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Cultura: Descoberta de jazidas de minérios de ferro em São José do Belmonte

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Em 1959, o Relatório da Comissão de Geologia e Minas do Estado de Pernambuco fez pela primeira vez referência sobre a existência de minério de ferro em São José do Belmonte.

Em fins de 1960, um sábado, os irmãos Afonso e Cassiano Rodrigues de Lima saíram com a finalidade de resolver questões particulares. Nas imediações das terras de Francisco Mariano da Cruz, conhecido como Chico da Pedreira, a alguns quilômetros do Povoado do Carmo, Cassiano viu uma “pedra preta” com brilho metálico e pesada diferente das rochas comuns. Maravilhado com a descoberta, disse ao irmão Afonso: “é prata, e estamos ricos!” Imediatamente Afonso sacou o seu facão e começou a tatear uma trilha, chegando a um morro, que denominou mais tarde de “Morro de São Jorge”, composto de um grande afloramento de minério de ferro.

Diante da estranha descoberta, os boatos logo ecoaram pela região. Dona Quina (Joaquina Nunes de Moura), esposa de Seu Afonso, pensava tratar-se do tesouro do fanático João Antônio dos Santos, da Pedra do Reino Encantado, dos movimentos Sebastianistas ocorridos naquelas imediações nos idos de 1838.

Logo após a descoberta das rochas, Seu Afonso enviou algumas amostras das mesmas para a Comissão de Geologia e Minas. Tratava-se de hematita, e os resultados das análises químicas foram os seguintes:

Laboratório de Produção Mineral: 67,5% de Fe;

Comissão de Geologia e Minas: 14,01% de SiO2, 84,6% Fe2 O3 e 59,22% de Fe.

Em 1961, o engenheiro de minas, Álvaro Alves Camelo, diretor técnico do Instituto Tecnológico do Estado de Pernambuco, interessado pela descoberta do ferro em Belmonte, destina verbas para a realização do levantamento topográfico final, baseado nas informações levantadas pelo também engenheiro de minas Francisco Moacir de Vasconcelos.

Em 1962, os concluintes do curso de engenharia de minas da Universidade Federal de Pernambuco, Gildo Sá e Vera Vasconcelos, realizaram seus relatórios de graduação nas ocorrências de minério de ferro de São José do Belmonte.

O engenheiro Álvaro Campelo, que fazia parte ativa da Comissão do Congresso Brasileiro de Geologia a ser realizado em Recife, solicitou que uma das visitas fosse nas ocorrências de ferro de São José do Belmonte.

Ainda em 1962, os irmãos Afonso e Cassiano Rodrigues protocolizaram no D.N.P.M., que tinha sede no Rio de Janeiro, requerimento de pesquisa recebendo os números de ordem 1310/62 e 1311/62.

A ocorrência de minério de ferro se expande da Paraíba, passando por Pernambuco, e indo até o Ceará.

Em 1963, o engenheiro civil Genaro Batista da Silva e o geólogo Andréa Gentil executaram o mapeamento geológico na escala 1:2500 da faixa mineralizada, compreendendo uma área de 27 Km². Obtiveram uma reserva medida de 1.320.000 t de minério e reserva inferida de 5.280.000 t., com teor de 42% de Fe.

Em 1964, o geólogo José Pompeu dos Santos executou o mapeamento da área, chegando a uma reserva inferida de 20.000.000 t. Um ano depois, em 1965, o engenheiro Álvaro Camelo realizou trabalhos de pesquisa nos setores São Jorge e Cassiano. Foi apresentado um relatório final de pesquisa, aprovado pelo D.N.P.M.

Em 1966, surge a Mineração Afonso R. Lima e Cia Ltda.

Por volta de 1967 surge a FERBEL (Ferro de Belmonte Ltda), constituída por Ricardo Coimbra de Almeida Brennand – diretor presidente; – Luiz Inácio Pessoa de Melo – diretor industrial; e Afonso Rodrigues de Lima – diretor comercial. Ricardo Brennand na época era acionista majoritário da antiga AÇONORTE; Luiz Pessoa de Melo idem com a Companhia Siderúrgica do Nordeste (COSINOR); e Afonso Rodrigues era acionista majoritário de sua empresa.

A FERBEL foi criada para aproveitar o minério de ferro de Belmonte em ferro-gusa, que é uma liga de ferro de carbono obtida pela fusão redutora do minério de ferro. Todo ferro gusa consumido em Pernambuco e no restante do Nordeste, vinha até então do Estado de Minas Gerais.

A implantação do primeiro forno foi um marco no desenvolvimento do município.

Por motivos operacionais, no início, o Forno 1 o pioneiro começou a acarretar também alguns problemas decorrente dos principais motivos:

– O minério de ferro de Belmonte é bastante diferente do então conhecido e tido como um dos melhores do mundo, o minério de Minas Gerais;

– Dificuldade de fixação de mão-de-obra especializada, uma vez que toda provinha de Minas Gerais;

– O carvão de Belmonte é feito da caatinga e o de Minas Gerais é de eucaliptos.

Em 1968, a Mineração Afonso R. Lima e Cia Ltda obtém concessão para lavrar minérios de ferro dentro do próprio município de Belmonte.

