FOTO: ANDRE DUSEK/ESTADAO
A Polícia Federal pediu ao ministro Edson Fachin, relator da operação Registro Espúrio no Supremo Tribunal Federal (STF), para realizar busca e apreensão em endereços do ministro da Secretaria de Governo Carlos Marun (MDB-MS).
As buscas, segundo os investigadores, tinham como objetivo avançar na investigação sobre a suspeita de que Marun mantinha relação com a organização criminosa que atuava em fraudes para emissão do registro sindical na Secretaria de Relações do Trabalho (SRT) do Ministério do Trabalho. O caso foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmado pelo Estado.
Fachin negou o pedido da PF ao acatar posicionamento da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Segundo ela, ainda não há elementos da participação de Marun nos crimes investigados pela Registro Espúrio. O posicionamento de Fachin foi no mesmo despacho em que autorizou o afastamento de Helton Yomura, ministro do Trabalho.
Ao solicitar busca contra Marun e sua chefe de gabinete, Vivianne Melo, a PF citou conversas de alvos da operação que foram interceptadas. Essas conversas, segundo a PF, revelam que o ministro se valia de sua posição e cargo político para solicitar registros sindicais a entidades de seu interesse.
A PF cita mensagens entre a chefe de gabinete de Marun e o ex-coordenador de registro sindical do MTE, Renato Araújo, preso na primeira fase da Registro Espúrio. De acordo com a PF, essas conversas revelam a ingerência e demandas apresentadas pelo ministro no MTE.
No caso citado pelos investigadores, Marun estaria atuando em favor do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias e Cooperativas de Carnes e Derivados, Indústrias da Alimentação de São Gabriel do Oeste (Sintrael). A entidade é de Mato Grosso do Sul, base eleitoral de Marun.
Nas mensagens citadas pela PF também aparece Júlio de Souza Bernardes, chefe de gabinete de Yomura. Bernardes foi preso hoje pela Operação Registro Espúrio e o ministro foi alvo de busca e afastado do cargo pelo ministro Edson Fachin.
Para a PF, as mensagens entre Bernardo e Renato Araújo mostram que o chefe de gabinete do ministro do Trabalho estaria sendo cobrado para atuar de acordo com os interesses de Marun. (Do Estadão)
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