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Brasil

Número de angolanos em abrigos dispara em São Paulo

Atualmente há 1.875 imigrantes acolhidos, segundo a pasta de Assistência e Desenvolvimento Social

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 O número de imigrantes em situação de rua atendidos pela Prefeitura de São Paulo bateu a maior marca dos últimos quatro anos em 2022. Foram 6.387 pessoas de 93 nacionalidades no ano passado. Atualmente há 1.875 imigrantes acolhidos, segundo a pasta de Assistência e Desenvolvimento Social.

Desse contingente, chama a atenção o rápido crescimento do número de pessoas de Angola, que quase quadruplicou de 2020 para 2021, saltando de 267 para 1.208 pessoas, dobrando no ano seguinte para 2.486 acolhidos. Desde 2019, disparou 757%.

Os principais motivos para essa alta são a proximidade linguística e cultural dos países, que falam português, a busca por serviços brasileiros como o SUS e o autoritarismo em Angola. Além disso, angolanos têm uma situação diplomática frágil, com a demora na análise dos pedidos de asilo, o que também dificulta a obtenção de trabalho e aumenta a demanda por assistência.

Para Caio Serra, assistente de gestão e informação do Crai (Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes), um exemplo dessa migração é a vinda de mulheres no fim da gestação, que buscam serviços do SUS. Outros fatores são a violência e a perseguição política. Ainda, o Brasil é um país de trânsito para quem tenta chegar a Estados Unidos e Canadá.

Com menos restrições relacionadas à pandemia de Covid-19, cresceu o número de pessoas que procuram o Brasil, mas já em uma situação econômica fragilizada.

A chegada de afegãos às três principais nacionalidades atendidas pode estar relacionada à crise com a retomada do Talibã e à facilidade na obtenção do visto de acolhida humanitária, que pode ser solicitado em países como Irã e Paquistão, antes de chegar ao Brasil.

A questão é que o país não possui um centro de refugiados como na União Europeia, e quem faz o acolhimento de pessoas com mais vulnerabilidade econômica é a rede de atendimento de quem vai para a rua.

Imigrantes da Bolívia, por sua vez, podem ter acessado equipamentos para a população em situação de rua após a queda abrupta na atividade têxtil na cidade. O fechamento de estabelecimentos, aliado a condições precárias de trabalho, fez cair a renda de famílias inteiras, como mostrou reportagem da Folha de S.Paulo em 2020.

A reportagem esteve nas imediações do Centro de Acolhida ao Imigrante-Casa de Assis, na rua Japurá, na Bela Vista, e conversou com um grupo de Angola.

Os jovens têm menos de 30 anos, e a maioria pediu para não ser identificada. Eles buscam trabalho para melhorar a vida, mas revelam tristeza e sensação de incapacidade. A Angola, segundo eles, é uma ditadura onde que não existe liberdade de expressão. Dizem que as penas para protestos chegam a cinco anos, sem visita da família.

Um dos jovens diz que chegou a São Paulo em 20 de janeiro, no aeroporto de Guarulhos, e gastou o dinheiro que tinha com um táxi até centro da cidade. Como não conseguiu vaga em centros de acolhimento, circulou por serviços de igreja até conseguir uma vaga na Casa de Assis.

Ele diz que seus conterrâneos buscam o Brasil por causa da facilidade da língua, e que o país é mais bem visto em Angola do que o colonizador Portugal. O jovem deixou mulher e um filho pequeno para trás, para trazê-los quando melhorar de vida.

Mesmo longe de casa, ele não mostra o rosto por temer que a família seja presa e torturada para obrigar o seu retorno.

André José Finda, 25, também acolhido no centro assistencial é uma exceção, tanto por mostrar o rosto quanto pelos motivos da vinda. Ele frequentou a Universidade de Belas e se formou em relações internacionais e ciências políticas. Trabalhava como organizador de festas de casamentos.

“Angola carece de questões muito básicas como alimentação, moradia e assistência médica. Crianças sofrem sem hospitais, mulheres têm os bebês no chão por falta de cama, pessoas morrem por paludismo [malária]. Os casos lá são muito muito elevados porque o saneamento básico não é bom. O Brasil não é o céu, o mar de rosas, mas acaba por ter mais oportunidades para os jovens”, explica.

Finda diz que seus compatriotas veem o Brasil como a terra das oportunidades.

“No meu caso eu vim para o Brasil não por sede, fome, mas para expandir o nível profissional. Pensei: já que faço muito aqui, lá posso fazer mais ainda. A gente vê o Brasil como a terra das oportunidades”, conta.

“Mas, chegando aqui não é como as coisas são ditas pela televisão. É uma realidade totalmente diferente”, diz.

