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Acampamento isolado no coração da Amazônia pesquisa efeitos da crise do clima

O que torna o chamado Acampamento 41 diferente é que é ali que se procuram os impactos e as respostas da Amazônia à crise climática.

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PHILLIPPE WATANABE- ACAMPAMENTO 41, – Um lugar no coração da Amazônia guarda segredos climáticos da floresta. Isso não significa que se trate de um espaço com propriedades especiais –apesar de uma certa mística que cerca a área. O que torna o chamado Acampamento 41 diferente é que é ali que se procuram os impactos e as respostas da Amazônia à crise climática.

 O 41, no estado do Amazonas, faz parte de uma rede de acampamentos em meio às árvores. São neles que os pesquisadores se instalam por longas temporadas para descobrir as interações entre a Amazônia e as mudanças no clima.

Temas importantes para entender o bioma, como o da fragmentação florestal e dos efeitos de borda, são alguns dos estudos desses centros de pesquisa imersos na mata. No 41, mais recentemente, tem sido desenvolvido também um projeto que se debruça sobre a limitação do potencial da Amazônia em absorver gás carbônico (CO2), algo essencial para modelagens climáticas -ou seja, para projetar o futuro do planeta.

Ligados por uma rede de trilhas, os acampamentos de pesquisa -hoje cinco estão ativos, contra dez nos anos 1980-distam poucos quilômetros uns dos outros. São, no entanto, quilômetros de vegetação fechada, onde se perder não é difícil.

O 41 é o mais usado deles. Com estrutura simples, os próprios cientistas precisam se virar com a alimentação e a organização durante a estada. O importante para o trabalho, no entanto, é a própria floresta ao redor.

Idealizado pelo renomado biólogo americano Thomas Lovejoy (1941-2021), junto a outros ambientalistas, o espaço é o berço de projetos como o Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, que é desenvolvido há mais de 40 anos pelo Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).

Essa pesquisa começou em 1979, em parceria com a Instituição Smithsonian, quando ainda era chamada de Projeto Tamanho Mínimo Crítico de Ecossistemas. O ICMBio também participa das ações.

O trabalho procura desvendar como a fragmentação da Amazônia -isto é, o avanço sobre a floresta que a faz virar um mosaico de áreas, hoje especialmente por processos de grilagem e agronegócio- impacta o ecossistema.

Na época do início do projeto, havia a percepção de que o futuro das florestas seria se tornar uma porção de fragmentos. Havia então um debate sobre o que seria melhor para a saúde ambiental: grandes áreas contínuas de mata ou pedaços menores, conta Mario Cohn-Haft, ornitólogo do Inpa.

Hoje, graças ao que foi estudado no Acampamento 41 e em outros locais, já sabemos a resposta: grandes áreas contínuas.

Outra missão do 41 agora é focada em entender como a falta de fósforo em árvores da Amazônia altera a absorção de gás carbônico na floresta.

As árvores usam o CO2 para a fotossíntese, para crescer. Com isso, florestas ricas como a Amazônia servem como sumidouros de carbono. Mas ter mais CO2 disponível -a crise do clima é caracterizada pelo aumento da temperatura global decorrente da maior da concentração desse gás na atmosfera, graças à ação humana- não necessariamente resulta em maior absorção.

No caso amazônico, já se sabe que isso é explicado, pelo menos em parte, pela falta de fósforo, como mostrou uma pesquisa publicada recentemente na revista Nature. O estudo, feito com os pés dentro da floresta mostrando a limitação de absorção de carbono associada ao fósforo, pode, em última instância, impactar as modelagens climáticas e, consequentemente, alterar nossas percepções sobre a crise do clima.

As medições e fertilizações para esse estudo foram feitas em 32 fatias (de 50 m por 50 m) da floresta ao redor do acampamento. Nessa empreitada, o tronco das árvores merece especial atenção pela importante capacidade de armazenamento de carbono.

O diâmetro de 5.500 árvores é medido uma vez ao ano e, a cada dois meses, 1.300 são observadas de perto. Nas árvores, foram postas ainda as chamadas bandas dendrométricas (fitas metálicas em torno do tronco), para verificação de variações sazonais no tamanho.

“Eu consigo olhar uma a uma e entender o que está acontecendo”, diz Barbara Brum, pesquisadora no Inpa. “O que fazemos aqui é um trabalho de formiguinha. Cada um pega um pedacinho e vai juntando o quebra-cabeça.”

Raffaello di Ponzio, gerente de projetos do Afex (como é chamado o experimento sobre fertilização) e pesquisador na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), também destaca a importância do trabalho em campo no 41.

“No computador você não consegue pegar todos os parâmetros. Desde o bicho que está comendo folha e influenciando no sistema de defesa da planta até chuva, sol, como o fósforo é absorvido ou não pelos micro-organismos”, diz.

“Em um ambiente desses tem tantos fatores que é impossível, em um modelo, você conseguir captar todos. Então uma resposta biológica direta, que é o que fazemos aqui, é essencial para você validar esses modelos.”

