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Saúde

Asma: conheça os erros que comprometem o tratamento e oferecem perigo

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Para o pequeno Caetano, de apenas 3 anos, os desafios da vida começaram cedo. A respiração, uma função básica e automática para a sobrevivência, se tornou um fardo antes mesmo que ele fosse capaz de pronunciar qualquer palavra. A jornada da criança, diagnosticada com asma, impôs uma nova rotina aos familiares.

“Tudo começou com a presença de muito catarro nas vias aéreas. Em 2021, no Dia das Mães, notei que ele estava muito molinho, a boca passou a ficar roxa e corremos para o pronto-socorro”, conta a progenitora, Ana Luísa Pereira, de Curitiba. Na ocasião, ele permaneceu internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) devido à baixa oxigenação no sangue, um dos efeitos da descompensação.

Com a assistência adequada, melhorou e pôde voltar para casa. Mas esse era só o primeiro capítulo da sua história com a asma, uma das doenças respiratórias mais comuns, com cerca de 20 milhões de afetados no Brasil, entre crianças, adultos e idosos.

A condição é caracterizada pela inflamação das vias aéreas, geralmente associada a mudanças bruscas de temperatura, exposição à poluição, contato com substâncias capazes de provocar alergias e até mesmo esforço físico. Contudo, as causas exatas que levam ao seu desenvolvimento não são completamente esclarecidas pela ciência.

Entre as hipóteses mais aceitas, está uma mistura de componentes genéticos e ambientais. Eles tornam o sistema respiratório hiper-reativo, o que pode desatar as temidas crises, quando os tubos dos pulmões se estreitam, dificultando a passagem de ar. Aí respirar vira realmente um sufoco.

O número de hospitalizações em 2023 chegou a 83 mil, um índice alto e empurrado principalmente por falhas ao lidar com o controle do problema. A descompensação por trás das crises é consequência de uma combinação de erros, como a falta de adesão ao tratamento, o descuido no manejo dos gatilhos, o uso incorreto de medicações e a descontinuidade do seguimento médico.

A cada seis meses, a assessora de imprensa Ana Luísa leva o filho a consultas com o pneumologista, que acompanha a evolução de Caetano. Inicialmente, foi necessário implementar uma terapia diária com a utilização das populares “bombinhas”.

Resumidamente, esses dispositivos para inalação de medicamentos podem ser divididos em duas categorias. Linha central do tratamento, os corticoides atuam diretamente sobre a causa do problema, a inflamação dos brônquios, as estruturas que levam o ar para os pulmões. Já os broncodilatadores consistem em fármacos que ajudam a relaxar os músculos das vias aéreas, aliviando temporariamente os sintomas.

“Dependendo da gravidade, a inflamação pode ser contínua e mostrar uma piora durante as crises. E um dos grandes erros é deixar de fazer o tratamento da sua origem, priorizando apenas o cuidado dos sinais imediatos”, explica o alergista Pedro Giavina-Bianchi Júnior, do Departamento Científico de Asma da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).

Um dos pilares na contenção da asma consiste em identificar e afastar os principais motivos que disparam as crises. Os agentes variam bastante de uma pessoa para outra (veja no quadro abaixo); por isso, é importante manter a observação atenta e contar com o suporte de um profissional.

“Na verdade, asma é um termo guarda-chuva que abriga várias condições”, afirma o pneumologista Frederico Arrabal Fernandes, diretor da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT). “O tipo alérgico é aquele mais comum na criança, que geralmente tem rinite e outros sintomas respiratórios. No não alérgico, o indivíduo apresenta inflamação nas vias aéreas, mas sem histórico ou qualquer tipo de hipersensibilidade prévia”, continua o médico.

E a coisa pode se complicar. “Existem também outros tipos de asma, como a induzida por exercício, a gestacional ou a ocupacional”, detalha Fernandes. No caso do pequeno Caetano, a hereditariedade foi um ponto forte para o desenvolvimento da enfermidade. “Sou bem alérgica, tenho bastante rinite. E o meu marido também possui problemas respiratórios, já teve pneumonia algumas vezes e bronquite quando criança”, relata a mãe, Ana Luísa.

O ciclo da família se fecha na filha mais velha, de 15 anos, que também foi diagnosticada com asma, mas evoluiu sem sofrer tantas complicações.

Entre as principais ameaças que levam à perda do fôlego estão as características do ambiente, como a presença de poeira, mofo, ácaro e pelos de animais, que podem se espalhar pelo chão, pelas cobertas e os travesseiros.