Finda divide um quarto com outros oito angolanos. Assim como os demais, tem de sair do abrigo às 8h30, depois do café da manhã, volta às 11h30 para o almoço, sai novamente às 12h30. O jantar é servido das 17h30 às 18h30. Ele precisa voltar até as 22h, a menos que tenha justificativa de trabalho.

“Passo o dia todo procurando emprego, as pessoas olham a gente de lado. A pessoa não fala que é porque você é negro, imigrante, mas a gente sabe, a gente sente pela forma como a pessoa olha, como a pessoa trata e isso dificulta”, relata.

O angolano deixou os pais e seis irmãos no país de origem, mas diz não se arrepender.

“Já fiz muitas entrevistas, estou muito frustrado porque a gente sente que sabe fazer o trabalho. Eu trabalhava, tinha salário, uma casa, dá aquela tristeza no coração. Penso que é só uma fase e que daqui a pouco passa”, afirma.

Ele conta que outro jovem que também está no centro de acolhimento fala cinco línguas, mas só consegue trabalhos como ajudante de cozinha e de limpeza.

“Os outros meninos falam para ele que aqui precisa se conscientizar e ter um emprego pequeno, abaixo da formação porque é negro, imigrante. Ele fica muito triste”, finaliza.

Paulo Inglês, doutor em sociologia e estudos africanos e vice-reitor para Área de Investigação e Pós-Graduação da Universidade Jean Piaget, em Angola, critica o sistema político de seu país.

“Formalmente é uma democracia, mas é um sistema autoritário”, diz. Ele também afirma que os serviços públicos são precários, e que a situação econômica deteriorou-se nos últimos anos.

“Depois da saída do presidente José Eduardo dos Santos, que esteve no poder por 37 anos, pensou-se que o novo presidente, João Lourenço, abriria mais o sistema econômico e democrático, mas fechou mais ainda”, avalia.

“Na sua maioria são os jovens que estão a sair de Angola. Além da facilidade da língua, há certa proximidade cultural, já que eles consomem mais produtos brasileiros do que portugueses, de vestuário e alimentação a novelas, filmes e reality shows”, afirma.

O vice-reitor também diz que há repressão de manifestações, com represálias que chegam a prisão e morte.

“Além de tudo isso, uma das promessas do novo presidente era o combate à corrupção, mas na verdade a corrupção continua. Nas estruturas do estado estão principalmente as pessoas que pertencem ao partido no poder, que tem estado no poder há 48 anos”.

Por Folhapress

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Brasil

Plano Real 30 anos: Inflação reduz poder de compra em 86,72%

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O Plano Real foi um marco na economia brasileira, implementado em 1994 para conter a hiperinflação. Com medidas como a URV e a âncora cambial, o plano foi gradual e bem-sucedido, trazendo estabilidade econômica ao país.

O Plano Real completa 30 anos com uma marca significativa: o poder de compra da moeda caiu 86,72% desde sua implementação. A inflação acumulada de 708% entre julho de 1994 e maio de 2024 significa que, para comprar o equivalente a R$ 1 de 1994, seriam necessários R$ 8,08 hoje.

O lançamento do real foi uma resposta à hiperinflação das décadas de 1980 e 1990, que superava 2.500% ao ano. Desde então, a inflação brasileira, mesmo em seus piores momentos, não ultrapassou 10% ao ano. O plano, iniciado no governo de Itamar Franco com Fernando Henrique Cardoso como ministro da Fazenda, estabilizou a economia e reduziu drasticamente a inflação, que chegou a quase 5.000% em 1993.

Apesar do sucesso no controle inflacionário, a desvalorização do real é evidente. Uma nota de R$ 100 de 1994, equivalente ao salário mínimo da época, hoje compra apenas R$ 13,28. A nota de R$ 50 valeria hoje R$ 404,01 e a de R$ 5, R$ 40,40. Além disso, as notas lançadas posteriormente, como a de R$ 2 em 2001 e a de R$ 20 em 2002, também sofreram perdas de poder de compra significativas, necessitando hoje de R$ 7,69 e R$ 74,56, respectivamente, para manter o valor original. *Com informações do G1 Economia e Uol Economia.

 

 

           

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Brasil

TCU avalia cancelar licitação da Secom do Governo Federal após indícios de ‘graves irregularidades’

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Após identificar indícios de “graves irregularidades” em uma licitação que visava a contratação de assessoria de comunicação e gestão de redes sociais, a Unidade de Auditoria Especializada em Contratações do Tribunal de Contas da União (TCU) avalia pedir o cancelamento de um pregão feito pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom).

De acordo com o jornal O Globo, a área técnica do TCU entende que a licitação, que resultará em gastos de R$ 197,7 milhões, pode ter violado o sigilo das propostas técnicas de empresas concorrentes.

Isso porque o resultado do pregão teria sido “divulgado pela imprensa, de forma cifrada, um dia antes da data em que seriam abertos os envelopes contendo a identificação quanto à autoria de cada plano de comunicação digital”.

