Conecte-se Conosco

Brasil

Déficit da Previdência assusta, mas INSS não consegue concluir perícias

Publicado

em

No final do ano passado, o INSS registrou um déficit nas suas contas de exatos R$306,2 bilhões, resultados de uma arrecadação líquida de R$582,6 bilhões para uma despesa de 898,8 bilhões pagos a exatos 39.302.547 de segurados. Naquele mês, foram concedidos 506.920 benefícios de todos os tipos. No mês de março último o número passou para 601.279 com o governo comemorando a redução para 43 dias na média da concessão de um benefício.

O problema entre dezembro de 2023 e março de 2024 é que o percentual Auxílio por incapacidade temporária (perícia médica) saltou de 47,35% no último mês do ano passado para 52,7% em março passado. Isso não quer dizer que o trabalhador brasileiro está mais doente. Mas o INSS está cada vez mais pagando o salário dos trabalhadores porque não consegue fazer no tempo adequado de modo a devolvê-lo à empresa.

Explosão de custo

Esse é um dos principais motivos pelos quais os números da Previdência estão explodindo. O INSS simplesmente não tem médicos para analisar os processos fisicamente (hoje existe apenas 5 mil profissionais contratados pelo INSS) e com a explosão dos laudos de médicos terceirizados através de um documento chamado Atestemed o segurado pode ficar mais tempo em casa já que não consegue ser recebido por um prefiro que o devolva a empresa.

No relatório de março do INSS tem um dado surpreendente. Dos 601.279 benefícios concedidos o por aposentadoria por idade somaram apenas 13,5%. Os por tempo de contribuição 3,1% enquanto os de Pensão por morte ficaram em 6,1% e benefício assistencial ao idoso chegou a 4,5%. A única notícia boa desse quadro é que o salário-maternidade concedido às mães seguradas chegou a 9,6% mostrando a proteção da trabalhadora na hora em que é mãe.

Pouco aposentado

Entretanto, o quadro geral do INSS é assustador e isso não tem a ver com o maior número de concessão de aposentadorias como muitos analistas falam quando não observam os números desagregados.
No mês de março o Brasil pagou a 39.504.571 segurados onde 33.734.682 foram Benefícios do RGPS.

Outros 6.008.463 foram de Benefícios Assistenciais e de Legislação Especial que juntos custaram no mês R$76,3 bilhões. Isso quer dizer que mantida essa tendência o déficit de 2024 vai chegar a mais de 400 bilhões com expectativa de meio trilhão em 2025. Em janeiro do ano passado o custo da previdência foi de 68,97 bilhões que saltou para 75,69 bilhões em janeiro último.

O que não está dito claramente é que quando os aposentados por idade e tempo de contribuição além de serem em menor número recebem seus proventos depois de um cálculo que pega a média das contribuições. Segundo o INSS o valor médio de uma aposentadoria por tempo de contribuição para o homem foi de R$3.182,77 e de R$2.642,26.

Divulgação
Agencia do INSS da Previdência não conseguem analisar todos os pedidos de pericias médicas – Divulgação

Auxílio-doença

Dito de outra forma. No ano as aposentadorias custaram R$178.3 bilhões. O auxílio doença com afastamento R$429.8 bilhões. O Brasil não teve em 2023 um total 240.014 trabalhadores que precisam custar tanto à Previdência, uma importante parcela desse número se deve ao fato de o INSS não conseguir devolvê-los às empresas depois de uma perícia.

O problema de deixar o segurado no benefício é que nessa condição ele recebe seu salário até o teto de contribuições de R$7.786,02 descontados 14% de contribuição previdenciária.

Em exigências

De certa forma, enquanto ele estiver sob responsabilidade médica da previdência seu salário será pago pelo INSS. Assim a falta de peritos em números necessários abre a porta para dois cenários: impede o trabalhador que está curado e deseja voltar para a empresa e o que prefere retardar a volta e ficar sendo pago pelo INSS pelo maior período de tempo possível.

Em março o INSS tinha 239.591 trabalhadores em exigências de concessão de benefícios em até 45 dias e mais 17627 em até 90 dias. Como segundo o próprio INSS mais de metade desses benefícios são concedidos por auxílio doença é possível ter uma ideia de quanto isso custa à Previdência. E sem perspectivas de recomposição dos quadros dos médicos peritos, o quadro só tende a se agravar

Energia livre

O Mercado Livre de Energia encerrou 2023 com 38.531 unidades consumidoras, obtendo um crescimento de 22% em relação a 2022. Embora as empresas que negociam energia neste ambiente representem menos de 1% do número de unidades consumidoras do país, elas respondem por cerca de 40% do total da energia consumida no Brasil, segundo as informações da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).