É justamente sobre esse ponto que se concentra um dos lapsos mais comuns relacionados ao surgimento das famigeradas crises. Quando um asmático permanece próximo aos gatilhos que despertam a reação inflamatória pulmonar, os demais cuidados acabam se resumindo a uma sentença: enxugar gelo.

Para manter o fluxo livre, leve e solto, é preciso colocar a mão na massa e fazer algumas mudanças em casa e na rotina. Isso significa que nem toda residência poderá abrigar tapetes felpudos, longas cortinas ou aquela coleção de bichinhos de pelúcia.

Importância do exercício físico no tratamento da asma

Um equívoco usual que pode contribuir para a exacerbação do quadro se baseia no antigo mito de que o indivíduo com asma deve evitar exercícios. Porém, o ideal é exatamente o oposto. “A atividade física é ótima para evitar crises e melhorar a capacidade de minimizar os efeitos decorrentes delas. Existe no inconsciente coletivo essa ideia de risco, mas é algo que não faz sentido”, enfatiza Fernandes.

Nesse contexto, vale qualquer modalidade para colocar o corpo em movimento, incluindo a natação. Os cuidados envolvem evitar práticas ao ar livre em dias mais frios e secos e principalmente se proteger de mudanças bruscas de temperatura.

Além da inatividade, outro ponto de atenção é subestimar as próprias manifestações respiratórias. “Alguns pacientes se acostumam de tal maneira com o mal-estar que passam a entender aquela situação como um estado de normalidade. No entanto, não está tudo bem se houver chiado no peito, falta de ar ou tosse todos os dias”, avisa o pneumologista da SPPT. “São indícios de que é preciso ajustar o tratamento para buscar a reversão dos sintomas”, prossegue. E quanto antes!

Compreender a asma na sua mais dura essência pode ser difícil, uma vez que a medicina é clara: ainda não há cura. No entanto, o controle é possível e amplia significativamente a qualidade de vida.

“Trabalhamos com os pacientes o conceito de remissão. A ideia é tirar a doença de atividade”, afirma Bianchi Júnior. “Ao combater o processo inflamatório, a pessoa deixa de apresentar sintomas e passa a ter uma função pulmonar normal e sem os efeitos colaterais das medicações.”

Dependência da bombinha

Não tem jeito, para chegar lá é preciso disciplina — regrinha que se aplica a praticamente toda doença crônica.

E esse foi o maior obstáculo para a publicitária Rachel Rossi, de 42 anos, do Rio de Janeiro. Diagnosticada aos 6 meses de idade, ela experimentou uma série de terapias ao longo da vida. Apesar dos esforços, a carioca relata sentir uma grande dificuldade em manter os cuidados nos trilhos.

“A minha dependência do broncodilatador acaba levando à descontinuidade dos demais tratamentos, que são contínuos e requerem rotina”, relata. “Eu começo, vou fazendo, mas, quando surge algum imprevisto, recorro direto à bombinha, que tem uma praticidade e um efeito imediato. Acho que virou costume”, desabafa Rachel.

A comunicadora não está sozinha. Esse é um tipo de relato bastante corriqueiro nos consultórios médicos. O uso excessivo de dispositivos contendo fármacos que apenas induzem o relaxamento da musculatura das estruturas pulmonares também integra o rol de equívocos cometidos por muitos pacientes. Só que, no longo prazo, o emprego desmedido dessa solução paliativa tende a ser perigoso.

“Pode ocorrer o remodelamento dos brônquios, que cicatrizam de uma maneira mais fechada, o que inviabiliza uma função pulmonar normal”, descreve o pneumologista José Eduardo Afonso Júnior, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. “Nesses casos, o paciente acaba vivenciando um quadro semelhante ao da bronquite crônica do fumante”, compara.

Embora tenham o propósito de trazer alívio imediato aos incômodos respiratórios, as bombinhas com esses medicamentos devem ser utilizadas com parcimônia.

“O problema de utilizar apenas o dispositivo sem corticoide para acabar com o desconforto é que a inflamação que está nos brônquios continuará lá e poderá, inclusive, piorar. O indivíduo passa a ter crises mais frequentes e intensas porque não está tratando a base da doença”, explica Fernandes.

