 1969 para ingressar no Departamento de Medicina de Transfusão do Centro Clínico como pesquisador sênior.

Michael Houghton nasceu no Reino Unido e recebeu seu PhD em 1977 pelo King’s College London. Ele se mudou para a Universidade de Alberta em 2010 e atualmente é professor de virologia da universidade, onde também é Diretor do Instituto de Virologia Aplicada.

Charles M. Rice nasceu em 1952 em Sacramento (EUA) e recebeu seu PhD em 1981 do Instituto de Tecnologia da Califórnia. Ele estabeleceu seu grupo de pesquisa na Escola de Medicina da Universidade de Washington, em St Louis, em 1986, e tornou-se professor titular em 1995. Desde 2001, é professor na Universidade Rockefeller, em Nova York. Entre 2001 e 2018, foi o diretor científico e executivo do Centro para o Estudo da Hepatite C na Universidade Rockefeller, onde permanece ativo. (Do Notícias ao minuto)

 

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Israel vai invadir Rafah se Hamas não aceitar acordo em até 1 semana, diz jornal

O fim do prazo sem uma resposta significaria o início da invasão de Rafah, no sul da Faixa de Gaza.

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Israel deu uma semana para o Hamas aceitar algum acordo sobre cessar-fogo em troca da libertação de reféns, segundo o jornal americano The Wall Street Journal, citando autoridades do Egito que mediam a negociação. O fim do prazo sem uma resposta significaria o início da invasão de Rafah, no sul da Faixa de Gaza.

De acordo com jornal, sempre citando autoridades egípcias, o grupo terrorista ainda não respondeu à proposta mais recente de Tel Aviv, que sugere uma primeira trégua temporária de 40 dias em troca de 33 reféns, com a possibilidade de extensão do cessar-fogo.

De acordo com os egípcios, a ala política da facção que participa das conversas teria dito que ainda não recebeu uma resposta de Yahya Sinwar, líder militar de Gaza que se supõe estar escondido nos túneis do território palestino.

Tanto o governo de Israel como o Hamas se recusaram a comentar o prazo dado por Israel, segundo o WSJ.

Autoridades egípcias dizem ainda que o grupo terrorista mostrou preocupação com termos vagos da proposta mais recente e busca uma trégua de longo prazo com garantias dos Estados Unidos de que o cessar-fogo será respeitado por Tel Aviv. O diretor da CIA (agência de inteligência americana), William Burns, chegou ao Cairo nesta sexta para reuniões, segundo a agência Reuters.

O Hamas tem postergado desde o fim da semana passada, quando recebeu a proposta de Israel, a data para responder ao trato –também uma tentativa de ganhar tempo em meio aos diálogos e à condenação internacional da antecipada ofensiva em Rafah.

Nesta semana, após se encontrar com o primeiro ministro israelense, Binyamina Netanyahu, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que Israel não tem um plano eficaz para garantir a segurança de civis em Rafah e não deveria invadir a cidade. Sem um plano que Washington julgue eficiente, Israel não teria apoio do aliado, afirmou Blinken.

O local no sul da Faixa, na fronteira com o Egito, é o último grande centro urbano sem tropas israelenses em solo e abriga cerca de 1,5 milhão de palestinos, segundo a ONU, grande parte deles deslocados de outras cidades do território conforme a ação militar de Tel Aviv devastou outras áreas densamente povoadas, como a Cidade de Gaza e Khan Yunis.

O ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, registrou 26 mortos e 51 feridos nas últimas 24 horas no território palestino.

A invasão iminente de Rafah, confirmada diversas vezes por Netanyahu e membros de seu governo, tem mobilizado agências das Nações Unidas para a criação de planos de emergência à possível ofensiva da cidade.

“Poderia ser um massacre de civis e um golpe inacreditável para a operação humanitária em toda a Faixa, pois ela é administrada principalmente a partir de Rafah”, afirmou Jens Laerke, porta-voz do escritório de direitos humanos da ONU (OCHA), em uma entrevista coletiva em Genebra.

As operações de ajuda humanitária em Rafah incluem clínicas médicas, armazéns abastecidos com suprimentos, pontos de distribuição de alimentos e 50 centros para crianças gravemente desnutridas, disse Laerke.

Ele acrescentou que a OCHA faria tudo o que fosse possível para garantir que as operações de ajuda continuassem, mesmo em caso de uma incursão, e estava estudando como fazer isso.

Um funcionário da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou na mesma entrevista que um plano de contingência para Rafah havia sido preparado e incluía um novo hospital de campanha. Ele ressaltou que isso não seria suficiente para evitar um aumento substancial no número de mortos, caso a ofensiva aconteça.