ENTENDA O CASO

A Secom do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou no fim de abril que quatro empresas venceram o pregão para assessoria de comunicação e gestão de redes sociais. Essa é considerada a maior licitação da história do Governo Federal para a área de comunicação digital.

A divulgação ocorreu no dia 24 de abril. No dia anterior, no entanto, o portal O Antagonista divulgou, de forma cifrada, informações sobre as empresas que seriam anunciadas vencedoras pelo Governo Federal.

“Se a subcomissão técnica conhecia antecipadamente a autoria de cada proposta técnica, como sugerem as evidências, o fato se constitui em irregularidade grave, conforme sustenta o representante, resultando em possível direcionamento do certame e maculando todo o procedimento da licitação”, pondera o relatório.

O Ministério Público, junto com o TCU, entrou com pedido de investigação, uma vez que o órgão teria “se deparado com informações publicadas na imprensa que demonstravam ter havido o descumprimento das normas editalícias que exigiam o sigilo quanto à autoria dos planos de comunicação”.

“Ou seja, em postagem do dia 23/4/2024, jornalistas já davam publicidade à informação de que as empresas Área Comunicação, Moringa, BR+ e Usina Digital seriam declaradas vencedoras da Concorrência 1/2024 da Secom. Contudo, somente em 24/4/2024 deveriam ser abertos os invólucros contendo a identificação quanto à autoria de cada plano de comunicação”, explica o pedido de investigação.

O MP alegou ainda “que entendia que se podia estar diante de irregularidades na condução do procedimento licitatório para contratação dessas empresas, porque o sigilo quanto à autoria dos planos de comunicação é pilar fundamental definido em edital para que se garanta a lisura e o respeito ao princípio da impessoalidade”.

A área técnica do TCU analisou o caso e endossou as suspeitas de irregularidades. O Tribunal disse ser necessária, também, “a atuação cautelatória do TCU, no sentido de adotar medida para determinar à Secom/PR que se abstenha de formalizar o contrato referente ao Edital 1/2024 até que haja deliberação deste TCU”.

O TCU acrescentou também que as informações trazidas pela imprensa podem demonstrar cartel entre as empresas declaradas vencedoras do certame, “de tal modo que seria também necessário enviar as informações aqui presentes, bem como das deliberações a serem adotadas pelo Tribunal, ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), para averiguação sobre a possível existência de cartel entre os licitantes”.

O documento também sugere que o tribunal determine a oitiva prévia da Secom “acerca da possível violação do sigilo do edital”, e também solicita que a corte “alerte a Secom quanto à possibilidade de o TCU vir a conceder medida cautelar para a suspensão” das contratações, “caso haja indicativo de afronta às normas legais e/ou possibilidade de ocorrência de prejuízos à Administração”. Fonte: Diario do Nordeste

 

 

           

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Brasil

Desemprego no Brasil recua a 7,1% em maio, menor taxa para o mês desde 2014

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A taxa de desemprego no Brasil caiu para 7,1% no trimestre finalizado em maio de 2024, segundo dados publicados nesta sexta-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com o recuo, o percentual de desocupados com 14 anos ou mais no país é o menor para o período desde 2014 quando a taxa de desemprego também foi de 7,1%.

O nível de desemprego caiu em maio e figura no menor nível em dez anos. Segundo a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), a atual taxa de desocupação é inferior à apurada no trimestre encerrado em abril (7,5%). No mesmo período do ano passado, o patamar de desocupados totalizava 8,3%.

Na análise de todos os meses do ano, o desemprego atual é o menor desde janeiro de 2015. No trimestre encerrado naquele mês, 6,9% da população estava a procura por uma vaga de emprego. O período, no entanto, já marcava a ascensão da piora do mercado de trabalho no Brasil, com a taxa de desemprego alcançando 13,9% em março de 2017.

Total de pessoas em busca por uma colocação no mercado é a menor desde fevereiro de 2015. O cenário mostra que 7,78 milhões de pessoas não tinham trabalho e buscaram por uma ocupação entre os meses de março e maio. No mesmo período do ano passado, o total de desocupados correspondia a 8,95 milhões de brasileiros. Já no trimestre encerrado em abril deste ano, 8,21 milhões procuravam por emprego no país.

Movimentos acompanham os resultados do início deste ano. No primeiro trimestre, a taxa de desemprego no Brasil foi de 7,9%. Tal percentual corresponde também ao menor nível desde 2014. O recuo foi seguido pelo menor patamar de desocupação em 21 estados e no Distrito Federal. Em março, a taxa foi de 7,5%.

“O crescimento contínuo da população ocupada tem sido impulsionado pela expansão dos empregados, tanto no segmento formal como informal. Isso mostra que diversas atividades econômicas vêm registrando tendência de aumento de seus contingentes”, explicou Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE.

Fonte: UOL

           

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