Foi o que aconteceu com Rachel. Ela revela conviver frequentemente com os acessos da asma, que ocorrem até mesmo durante a madrugada. “Os motivos são diversos: poeira, ácaro, cheiro forte, mudança de tempo, ansiedade ou preocupação excessiva… Até atividade física intensa, como uma corrida ou treino de spinning, pode me deixar com falta de ar depois”, elenca a publicitária.

Tiro pela culatra

De acordo com as diretrizes terapêuticas atuais, a recomendação é recorrer tanto a dispositivos que contenham broncodilatadores quanto corticoides, para mirar o sintoma e a causa em uma tacada só. Pena que não é o que acontece na prática em inúmeros lares.

Um estudo recém-publicado por universidades nacionais com dados das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do país, abarcando serviços públicos e privados, concluiu que apelar com frequência aos broncodilatadores aumenta o risco de descontrole e de exacerbações graves. Um tiro da medicação que sai pela culatra.

Fora isso, o manejo das bombinhas e aparelhos de inalação também pode impor dificuldades, especialmente a crianças e em situações de emergência. Nessas horas, para evitar erros, é útil contar com o apoio de um espaçador, uma peça de plástico com um bocal ou máscara. O manuseio correto deve fazer parte das orientações médicas, tanto no início do acompanhamento como ao longo das consultas periódicas — até porque dúvidas e ajustes no tratamento vão pintar.

Para a mãe de Caetano, esse aconselhamento foi essencial. “Hoje aprendemos a lidar com as situações mais graves. Quando começa a tosse, já entro com o protocolo de controle para superar a crise momentânea e logo em seguida com o corticoide. Não tivemos mais que recorrer ao pronto-atendimento e ficamos distantes da UTI”, declara, aliviada, Ana Luísa.

Para quem sofre com a asma de origem alérgica, uma saída é a imunoterapia. A ideia é ensinar, a partir de uma exposição controlada e seriada, o organismo a se acostumar com a substância que provoca a reação exagerada. “Só que é preciso uma adesão ao tratamento, que dura três anos. Uma vez encerrado, a tendência é que o indivíduo permaneça um tempo prolongado com a doença controlada”, esclarece Bianchi Júnior.

Nos casos mais graves, de base alérgica ou não, anticorpos monoclonais contribuem para bloquear a inflamação nos brônquios ao mesmo tempo que preservam a resposta imunológica. “São remédios eficazes, mas de alto custo, sendo dois disponibilizados pelo SUS, e cinco opções na rede privada brasileira”, pontua o especialista da Asbai.

Se você tem asma (ou conhece alguém com o problema) e quase perdeu o fôlego tomando nota de tantos deslizes e orientações diante da doença, puxe o ar e solte lentamente. A jornada rumo a uma vida mais oxigenada está ao seu alcance. Basta fazer sua parte.

Fonte: Veja Saúde

           

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Saúde

Menstruação atrasada? Devo me preocupar?

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Atrasos menstruais são mais comuns do que você imagina e podem ser causados por diversos fatores, como estresse, alterações hormonais, mudanças na rotina, uso de medicamentos, e até viagens. Embora a gravidez seja a primeira coisa que vem à mente, nem sempre é o caso.

Se sua menstruação está atrasada e você está preocupada, é importante observar outros sinais e sintomas e procurar orientação médica. Identificar a causa é essencial para saber se há necessidade de tratamento ou se é apenas uma variação normal do seu ciclo. Cuide de sua saúde e fique atenta aos sinais do seu corpo! 🌸💪

Fonte:Dra. Giannini Carvalho

           

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Saúde

Saiba os males do fumo com foco no fumante passivo

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Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o tabagismo passivo é a terceira maior causa de morte evitável no mundo, perdendo apenas para o tabagismo ativo e o consumo excessivo de álcool.

fumo passivo é uma prática que pode ocorrer com qualquer pessoa não-fumante, desde que ela esteja presente no mesmo ambiente (fechado ou não) que um indivíduo fumante.

Em conversa com o JC, Dr. Eduardo Campelo, pneumologista, detalhou os efeitos nocivos da exposição à fumaça de cigarro e as diferenças entre o fumo ativo e passivo.

RENATO RAMOS/JC IMAGEM
Dr. Eduardo Campelo – RENATO RAMOS/JC IMAGEM

Diferenças entre fumo ativo e fumo passivo

De acordo com o médico, o fumo passivo ocorre com a inalação da fumaça gerada tanto pela ponta acesa do cigarro quanto pela exalada pelo fumante.