Celebridades na rede Mas não são só os cientistas dedicados a decifrar a crise climática que se instalam no acampamento.

Thomas Lovejoy, que morreu em 25 de dezembro de 2021, aos 80 anos, deixando um legado de décadas de pesquisa amazônica, levou para o local figuras públicas para um aperitivo da floresta. O político e ambientalista Al Gore e o astro de Hollywood Tom Cruise estão entre alguns dos nomes mais conhecidos que passaram pelas redes de dormir do 41.

Mesmo para os convidados ilustres o conforto é limitado: os espaços onde são presas as redes que fazem as vezes de camas são cobertos, mas tem laterais abertas. Os chuveiros têm água fria -e outra opção de banho é um riacho próximo.
As privadas no local até têm descarga, mas a preferência é usá-la só às vezes. Há ainda uma cozinha, majoritariamente aberta e também protegida por teto.

Energia elétrica e luz só são realidades quando o barulhento gerador está ligado -a economia de descargas também evita a necessidade de que o aparelho seja acionado para colocar em ação a bomba d’água–, o que ocorre em pouquíssimos momentos, nos quais é possível tentar algum grau de conexão de internet.

Fora o gerador, a única sonoridade no 41 vem da floresta fechada e seus habitantes -Manaus está a cerca de 125 km, com acesso por estradas de asfalto e de terra. Os guaribas, bugios extremamente barulhentos, são como um coro local.

Para garantir esse cenário de preservação, antes de sua morte, Lovejoy deixou um fundo destinado ao projeto dos acampamentos, que também capta recursos de entidades (o WWF está entre os que já foram apoiadores) para se manter em funcionamento.

Rita Mesquita, pesquisadora do Inpa que há décadas estuda fragmentos florestais no 41, lembra que o próprio memorial realizado após a morte de Lovejoy foi uma oportunidade de ver amigos doando recursos, como um reconhecimento à paixão que o americano tinha pelo lugar.

Agora, diz ela, que junto a Cohn-Haft é uma espécie de herdeira do 41, é preciso modernizar o funcionamento do programa de pesquisas do local, para que mais cientistas consigam observar de dentro da floresta o presente e o futuro do planeta.

O jornalista viajou a convite da Fundação das Nações Unidas.

Por Folhapress

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Brasil

Ministério autoriza liberação sumária de recursos para cidades gaúchas

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Uma portaria do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional dispensa a apresentação de planos de trabalho para liberação imediata de recursos para o socorro e a assistência às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.

De acordo com o texto, publicado no Diário Oficial da União, os repasses são de R$ 200 mil para municípios com até 50 mil habitantes, de R$ 300 mil para os que têm até 100 mil habitantes e de R$ 500 mil para aqueles com mais de 100 mil.

“Este é um valor para ajuda imediata. Isso não quer dizer que não haverá outros valores, a partir dos planos [de trabalho]. Isso é para garantir, precisamos que as pessoas que estão nos abrigos tenham água, comida, coberta, banheiro químico, material de higiene”, disse, na tarde desta quarta-feira (8), em Porto Alegre, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta, um dos coordenadores da resposta do governo federal às enchentes no Rio Grande do Sul.

De acordo com o secretário nacional de Defesa Civil, Wolney Wolff, os recursos devem ser solicitados mediante ofício, sem plano de trabalho, com liberação sumária por parte do governo, em contas da Caixa Econômica Federal. O dinheiro poderá ser usado para aquisição de água, kits de limpeza e de alimentação e de combustível, entre outros. “Ficou muito à vontade para o prefeito fazer a compra imediatamente a apoiar a população que precisa”, afirmou.

Em entrevista coletiva hoje em Porto Alegre, para atualizar as ações de assistência à população afetada, o governo federal citou ainda a aprovação de planos de trabalho de 27 municípios, que receberão R$ 22 milhões em recursos para a Defesa Civil, em recursos com autorização de despesa em andamento.

Também serão empenhados (autorizados) ainda nesta quarta R$ 12 milhões para que o governo do estado compre combustível e abasteça 40 helicópteros que estão sendo empregados no resgate das vítimas. Há ainda R$ 1,6 milhão para abastecimento e aluguel de caminhões, tratores e outras máquinas.

“Esse trabalho, nós vamos manter em todo o período de ajuda humanitária e depois vamos ficar com esses escritórios [do governo federal] auxiliando nas questões do restabelecimento e da reconstrução, que é o maior desafio”, afirmou o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.

Fonte:JC

           

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Câmara aprova projeto que obriga aéreas a rastrear transporte de pets

Câmara aprova projeto que obriga aéreas a rastrear transporte de pets.

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A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (8) um projeto de lei que obriga as companhias aéreas a ofertar serviço de transporte cães e gatos na cabine das aeronaves. Pelo projeto, os animais de estimação poderão viajar junto com os passageiros em voos domésticos.

Para entrar em vigor, a matéria ainda precisa ser aprovada pelo Senado e ser sancionada pela Presidência da República.