Feira de shopping

A Associação Brasileira de Shopping Centers promove, de 26 a 28 de junho, três importantes eventos: o 18º Congresso Internacional de Shopping Centers, a Exposhopping, a Cámara Latinoamericana de la Industria de Centro Comerciales (Clicc) e a ABF Franchising Expo, maior feira de franquias do mundo simultaneamente à ABF Franchising Week.

Keiny Andrade
Brasil tem falta de 140 mil padeiros e empresas de trigo pferecem treinamento e empregos, – Keiny Andrade

Sem padeiro

Estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip) revela que o Brasil tem 140 mil vagas de emprego abertas em padarias. A falta de mão de obra é um dos principais gargalos do setor, que movimentou R$135,24 bilhões em 2023. E as indústrias processadoras de trigo tentam ajudar. A Fundação Bunge desenvolve o projeto De Grão em Pão, que oferece formação gratuita para jovens de 18 a 29 anos, moradores da periferia de São Paulo (SP), Duque de Caxias (RJ) e Recife (PE).

Grupo Pau Brasil,

O empresário Zenildo Oliveira, presidente do Grupo Pau Brasil, com sede em Sousa (PB) , recebeu o prêmio como o maior “Contribuinte de ICMS da Paraíba” da revista Painel Empresarial em um evento realizado, em João Pessoa. O Grupo Pau Brasil tem 30 anos de atividades como revenda de motos, construção e distribuição de bebidas.

Hairnor 2024

De domingo (2) a terça-feira (4), o Centro de Convenções de Pernambuco será palco da 12ª Hairnor – Feira de Beleza do Nordeste, evento que promete agitar o cenário com uma movimentação de R$60 milhões em negócios. O ingresso para os três dias (domingo, segunda e terça-feira) pelo valor de R$45,00. E o motivo de começar no Domingo é que este e a segunda são os dias de folga da categoria que tem o sábado como principal dia de vendas de serviços.

Latam lidera

Apesar das ações da Azul e da Gol para operações de code-share, a ANAC revelou que a LATAM bateu a marca de 40% de participação no mercado doméstico brasileiro durante abril de 2024. A LATAM opera atualmente a maior malha aérea da sua história no Brasil, com voos para 52 aeroportos em território nacional.

Hoje tem festa

Depois da pandemia o brasileiro não deixa de perder nenhuma oportunidade de fazer uma festa. O setor de lojas especializadas em festas, candies e confeitaria no Brasil registraram um crescimento de 26% no faturamento entre 2021 e março de 2024 segundo dados da Associação Brasileira do Comércio de Artigos para Festas e Correlatos (ASBRAFE) que comemorou a manutenção do PERSE prevendo aumento de gastos com folha de pagamento e encargos sociais, a maior valorização das comemorações e a busca por novas tendências de consumo.

Divulgação
Feira de negócios Church Tech Expo 2024. – Divulgação

Negócio de igreja

Acredite. Existe um negócio de serviços de infraestrutura para igrejas. E esse mercado é o que justifica a realização da Church Tech Expo 2024, um evento voltado para tecnologia e infraestrutura para templos e igrejas na América Latina. Acontecerá no centro de eventos Pro Magno, nos dias 5 e 6 de junho e vai com uma exposição que oferecerá uma experiência imersiva em soluções tecnológicas inovadoras que transformam a maneira como as igrejas se conectam com suas congregações e comunidades e fazer networking, conectando líderes de igrejas, profissionais de tecnologia com especialistas dessa indústria.

Na MaxPlural
O executivo Carlos Coimbra, que nos últimos 15 anos liderou a operação sudeste de uma grande incorporadora nacional e também os nomes mais conhecidos do mercado imobiliário pernambucano, é o novo diretor executivo da MaxPlural.

Recife Expo Center

O Recife Expo Center, que tem inauguração prevista para agosto, estará na feira EBS – Evento Business Show (SP) nos dias 5 e 6 de junho. A EBS reunirá mais de 80 expositores, além de programação de conteúdo com o Congresso Mice Brasil e rodadas de negócios. O Recife Expo Center é um dos patrocinadores das rodadas de negócios do evento.