Os fumantes ativos estão mais propensos a desenvolver doenças relacionadas ao tabaco devido à exposição direta dos pulmões aos componentes nocivos do cigarro, no entanto, os fumantes passivos também enfrentam sérios riscos à saúde, muitas vezes sem ser por escolha própria.

“Além disso, diferentemente do fumante ativo, em que podemos quantificar a carga tabágica e medir a exposição do paciente, no caso do fumante passivo, não temos como quantificar essa exposição, embora os riscos de agravo permaneçam”, afirma o Dr. Eduardo.

A fumaça do cigarro chega a ter mais de sete mil substâncias químicas; destas, pelo menos 250 são nocivas e mais de 70 cancerígenas. Entre essas substâncias estão compostos tóxicos, como metais pesados, compostos orgânicos voláteis, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e outras substâncias perigosas que afetam fumantes ativos e passivos.

Das mais conhecidas, a nicotina é a principal responsável pela dependência química do cigarro, além de causar aumento da pressão arterial. Já o monóxido de carbono, um gás tóxico que reduz a capacidade do sangue de transportar oxigênio, pode causar dores de cabeça, tontura e, em casos graves, envenenamento.

Doenças associadas ao fumo passivo

De acordo com o Dr. Eduardo Campelo, a exposição ao fumo passivo pode levar a diversas doenças graves, são elas:

  • Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);
  • Hipertensão arterial;
  • Infarto agudo do miocárdio;
  • Câncer, sobretudo o de pulmão e o de garganta;
  • Irritação de olhos, nariz e garganta;
  • Agravamento de problemas respiratórios pré-existentes, como a asma;
  • Acidente vascular cerebral.

O impacto pode ser variado conforme a faixa etária e a saúde preexistente dos indivíduos.

RENATO RAMOS/JC IMAGEM
Dr. Eduardo Campelo – RENATO RAMOS/JC IMAGEM

“Essas doenças tendem a ser mais prevalentes nos idosos, não só em decorrência de outros fatores, mas também pelo tempo maior de exposição. Já nas crianças, vemos um aumento na incidência das crises de asma e de infecções respiratórias, por exemplo”, explica o pneumologista.

Além disso, mulheres grávidas expostas à fumaça de cigarro podem ter maior risco de complicações na gravidez, incluindo baixo peso ao nascer e partos prematuros.

O fumo passivo afeta a saúde mental e cognitiva?

Estudos sugerem que a exposição ao fumo, tanto passivo quanto ativo, pode estar associada a um aumento nos sintomas de depressão e ansiedade.

“Embora o mecanismo exato não seja completamente compreendido, acredita-se que a inflamação e a neurotoxicidade causadas pelos componentes da fumaça de cigarro possam contribuir para esses distúrbios”, alerta.

Crianças expostas também podem apresentar dificuldades de aprendizado e problemas de atenção, enquanto adultos e idosos podem experimentar um declínio cognitivo mais acelerado e um aumento no risco de demências, como a doença de Alzheimer.

Exposição em ambientes fechados vs. ambientes abertos

Em relação ao tipo de ambiente em que o fumo passivo ocorre, o pneumologista explica: “Em ambientes abertos, a exposição costuma ser maior quando se está próximo ao fumante. Já em locais fechados ou com pouca renovação de ar, o acúmulo de fumaça e, consequentemente, de suas substâncias tóxicas, é muito maior, tornando a exposição muito mais danosa”.

Estudos científicos mostram que trabalhadores de bares e restaurantes estão expostos a níveis de fumaça de tabaco equivalentes a fumar de quatro a 10 cigarros por dia, tendo de 25 a 30% mais risco de desenvolver doenças cardíacas e 20 a 30% mais chances de contrair câncer de pulmão (Surgeon General, 2004).

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que cerca de 200 mil trabalhadores morrem anualmente devido à exposição à fumaça no ambiente de trabalho.

As substâncias químicas da fumaça de cigarro também podem se acumular em móveis, paredes e roupas e, com o tempo, podem voltar ao ar, prolongando a exposição mesmo após o cigarro ter sido apagado.

Além disso, é importante lembrar que algumas pessoas, como criançasidosos e indivíduos com determinados agravos de saúde preexistentes, são mais vulneráveis aos efeitos do fumo passivo, independentemente do ambiente.

Medidas de proteção

A medida mais eficaz e de extrema importância é o suporte adequado ao tabagista, com consultas médicas regulares e acesso facilitado a medicações anti-tabágicas.

