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Menino de oito anos morreu no estado de Novo México pouco depois de meia-noite do dia de Natal
Um menino guatemalteco morreu sob custódia de agentes de fronteira dos Estados Unidos. É a segunda criança imigrante a morrer em abrigos de detenção americanos em menos de um mês.
Autoridades migratórias americanas informaram que o menino de oito anos morreu no estado de Novo México pouco depois de meia-noite do dia de Natal.
A Agência de Alfândega e Proteção da Fronteira disse que o menino “mostrava sinais de estar doente” na segunda-feira (24) e foi levado, junto com o pai, para um hospital em Alamogordo.
Lá, recebeu diagnóstico de febre e resfriado, recebeu uma receita para o antibiótico amoxicilina e o analgésico ibuprofeno, e foi liberado após ficar 90 minutos em observação, ainda segundo a agência.
Mas o menino acabou sendo levado de volta para o hospital no mesmo dia com náuseas e vômitos e morreu algumas horas depois.
A agência afirmou que a causa da morte ainda não foi determinada e que relatou o óbito ao governo da Guatemala.
Alamogordo fica a cerca de 145 quilômetros de El Paso, ponto popular na fronteira entre México e Estados Unidos.
No dia 13 de dezembro, autoridades haviam anunciado a morte da guatemalteca Jakelin Caal, 7, também quando estava sob a custódia da Patrulha da Fronteira dos EUA.
Jakelin morreu em um hospital de El Paso, Texas, depois de ter sido detida com seu pai e outras pessoas que cruzavam a fronteira com o México, em 6 de dezembro.
Segundo as autoridades americanas, a menina sofreu desidratação e choque horas depois de ter sido colocada sob custódia da Patrulha de Fronteira e após ter passado vários dias sem comer ou beber nada.
A família nega que que a menina tenha passado dias sem alimentação ou água -um tipo de privação ao qual os migrantes que tentam atravessar a fronteira a pé acabam se submetendo, muitas vezes em longas caminhadas pelo deserto conduzidas por coiotes (traficantes de pessoas).
Um relator da área de direitos humanos da ONU pediu na segunda-feira aos EUA que investiguem a fundo a morte da menina.
“As autoridades americanas devem assegurar uma investigação exaustiva e independente da morte de Jakelin Amei Caal”, disse o relator especial da ONU sobre os direitos humanos dos migrantes, Felipe González Morales.
O corpo de menina foi mandado para seu vilarejo na Guatemala, San Antonio Secortez, e enterrado sob forte comoção popular no mesmo dia em que seu pequeno compatriota morreu.
A Agência de Controle da Fronteira afirmou que fará “uma investigação independente e abrangente das circunstâncias” da morte do menino guatemalteco.
Até a conclusão desta edição, a agência não tinha revelado quando o menino e o pai haviam entrado nos EUA e quanto tempo passaram detidos, tampouco o nome da criança.
Depois que o presidente Donald Trump enrijeceu a política de policiamento das fronteiras, no início deste ano, os centros de detenção americanos passaram a abrigar milhares de crianças migrantes separadas dos pais, provocando uma reação mundial.
Desde que Trump assumiu, em janeiro de 2017, o número saltou da casa dos 2.700 para mais de 14 mil, segundo apuração da agência de notícias Associated Press. No auge da crise, funcionários de abrigos para crianças e adolescentes foram denunciados por abusos físicos e sexuais.
Em meados deste ano, 51 crianças brasileiras migrantes chegaram a estar detidas sem seus pais, mas depois de pressão do governo brasileiro, todas foram soltas.
As medidas de Trump, porém, não inibiram significativa a vinda de imigrantes sem autorização para o país, mostram os números.
Em novembro, uma caravana com mais de 10 mil migrantes que atravessou a América Central e o México chegou à fronteira para pressionar a entrada no país.
Trump, em represália, dificultou os trâmites para a solicitação de asilo e ampliou o efetivo militar na divisa com o México, onde a maior parte da multidão permanece.
A oposição e o Judiciário americano têm tentado frear a política de Trump.
Congressistas democratas e ativistas criticaram a atuação da agência no caso de Jakelin, afirmando que a morte poderia ter sido evitada se a menina tivesse sido transportada de helicóptero mais cedo.
Por Folhapress
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