Divulgação
Patio de Eventos do São João de Caruaru. – Divulgação

Ecad no forró

A Fundação de Cultura de Caruaru assinou um contrato com o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) para pagar os direitos autorais pela programação musical dos 72 dias do evento de 2024. Assim, os compositores e artistas que tiverem suas músicas tocadas no São João de Caruaru, no agreste pernambucano, terão os seus direitos autorais de execução pública garantidos. Mas infelizmente cidades que intitulam os maiores e melhores eventos da região como o São João de Campina Grande (PB) e São João de Petrolina (PE) ainda não seguiram o exemplo de Caruaru.

Mini agência

O Banco do Nordeste inaugurou em Pernambuco sua primeira mini agência instalada em contêiner modular do Brasil. Com design moderno, estrutura interna confortável e sustentável, a unidade opera no município de Ipojuca. Mais duas devem ser instaladas esta semana em Cabrobó (PE) e Petrolândia (PE). Desenvolvidas pela empresa pernambucana Agemar Infraestrutura e Logística, outras 50 lojas avançadas desse tipo também serão instaladas em todo Nordeste e nas regiões dos estados do Espírito Santo e Minas Gerais nas quais o banco atua.

Doações ao RS

Os shoppings pernambucanos receberam, em 10 dias de campanha, mais de 30 toneladas de doações, que serão enviadas para a população do Rio Grande do Sul.Toda a arrecadação foi entregue para a CUFA – Central Única das Favelas – parceira da Associação Pernambucana de Shopping Centers (Apesce) nesta ação e que está articulando o envio. A campanha foi encerrada na última semana.

Fonte:  JC

           

Seja sempre o primeiro a saber. Baixe os nossos aplicativos gratuito.

Siga-nos em nossas redes sociais FacebookTwitter e InstagramVocê também pode ajudar a fazer o nosso Blog, nos enviando sugestão de pauta, fotos e vídeos para nossa a redação do Blog do Silva Lima por e-mail blogdosilvalima@gmail.com ou WhatsApp (87) 9 9937-6606 ou 9 9155-5555.

Brasil

Desemprego no Brasil recua a 7,1% em maio, menor taxa para o mês desde 2014

Publicado

em

A taxa de desemprego no Brasil caiu para 7,1% no trimestre finalizado em maio de 2024, segundo dados publicados nesta sexta-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com o recuo, o percentual de desocupados com 14 anos ou mais no país é o menor para o período desde 2014 quando a taxa de desemprego também foi de 7,1%.

O nível de desemprego caiu em maio e figura no menor nível em dez anos. Segundo a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), a atual taxa de desocupação é inferior à apurada no trimestre encerrado em abril (7,5%). No mesmo período do ano passado, o patamar de desocupados totalizava 8,3%.

Na análise de todos os meses do ano, o desemprego atual é o menor desde janeiro de 2015. No trimestre encerrado naquele mês, 6,9% da população estava a procura por uma vaga de emprego. O período, no entanto, já marcava a ascensão da piora do mercado de trabalho no Brasil, com a taxa de desemprego alcançando 13,9% em março de 2017.

Total de pessoas em busca por uma colocação no mercado é a menor desde fevereiro de 2015. O cenário mostra que 7,78 milhões de pessoas não tinham trabalho e buscaram por uma ocupação entre os meses de março e maio. No mesmo período do ano passado, o total de desocupados correspondia a 8,95 milhões de brasileiros. Já no trimestre encerrado em abril deste ano, 8,21 milhões procuravam por emprego no país.

Movimentos acompanham os resultados do início deste ano. No primeiro trimestre, a taxa de desemprego no Brasil foi de 7,9%. Tal percentual corresponde também ao menor nível desde 2014. O recuo foi seguido pelo menor patamar de desocupação em 21 estados e no Distrito Federal. Em março, a taxa foi de 7,5%.

“O crescimento contínuo da população ocupada tem sido impulsionado pela expansão dos empregados, tanto no segmento formal como informal. Isso mostra que diversas atividades econômicas vêm registrando tendência de aumento de seus contingentes”, explicou Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE.

Fonte: UOL

           

Seja sempre o primeiro a saber. Baixe os nossos aplicativos gratuito.