“O médico pneumologista é o profissional mais qualificado para fazer esse acompanhamento e prescrever as medicações necessárias, bem como diagnosticar e tratar as doenças decorrentes do fumo, mas é preciso que o paciente se conscientize do problema e procure ajuda”, conclui o DrEduardo Campelo, pneumologista.

Fonte: JC

           

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Saúde

Brasil tem média de 40 a 50 novos casos de mpox por mês

Dados do Ministério da Saúde apontam que, entre 2022 a 2024, o Brasil registrou quase 12 mil casos confirmados e 366 casos prováveis da doença.

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Em agosto de 2022, quando houve o pico de mpox no Brasil, o país contabilizou mais de 40 mil casos. Um ano depois, em agosto de 2023, o total caiu para pouco mais de 400 casos. Em 2024, o maior número de casos foi registrado em janeiro – mais de 170. Por fim, em agosto deste ano, a média de casos se mantém entre 40 a 50 novas infecções. O número é visto pelo Ministério da Saúde como “bastante modesto, embora não desprezível”.

“Sem absolutamente menosprezar os riscos dessa nova epidemia, o risco de pandemia e tudo o mais, o que trago do Brasil não é ainda um cenário que nos faça temer um aumento muito abrupto no número de casos”, avaliou o diretor do Departamento de HIV, Aids, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis da pasta, Draurio Barreira, nesta terça-feira (13), ao relatar a situação epidemiológica da mpox no Brasil.

No webinário, Draurio lembrou que, nesta quarta-feira (14), a Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou para esta quarta-feira (14) comitê de emergência para avaliar o cenário de mpox na África e o risco de disseminação internacional da doença. A decisão levou em conta o registro de casos fora da República Democrática do Congo, onde as infecções estão em ascensão há mais de dois anos, além de uma mutação que levou à transmissão do vírus de pessoa para pessoa.

“Foi convocado pelo diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, uma reunião para definir a situação da mpox – se virá a ser considerada emergência em saúde pública de preocupação internacional. Ainda não temos esse cenário. Amanhã, vai haver a definição. O fato é que temos um aumento absolutamente sem precedentes na África, não só em número de casos em países que já haviam sido acometidos, como também em países vizinhos e que ainda não tinham relatado nenhum caso de mpox.”

Para Draurio, o quadro epidêmico de mpox ainda está circunscrito ao continente africano. “Mas, nessa época de globalização que a gente vive, ter um caso na África, na Ásia, em qualquer lugar significa um risco disso se tornar rapidamente uma epidemia global”, disse. “Falando um pouco do Brasil, a gente tem uma atenção muito especial em relação ao mpox porque, no início da epidemia, em 2022, os dois países mais acometidos, não só em valores absolutos, mas também em incidência, foram os Estados Unidos e o Brasil”.

Números

Dados do ministério apontam que, entre 2022 a 2024, o Brasil registrou quase 12 mil casos confirmados e 366 casos prováveis de mpox. Há ainda 66 casos classificados como suspeitos e um total de 46.354 casos descartados. “Como a gente vê um quadro epidêmico na África, temos que estar alertas. Essa iniciativa do webinário é uma antecipação, pra que a gente realmente não seja pego de surpresa, caso tenhamos uma nova pandemia”, avaliou Draurio.

Perfil

Os números mostram que o seguinte perfil epidemiológico das infecções por mpox no Brasil: 91,3% dos casos se concentram no sexo masculino, sendo que 70% dos homens diagnosticados com a doença têm entre 19 e 39 anos. A idade mediana definida pela pasta é de 32 anos, com idades variando de 27 a 38 anos. Além disso, 3,7% dos casos foi registrado na faixa etária até 17 anos e 1,1%, entre crianças de até 4 anos.

“No sexo feminino, a gente teve um número 10 vezes menor do que entre os homens. Cerca de mil mulheres, também na faixa de adulto jovem”, destacou Draurio. Há, entretanto, um percentual alto de gênero não informado. “19% praticamente, o que diminui todos os outros percentuais. Mas homens cis são mais de 70%. Se a gente conseguisse informação desses 18,7% não informados, certamente teríamos uma distribuição maior entre homens cis”.

Outra informação relevante, segundo o diretor do departamento, envolve grupos classificados pela própria pasta como mais vulneráveis, incluindo homossexuais, homens heterossexuais e bissexuais. “Novamente, temos quase a metade das pessoas sem definição de orientação sexual”, ressaltou Draurio.