O projeto ainda prevê que as empresas deverão oferecer serviço de rastreamento dos animais transportados. Aeroportos com circulação superior a 600 mil passageiros por ano deverão contar com veterinários para acompanhar o procedimento de embarque, desembarque e acomodação dos pets.

Na semana passada, diversos aeroportos do país registram manifestações a favor da regulamentação do transporte aéreo de animais.

A mobilização ocorreu após a morte de Joca, um golden retriever de quatro anos que morreu durante um voo operado pela Gol.

No mês passado, Joca foi despachado pelo tutor em São Paulo com destino a Sinop (MT). No entanto, a caixa de transporte foi colocada em um voo para Fortaleza. Em seguida, o cão foi mandado de volta para São Paulo. No trajeto de volta, Joca não suportou o total de oito horas de viagem e morreu.

Após o episódio, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Polícia Civil de São Paulo passaram a investigar o caso.

Em nota divulgada após o episódio, a Gol se solidarizou e lamentou a perda do animal. A empresa também anunciou a suspensão, por 30 dias, do transporte aéreo de animais. 

Foto  Shutterstock

Por Agência Brasil

           

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Sobe para 100 o número de mortos em tragédia no RS

O número de mortos pode aumentar ainda mais nos próximos dias, pois há um total de 128 desaparecidos.

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 No início da tarde desta quarta-feira (8), a Defesa Civil informa que o número de mortos no Rio Grande do Sul subiu para 100.

O número de mortos pode aumentar ainda mais nos próximos dias, pois há um total de 128 desaparecidos, além de 372 feridos. Também há 4 óbitos em investigação.

Ao menos 400 mil pontos sem energia e 500 mil sem água no Rio Grande do Sul em decorrências das fortes chuvas que atingiram a região ao longo da última semana.

De acordo com a Defesa Civil, há 66.761 desabrigados, instalados em alojamentos cedidos pelo poder público, e 163.720 desalojados.

Do total de 497 municípios do estado gaúcho, 417 foram afetados pelas fortes chuvas da região. O número representa mais de 83% de todo o estado gaúcho.
As aulas foram suspensas nas 2.338 escolas da rede estadual e mais de 327 mil alunos foram impactados. Até o momento, 941 escolas foram afetadas, 421 danificadas e 71 escolas servem de abrigo.

A tragédia tem sido comparada ao furacão Katrina, que em 2005 destruiu a região metropolitana de Nova Orleans, na Lousiana (EUA), atingiu outros quatro estados norte-americanos e causou mais de mil mortes.

Profissionais de saúde apontam semelhanças entre as duas tragédias, como falta de prevenção de desastres naturais e inexistência de uma coordenação centralizada de decisões. Colapso nos hospitais, dificuldade de equipes de saúde chegarem aos locais de trabalho e desabastecimento de medicamentos e outros insumos são outras semelhanças apontadas.

SITUAÇÃO NO RS APÓS AS CHUVAS

  • 100 mortes;
  • 128 desaparecidos;
  • 372 feridos;
  • 66.761 desabrigados (quem teve a casa destruída e precisa de abrigo do poder público);
  • 163.720 desalojados (quem teve que deixar sua casa, temporária ou definitivamente, e não precisa necessariamente de um abrigo público -pode ter ido para casa de parentes, por exemplo);
  • 1.456.820 de pessoas afetadas no estado.

Na noite desta segunda-feira, o governo do Rio Grande do Sul para o risco de enchentes nos municípios localizados às margens da Lagoa dos Patos.

A água que inundou Porto Alegre e causa transtornos na região metropolitana desce pela lagoa em direção ao mar, o que pode acontecer rapidamente ou de forma mais lenta, dependendo da direção do vento.

O risco é agravado devido à frente fria que chega à região sul do estado e provoca chuva e queda de temperatura nesta semana, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

A previsão é que, nesta semana, a temperatura caia no Rio Grande do Sul. A partir de quarta-feira, a expectativa é da chegada de uma frente fria na região.
Em algumas regiões do estado os termômetro podem marcar mínimas de 10°C, o que pode causar ou agravar a hipotermia das pessoas que ainda não conseguiram ser resgatadas e estão em locais sem acesso a abrigo e alimentos.

A Defesa Civil gaúcha esclarece que está recebendo doações na Central Logística, localizada na avenida Joaquim Porto Villanova, 101, bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre. Entre os itens necessários, estão colchões (novos ou em bom estado), roupa de cama, roupa de banho, cobertores, água potável, ração animal, cestas básicas fechadas e fraldas infantis e geriátricas.

Em nota, o órgão orientou, na manhã desta quarta-feira, que as pessoas resgatadas na região metropolitana de Porto Alegre, que não retornem às áreas alagadas, inundadas, ou sob risco de movimentos de massa. De acordo com a Defesa Civil, os locais estão sob alto risco, seja relacionado à condição física, bem como ao risco à saúde humana pela transmissão de doenças.

Por Folhapress

           

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