Siga-nos em nossas redes sociais FacebookTwitter e InstagramVocê também pode ajudar a fazer o nosso Blog, nos enviando sugestão de pauta, fotos e vídeos para nossa a redação do Blog do Silva Lima por e-mail blogdosilvalima@gmail.com ou WhatsApp (87) 9 9937-6606 ou 9 9155-5555.

Continue lendo

Brasil

Lula sanciona taxação de compras internacionais de até 50 dólares

Publicado

em

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta quinta-feira (27) a lei que estabelece a taxação de compras internacionais de até US$ 50 (cerca de R$ 250), então isentas de imposto de importação. O novo texto inclui uma cobrança de 20% sobre o valor de compras dentro desse limite, muito comuns em sites internacionais como Shopee, AliExpress e Shein.

A taxação foi incluída no programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que cria incentivos para a fabricação de veículos menos poluentes. O texto foi aprovado na Câmara dos Deputados no último dia 11, por 380 votos contra 26, e a sanção ocorreu durante a 3ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão.

Originalmente apresentado pelo governo federal, o projeto Mover prevê R$ 19,3 bilhões em incentivos, durante cinco anos, e redução de impostos para pesquisas e desenvolvimento de tecnologias e produção de veículos que emitam menos gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento da terra e pelas mudanças climáticas.

Primeira infância

Durante a reunião, Lula assinou ainda decreto para instaurar uma política nacional integrada para a primeira infância. O texto tem como base propostas elaboradas por um grupo de trabalho e entregues ao governo federal no último dia 13, com estratégias integradas entre diferentes áreas da administração federal para a priorizar crianças de até 6 anos de idade – sobretudo as que estão em situações de vulnerabilidade.

Outros decretos

Também foi assinado decreto que trata de projetos tecnológicos de alto impacto. A iniciativa tem, dentre outros objetivos, ampliar a cooperação entre instituições cientificas e empresas, além de estimular projetos sustentáveis, impulsionar a produção industrial de alto valor agregável e estimular o desenvolvimento de polos tecnológicos.

O presidente assinou ainda mais um decreto que institui estratégia nacional da economia circular. A proposta do governo federal é promover a transição do atual modelo de produção linear para uma economia circular, que incentiva o uso eficiente de recursos naturais e de práticas sustentáveis ao longo da cadeia produtiva.

Fonte: Agência Brasil

 

 

           

Seja sempre o primeiro a saber. Baixe os nossos aplicativos gratuito.

Siga-nos em nossas redes sociais FacebookTwitter e InstagramVocê também pode ajudar a fazer o nosso Blog, nos enviando sugestão de pauta, fotos e vídeos para nossa a redação do Blog do Silva Lima por e-mail blogdosilvalima@gmail.com ou WhatsApp (87) 9 9937-6606 ou 9 9155-5555.

Continue lendo

Brasil

Dia do Orgulho LGBTQIA+: país tem longa história de luta por direitos

Publicado

em

“Visibilidade” é a palavra-chave que atravessa a história de luta LGBTQIA+ no Brasil. Nem nos momentos mais violentos e autoritários, como a ditadura militar, houve silêncio, covardia, inércia. Nas tentativas de formar encontros nacionais entre 1959 e 1972; na criação do Grupo Somos e dos jornais Lampião da Esquina e ChanacomChana, em 1978; no levante de lésbicas do Ferro’s Bar em 1983 e na pressão de anos para retirar a homossexualidade do rol de doenças, concretizada em 1985, houve protagonismo, mobilização e luta.

Com esse histórico, chama a atenção que a principal data de celebração da população LGBTQIA+ no país seja o 28 de junho, que faz referência a uma revolta ocorrida em 1969 na cidade de Nova York. Na ocasião, frequentadores do Stonewall Inn, um dos bares gays populares de Manhattan, reagiram a uma operação policial violenta, prática habitual do período. A resistência virou um marco do movimento LGBTQIA+ por direitos nos Estados Unidos (EUA) e passou a ser comemorada em muitos outros países, incluindo o Brasil, como o Dia Internacional do Orgulho LGBT+.

Pesquisadores e ativistas ouvidos pela reportagem da Agência Brasil entendem que a revolta em Nova York virou um símbolo internacional muito mais pela força geopolítica e cultural dos Estados Unidos, do que pelo fato de ter sido o principal evento do tipo no mundo.