Do total de casos confirmados e prováveis para mpox no Brasil, 45,9% declararam que vivem com HIV. Entre os homens diagnosticados com a infecção, o índice chega a ser de 99,3%. A mediana de idade dos pacientes vivendo com HIV e que testaram positivo para mpox é de 34 anos, com idades variando de 29 a 39 anos.

“Todos os esforços que a gente tem feito se concentram, prioritariamente, na população HSH [homens que fazem sexo com homens]. Não por acaso, a responsabilidade pela vigilância e atenção está no Departamento de Aids, Tuberculose, Hepatites e ISTs”, completou Draurio.

O Brasil contabilizou ainda, de 2022 a 2024, 23 gestantes infectadas por mpox em diferentes momentos da gravidez.

Hospitalizações e óbitos

Em relação à hospitalização de casos da doença, o ministério considera que a infecção apresenta complicações em um número bastante reduzido de casos – 3,1% dos pacientes foram hospitalizados por necessidades clínicas ou por algum agravamento do quadro clínico; 0,6% foram hospitalizados com o propósito de isolamento; e 1,6% foram hospitalizados por motivos desconhecidos. Ao todo, 45 casos foram internados em unidades de terapia intensiva (UTIs).

“Embora um óbito seja extremamente relevante para nós, o quantitativo de óbitos decorrentes de mpox tem se mantido muito baixo em comparação com a incidência da doença”, avaliou Draurio. A taxa de letalidade da doença, neste momento, é de 0,14%. Ao todo, 16 óbitos foram contabilizados entre 2022 e agosto de 2024 – nenhum este ano.

A mediana de idade, entre as pessoas que morreram em decorrência da infecção, é de 31 anos, com idades variando de 26 a 35 anos. Os números mostram que 100% dos pacientes que morreram apresentaram febre e múltiplas erupções, com erupções genitais de forma predominante. Além disso, 15 mortes foram identificadas entre imunossuprimidos vivendo com HIV (93,8%). Apenas um caso dos 16 óbitos se classificava como pessoa imunodeprimida decorrente de um câncer.

“Portanto, é uma doença que, no Brasil, até o momento, se não houver mudança no padrão epidemiológico, vem afetando principalmente e imensamente a população HSH [homens que fazem sexo com homens] e outros imunodeprimidos. Desses 15 óbitos [registrados nesse grupo], apenas cinco, um terço, recebeu tratamento antirretroviral”, destacou Draurio.

Testagem

O diretor do departamento considera que a confirmação do diagnóstico de mpox é fundamental. Entretanto, segundo ele, ainda não há teste rápido no país para detecção da doença – apenas testes moleculares ou de sequenciamento genético.

“Os casos confirmados são, de fato, confirmados. Mas não dá tempo de esperar o diagnóstico definitivo por método laboratorial para que a gente evite o processo de transmissão da doença. Portanto, na sintomatologia de pústulas, erupções cutâneas, feridas e todas as manifestações cutâneas que possam parecer, a gente tem que pensar imediatamente em mpox.”

“Como a gente está falando que a principal população afetada são pessoas vivendo com HIV, são pessoas que também têm muitos outros problemas dermatológicos comuns à imunodeficiência. Portanto, o quadro se confunde”, destacou o diretor, ao citar ser esse o motivo do alto número de casos descartados no Brasil. “É o raciocínio que a gente tem que fazer: pensar em mpox, isolar o paciente e começar o tratamento disponível de suporte”.

A média de tempo entre a data de início dos sintomas e o óbito é de 58,6 dias. Já a média entre a data de início dos sintomas e a necessidade de internação é de 26,4 dias. Em 2024, o ministério contabilizou 49 hospitalizações por mpox, sem óbitos pela doença.

Tratamento

Por fim, Draurio ressaltou que o ministério obteve da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização de uma licença de importação do remédio Tecovirimat. “Por ser um medicamento off label, não foi ainda autorizado para o tratamento de mpox, mas, efetivamente, reduz a mortalidade”, avaliou.

“Estamos agora procedendo junto à Opas [Organização Pan-americana da Saúde]. Já pedimos a compra, via Opas, de tratamentos para a eventualidade de um surto no Brasil. Hoje, não temos tratamento específico”, disse. “Vai ser importante ouvir, amanhã, os encaminhamentos da OMS para que a gente adeque o plano de contingência nacional a orientações internacionais”, concluiu Draurio.

foto: Ernesto BENAVIDES / AFP

Por Agência Brasil

           

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