O tenente-coronel Mauro Cid prestou nesta quinta-feira (21) depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) por cerca de 3 horas. Ele foi interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes, que relata os inquéritos no qual o militar figura como investigado. A audiência de Cid com Moraes foi marcada para que ele esclarecesse “contradições existentes entre os depoimentos do colaborador e as investigações realizadas pela Polícia Federal”. Ao final da inquirição, Moraes considerou o resultado positivo e decidiu manter o acordo de delação.
Cid deixou o STF e pôde retornar para sua casa. Atualmente, ele usa tornozeleira eletrônica, como parte de compromisso assumido ainda no acordo de delação premiada. Em nota, o Supremo confirmou a decisão de Moraes e disse que as informações prestadas pelo ex-ajudante de ordens “seguem sob apuração”.
“O ministro Alexandre de Moraes confirmou a validade da colaboração premiada de Mauro Cid. O ministro considerou que o colaborador esclareceu as omissões e contradições apontadas pela Polícia Federal. As informações do colaborador seguem sob apuração das autoridades competentes”, diz a nota do STF.
O depoimento foi enviado pelo ministro de volta à Polícia Federal (PF) para complementação das investigações.
A PF havia informado em ofício ao STF que Cid – que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – descumpriu as cláusulas de seu acordo de delação premiada, abrindo brecha para uma eventual rescisão do pacto fechado no inquérito das milícias digitais.
Prisões
A indicação foi feita após a corporação tomar o depoimento do delator na terça-feira, em meio à Operação Contragolpe que prendeu quatro militares e um agente da PF por suspeita de envolvimento com um plano de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de seu vice Geraldo Alckmin e de Moraes.
Ao deixar ontem à tarde o prédio do STF, o advogado Cezar Bitencourt, que representa o tenente-coronel, disse que Moraes considerou positivo o depoimento de Mauro Cid. Ainda de acordo com o advogado, seu cliente complementou a delação “repetindo as mesmas coisas que tinha dito”. “Foi tudo bem. Tudo mantido, como antes”, afirmou.
Novos nomes
Bitencourt afirmou ainda que não foram discutidos novos nomes, tampouco o suposto conhecimento de Bolsonaro sobre o plano de assassinato, após as eleições de 2022.
Anteontem, Cid também negou à Polícia Federal ter conhecimento dos encontros para definir como matar Lula, Alckmin e Moraes. Contudo, de acordo com as investigações da Operação Contragolpe, que foi deflagrada no mesmo dia, uma das reuniões da trama golpista foi realizada na casa do general Braga Netto, em Brasília, no dia 12 de novembro de 2022, e teve a participação de Cid.
Em 2023, o tenente-coronel, sob investigação, assinou acordo de delação premiada com a PF e se comprometeu a revelar os fatos que tomou conhecimento durante o governo Bolsonaro, como o caso das vendas de joias sauditas e da fraude nos cartões de vacina do ex-presidente.
Mauro Cid é um dos 37 indiciados ontem pela PF no inquérito que investiga tentativa de golpe de Estado após a eleição de Lula.
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