“As datas podem e devem ser celebradas. Mas nem tudo começa em Stonewall e nem tudo se resolveu lá. São muitos outros episódios que precisam ser lembrados para que a gente tenha uma memória mais coletiva, plural, democrática e diversa sobre as lutas da comunidade LGBTQIA+”, explica Renan Quinalha, professor de Direito da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente do Grupo Memória e Verdade LGBTQIA+, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). “A gente acaba tendo aí uma força do imperialismo norte-americano cultural. Isso invisibiliza alguns marcos domésticos, nacionais, que a gente precisa celebrar também como avanços, conquistas e referências de memória nessa construção política da comunidade”.

Para a historiadora Rita Colaço, ativista LGBTQIA+ e diretora diretora-presidente do Museu Bajubá. é preciso olhar menos para os EUA como referência e valorizar elementos próprios do movimento brasileiro.

20.06.2024. Sidrolândia (MS) - Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) realizou o primeiro Encontro LGBTQIA+ Indígena Guarani Kaiowá em evento piloto do Programa Bem Viver+.
Crédito: Gustavo Glória/MDHC
Sidrolândia (GO) – Primeiro Encontro LGBTQIA+ Indígena Guarani Kaiowá, em evento piloto do Programa Bem Viver+ – Foto Gustavo Glória/MDHC

“O mito de Stonewall vai sendo construído a posteriori. Se você pega a imprensa brasileira, faz uma pesquisa na hemeroteca da Biblioteca Nacional, não tem nada, não se fala disso. Até nos anos 70, no final dos 70, quando chega o Lampião, você não vê Stonewall com essa referência toda, com esse peso todo que ele vai adquirindo nos anos seguintes”, diz Rita. “Para ser fiel à história, não se pode dizer que Stonewall foi a primeira revolta, nem que deu início à luta pelos direitos LGBT. Isso é uma inverdade nos Estados Unidos e no mundo”.

“Então, a gente precisa se apropriar do nosso passado, do nosso patrimônio, dos nossos registros, dos nossos vestígios, dos nossos acervos, reverenciá-los, se orgulhar deles e lutar para que eles sejam salvaguardados, restaurados, preservados, para que as nossas datas, as datas das nossas lutas sejam rememoradas, sejam dadas a conhecer. É esse trabalho que eu, junto com vários outros pesquisadores pelo Brasil adentro, venho fazendo, procurando sensibilizar as pessoas para a importância da nossa história”, complementa Rita.

Stonewall brasileiro?

E se voltássemos nossa atenção exclusivamente para a história nacional? Seria possível identificar um marco de luta LGBTQIA+, um episódio principal que tenha impulsionado o movimento? Um “Stonewall brasileiro”?

“Não há uma revolta ou uma rebelião semelhante a Stonewall no Brasil. O que a gente pode falar é de acontecimentos marcantes, momentos específicos e isolados. Numa perspectiva em série, reconhecemos a importância de movimentos ou ações mais particulares e isolados. Nos Estados Unidos mesmo, Stonewall não surge da noite para o dia. Dez anos antes, em 1959, já havia ocorrido em Los Angeles um movimento que ficou conhecido como Revolta de Cooper Do-nuts”, analisa Luiz Morando, pesquisador de Belo Horizonte sobre a memória LGBTI+.

O raciocínio é o mesmo de Marco Aurélio Máximo Prado, professor e coordenador do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT+ (NUH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Para ele, faz mais sentido pensar na história a partir da noção de processo e não de um episódio isolado.

“Eu prefiro falar de acontecimentos, que seguem um movimento em rede, do que identificar ou outro marco de origem. Porque são milhares de protagonismos em diversos lugares e contextos”, defende Marco Aurélio. “É muito mais produtivo pensar em uma série, em um processo histórico, em que a gente possa observar que esse orgulho foi sendo construído, com as demandas e reivindicações, ao longo de um tempo. Nada brota espontaneamente de um momento para o outro. Há uma série que vai levar à geração de determinado procedimento, revolta ou rebelião, que detona daí em diante uma série de conquistas para determinada população”.

Mobilização nacional

Mesmo pensada a partir da ideia de processo histórico, a construção do movimento LGBTQIA+ brasileiro é fenômeno complexo, que envolve um conjunto grande de acontecimentos e realizações. Alguns se destacam pela repercussão e capacidade de inspirar outros grupos.