“Quero enfatizar que este plano de contingência é um paliativo”, disse Rik Peeperkorn, representante da OMS para o território palestino. “Absolutamente não irá impedir a substancial mortalidade e morbidade adicionais esperadas para ocorrerem em uma operação militar.”

Outros preparativos incluem o pré-posicionamento de suprimentos médicos em hospitais mais ao norte no caso de os três hospitais de Rafah se tornarem disfuncionais, como aconteceu outras vezes nos sete meses de conflito devido a ataques e bombardeios israelenses.

Foto Getty

Por Folhapress

           

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Turquia suspende comércio com Israel até cessar-fogo permanente

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 A Turquia anunciou na sexta-feira que não retomará o comércio com Israel, no valor de 7 bilhões de dólares por ano, até que um cessar-fogo permanente e ajuda humanitária sejam garantidos em Gaza, o primeiro dos principais parceiros de Israel a interromper o comércio por causa do conflito.

A “atitude intransigente” de Israel e a piora da situação na região de Rafah, no sul de Gaza – onde Israel ameaçou lançar uma nova ofensiva – levaram a Turquia a suspender todas as exportações e importações, disse o ministro do Comércio, Omer Bolat.

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, criticou a medida do presidente turco, Tayyip Erdogan, anunciada na noite de quinta-feira, dizendo que ela viola os acordos comerciais internacionais e é “como um ditador se comporta”.

O grupo militante Hamas, que governa Gaza, elogiou a decisão como corajosa e favorável aos direitos palestinos.

“Decidimos interromper as exportações e importações de e para Israel até que um cessar-fogo permanente seja alcançado (em Gaza) e a ajuda humanitária seja permitida sem interrupção”, disse o ministro Bolat.

A Turquia está negociando “com nossos irmãos palestinos sobre acordos alternativos para garantir que eles não sejam afetados por essa decisão”, acrescentou ele ao anunciar os números do comércio de abril.

No mês passado, a Turquia restringiu as exportações de aço, fertilizantes e combustível de aviação, entre 54 categorias de produtos, devido ao que disse ser a recusa de Israel em permitir que Ancara participasse das operações de lançamento aéreo de ajuda para Gaza.

Todo o comércio remanescente, que totalizou 5,4 bilhões de dólares em exportações turcas e 1,6 bilhão de dólares em importações israelenses no ano passado, está agora interrompido.

As principais exportações turcas para Israel são aço, veículos, plásticos, dispositivos elétricos e maquinário, enquanto as importações são dominadas por combustíveis, com 634 milhões de dólares no ano passado, segundo dados do comércio turco.

 

 

           

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Criança salva pais durante tornado nos EUA: “Por favor, não morram”

Branson conseguiu sair da carrinha dos pais para procurar ajuda, tendo corrido mais de um quilómetro no escuro, por entre cabos elétricos caídos e entulho.

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Uma criança de 9 anos conseguiu evitar o pior durante o tornado que assolou o estado norte-americano de Oklahoma e que vitimou pelo menos quatro pessoas, no fim de semana passado. De fato, os pais de Branson, que se encontram internados em uma UTI, têm o seu filho agradecendo por estarem vivos, depois de o carro da família ter batido contra árvores.

Wayne e Lindy Baker seguiam com o filho para Dickson, em busca de refúgio, quando foram atingidos pelo tornado.

O homem perdeu parte de um dedo e sofreu fraturas nas costas, no pescoço, no esterno, nas costelas e no braço, enquanto a mulher sofreu uma perfuração no pulmão e ficou com as costas, o pescoço, a mandíbula, as costelas e a mão direita quebradas.

Branson conseguiu sair do carro dos pais para procurar ajuda, tendo corrido mais de um quilômetro no escuro, por entre cabos elétricos caídos e entulho. Ainda assim, o menino encontrou um vizinho e pediu-lhe auxílio.

“Só encontrou o caminho de volta devido aos raios que iluminavam a estrada. Correu o mais depressa que conseguiu; fez um quilômetro e meio em 10 minutos. É impressionante para uma criança. […] A última coisa que disse aos pais foi, ‘Mãe, pai, por favor, não morram. Voltarei’”, recordou o tio do menor, Johnny Baker, citado pela CBS News.

Tanto Wayne como Lindy são construtores independentes, pelo que não têm rendimentos enquanto estão internados.

Observando a situação, a equipa de basebol de Branson organizou um jogo e uma angariação de fundos, onde até ao momento, a família e amigos do casal conseguiu arrecadar 10 mil dólares (cerca de 50 mil reais).

Foto Reuters/Bryan Terry/The Oklahoman

Por Notícias ao Minuto

           

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