“O processo de construção da consciência política, do segmento que a gente chamava há pouco tempo de ‘homossexualidades’, e agora cada vez aumenta mais o número de letras, é muito antigo. Esse movimento de construção da identidade e da necessidade de se organizar remonta ao final dos anos 1950. Depois, vai se consolidando com a imprensa alternativa, que eram aqueles boletins manuscritos. Os grupos se organizavam em torno de festas, brincadeiras, e a partir desses boletins eles foram refletindo sobre sua condição, divulgando textos de livros, peças teatrais, filmes, acontecimentos no exterior, a luta na Suécia, a luta na Inglaterra contra a criminalização da homossexualidade. Então, essas notícias, eles replicavam para os grupos por meio desses boletins”, diz a historiadora Rita Colaço.

O pesquisador Luiz Morando destaca as tentativas de organização de encontros nacionais de homossexuais e travestis entre 1959 e 1972. As principais ocorreram em Belo Horizonte, Niterói, Petrópolis, João Pessoa, Caruaru e Fortaleza.

“Os organizadores daquelas tentativas de encontros, de congressos, eram surpreendidos e presos pela polícia para serem fichados e impedidos de continuar os eventos. Dá muito mais orgulho pensar nesse processo histórico e na formação de uma consciência política ao longo do tempo”, diz Luiz Morando.

Eventos que reuniram mais de uma bandeira de luta dos grupos marginalizados também foram importantes pela capacidade de diálogo e transversalidade.

Rio de Janeiro (RJ) 27/06/2024 -  Orgulho LGBT
Foto: Acervo Grupo Arco-Íris/Divulgação
Rio de Jaeiro – Parada do Orgulho LGBT – Foto Acervo Grupo Arco-Íris/Divulgação

“Tivemos um episódio fundamental, que considero o primeiro de mobilização convocada e feita pela população de maneira mais consciente e politizada, que é o 13 de junho de 1980. Ficou conhecido como Dia de Prazer e Luta Homossexual, uma manifestação contra a violência policial. Esse episódio aconteceu em São Paulo, no Teatro Municipal, e reuniu várias entidades do movimento LGBT+ e outros movimentos, como o negro, feminista e de prostitutas. Eles denunciavam a violência do delegado José Wilson Richetti, que fazia operações policiais de repressão no centro da cidade. Por noite, em um fim de semana, entre 300 e 500 pessoas chegavam a ser presas arbitrariamente”, diz o professor Renan Quinalha.

Luta trans

Em 2004, a ativista, ex-presidenta e atual secretária da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), Keila Simpson, desembarcava em Brasília para participar do que viria a ser um dos momentos mais icônicos da luta das pessoas trans: o lançamento da campanha Travesti e Respeito, promovida pelo Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde. A ação foi lançada no Congresso Nacional e acabou por marcar o Dia da Visibilidade de Transexuais e Travestis, em 29 de janeiro.

Um grupo de homens e mulheres trans reuniu-se na capital antes mesmo do lançamento. Keila conta que eles participaram de oficinas de maquiagem, de vestuário, de noções de direitos humanos e de fotografia. Depois, foram produzidos os cartazes oficiais da campanha. Entre os dizeres estava: “Travesti e respeito. Já está na hora de os dois serem vistos juntos. Em casa. Na boate. Na escola. No trabalho. Na vida”.

“A gente fez o lançamento no Congresso Nacional, mas a campanha não foi recebida muito bem pela sociedade. O que prova que o estigma era grande e ainda está presente”, diz Keila. “O nosso objetivo era dialogar com a sociedade, mostrar que travestis também deveriam e poderiam ter direito ao respeito”.

Ainda nos dias de hoje, 20 anos depois, a população trans continua sendo a maior vítima de violência entre os grupos que formam a comunidade LGBTI+. Segundo o Dossiê de LGBTIfobia Letal, do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+ no Brasil, em 2023 ocorreram 230 mortes LGBTI+ de forma violenta no país. Entre as vítimas, 142, o equivalente a 62%, eram travestis e mulheres trans.

“Em um país violento como o Brasil, é preciso que a gente demarque datas. Em toda a história da humanidade, se rememora a luta travada por pessoas que estavam em processo de exclusão e que reivindicavam direitos de participação”, reflete Keila. “Mas a gente precisa compreender também que não é necessário falar desse problema somente nessas datas, mas em todos os momentos. Que elas sejam um marco de luta, mas que continuemos escrevendo ou reescrevendo a história de uma forma muito mais tranquila”.

Primeiras marchas e paradas

A partir dos anos 1990, as “marchas” ou “paradas” passaram a ser manifestações públicas importantes de demonstração do orgulho LGBTQIA+ e de reivindicação de direitos. As primeiras tentativas começaram ainda na década de 1980, por não conseguirem reunir número significativo de pessoas.

No Rio de Janeiro, para que o evento pudesse ter apelo maior nas ruas, foi essencial o trabalho do Grupo Arco Íris, fundado em 1993. Líderes da organização, entre eles o ativista Cláudio Nascimento, persistiram na missão de fortalecer o movimento e mobilizar número maior de pessoas.

“A gente entendia que precisava construir outros referenciais para suplantar a ideia de sermos só um movimento defensivo, de reclamar a vitimização da violência. Deveria se colocar também no lugar de protagonista, de sujeitos históricos para a construção das nossas lutas e reivindicações”, diz Cláudio. “Conversamos com outros grupos, mostrando que era importante primeiro produzir algumas atividades dentro dos próprios movimentos para as pessoas criarem algum nível também de segurança individual, de fortalecimento da própria sexualidade, para ter essa capacidade de se colocar em público, se colocar no mundo”.

Em 1995, Cláudio coordenou, no Rio de Janeiro, a Conferência Mundial de Gays, Lésbicas e Travestis, que era a Conferência Mundial da ILGA – International Lesbian and Gay Association, a entidade da época mais importante internacionalmente. Foi uma oportunidade de aproveitar o público presente no encontro para organizar a primeira Parada do Orgulho LGBT em 22 de junho de 1995. Os organizadores estimam o número total de participantes em 3 mil.

“É muito importante que a comunidade reconheça, valorize a nossa memória, a nossa história, porque são passos que foram construídos ao longo do tempo por muitas mãos e que não tem apenas um artífice. São várias pessoas produzindo essa aventura, essa luta, nessa trajetória que o movimento construiu até agora. A nossa luta é coletiva. Nunca será individual”, diz Cláudio.

Novos desafios

Se efemérides são importantes para celebrar e relembrar conquistas sociopolíticas, também se tornam momentos de reflexão sobre as próximas etapas de luta. Por mais que se tenha avançado na ampliação de direitos e respeito à diversidade de gênero e de sexo no país, ainda há uma série de desafios pela frente. Para os pesquisadores e ativistas, o avanço dos grupos conservadores e do fundamentalismo religiosos são hoje as principais fonte de ameaças aos direitos já conquistados.

“Temos visto lutas no Judiciário para garantir o reconhecimento dos nossos direitos. É uma batalha complicada, porque hoje percebemos que estamos com os próprios valores civilizatórios ameaçados. Estamos em um momento da história muito perigosa, porque não é só o direito desse ou daquele segmento que está sendo ameaçado, é a própria estrutura da República, da democracia, os valores éticos, os valores civilizatórios mesmo. Tudo está sendo posto em xeque por esse avanço fundamentalista”, diz a historiadora Rita Colaço.

Rio de Janeiro (RJ) 27/06/2024 -  Orgulho LGBT - Concursos Miss - Miss Travesti Minas Gerais 1966
Foto: Antônio Cocenza/Museu Bajubá/Divulgação
Rio de Janeiro –  Concurso Miss Travesti Minas Gerais 1966 – Foto Antônio Cocenza/Museu Bajubá/Divulgação

“A história dos direitos LGBT+ no Brasil não pode ser olhada como uma linha reta de desenvolvimento e progresso. Muito pelo contrário, ela é de contradições, paradoxos, luta com ganhos e perdas. E, neste momento de enorme ofensiva contra os direitos LGBT+ e contra a diversidade de gênero, sem dúvida teremos que nos reinventar em novas lutas políticas no campo dos direitos”, avalia o professor da UFMG, Marco Aurélio.

 

 

Fonte: Agência Brasil

 

           

Seja sempre o primeiro a saber. Baixe os nossos aplicativos gratuito.

Siga-nos em nossas redes sociais FacebookTwitter e InstagramVocê também pode ajudar a fazer o nosso Blog, nos enviando sugestão de pauta, fotos e vídeos para nossa a redação do Blog do Silva Lima por e-mail blogdosilvalima@gmail.com ou WhatsApp (87) 9 9937-6606 ou 9 9155-5555.

Continue lendo
Propaganda

Trending

Fale conosco!!