No ano de 1969, o empresário Afonso Rodrigues de Lima entra na SUDENE com o projeto de produção de ferro gusa, sendo o mesmo aprovado em 1970. Era um projeto audacioso para a época, consistia em 2 autos fornos para a produção de 60 t de gusa por dia, ou seja, 120 t de ferro gusa. O Forninho já produzia de 14 a 17 toneladas por dia. Nesse mesmo ano, a sociedade com Brennand é desfeita. A AÇONORTE é adquirida pela Siderúrgica Rio Grandense (Grupo GERDAU). A FERBEL é vendida ao próprio Afonso, que tem como avalista o próprio ferro gusa produzido pelo Forninho. Essa foi a fase áurea da FERGUSA e uma das fases mais promissoras que atravessou o Município de São José do Belmonte dentro de sua história econômica. O próspero industrial Afonso Rodrigues de Lima viaja para São Paulo e instala seu escritório no Largo do Ipiranga, com o objetivo de captar recursos oriundos do imposto de renda de pessoas físicas e jurídicas, posteriormente transformado no FINOR.

Conforme Atas arquivadas na JUCEPE (Junta Comercial do Estado de Pernambuco), a Mineração Afonso R. Lima S/A (FERGUSA) foi constituída em 26 de maio de 1970 sob o n° 1.558, contratada para desenvolvimento de projeto fergusa, isto é: extração e beneficiamento de minérios, fabricação de carvão vegetal e fabricação de ferro gusa.

Sediada no Parque Industrial Fergusa, em São José do Belmonte, a mesma possuiu escritório na Capital Pernambucana, primeiro na Rua Gervásio Pires; depois na Rua Jenner de Souza, 599 – Derby.

O marco de desenvolvimento que a FERGUSA trouxe para São José do Belmonte é imensurável. O aumento de renda do município e o aprimoramento de novas atividades industriais, mesmo de pequeno porte. Criação de novos núcleos populacionais, exigindo instalação de novas escolas, desenvolvendo o setor de assistência médica, aprimorando os recursos disponíveis, com instrução de novas técnicas, contribuindo enfim para o aumento do padrão de vida da comunidade belmontense com a conseqüente valorização do homem.

18 de dezembro de 1982, pode-se considerar esta data como a paralisação total das atividades da FERGUSA com prejuízo para a economia e desenvolvimento do Município. Quis a fatalidade que numa noite triste do sertão, a terra quente e queimada da caatinga sepultasse o precursor dessa siderúrgica, Afonso Rodrigues de Lima, desaparecido tragicamente em um acidente automobilístico.

A maniçoba, o algodão, o caroá e o ferro movimentaram por muitos anos a indústria de uma terra pobre, gerando empregos, dando ganho de vida a muitas criaturas, injetando sangue novo nas veias na minguada economia de São José do Belmonte.

A imensidão dos seringais de maniçoba desapareceram. O apito do caroá emudeceu. Os teares pararam. O ir e vir dos operários findou.

Também chegou ao fim o trânsito intenso dos caminhões carregados de enormes e pesados fardos de algodão na Rua das Pedrinhas.

A sirene da FERGUSA silenciou. As chamas luminosas do seu forno apagaram. A azáfama do operariado sumiu. As chaminés, apontando para o céu, resistem. São as testemunhas silenciosas da grandeza e decadência da indústria. Ventos contrários impediram a caminhada. Agora tudo de fogo morto.

Por Valdir José Nogueira de Moura

Colunista de cultura do Blog do Silva Lima

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Eleições 2024: eleitores têm até 8 de maio para regularizar o título, transferir e votar

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Eleitores de todo o país devem resolver suas pendências com a Justiça Eleitoral até o dia 8 de maio. Nesse período, os cidadãos conseguem pedir transferência de domicílio, atualizar os dados cadastrais e os jovens com idade entre 16 e 18 anos podem tirar o título de eleitor. Após essa data, o cadastro eleitoral será encerrado para a organização das eleições municipais deste ano.

Em 6 de outubro, mais de 153 milhões de eleitores estarão aptos para exercer seu direito de voto, utilizando urnas eletrônicas, para eleger prefeitos, vice-prefeitos e vereadores pelos próximos quatro anos.

Eleitores podem verificar sua situação acessando o Portal do TSE ou na unidade da Justiça Eleitoral mais próxima. Se estiver “Regular”, significa que sua inscrição eleitoral está apta para o exercício do voto. Se estiver “Cancelada”, seu título de eleitor estará indisponível para o exercício do voto.

Como regularizar o título eleitoral

Sabrina de Paula Braga, membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), informa que os eleitores que não têm biometria devem ir até o cartório eleitoral mais próximo para colher as impressões digitais. O cadastro biométrico é gratuito.

“Algumas pessoas fizeram um título de eleitor durante a pandemia, e nesse período, não foi colhida biometria dessas pessoas. Então em alguns estados, onde há o cadastramento biométrico obrigatório, essas pessoas que não comparecerem novamente ao cartório eleitoral para então colher os dados biométricos terão seus títulos cancelados e não vão poder votar nas próximas eleições”, explica Braga.

Os eleitores com biometria cadastrada podem solicitar a regularização do título cancelado em uma unidade da Justiça Eleitoral ou pelo serviço de Autoatendimento Eleitoral, no site do TSE.

Por Didi Galvão com informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

           

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Arthur Lira defende proposta para limitar ações no STF

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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), quer “subir o sarrafo” de quem pode propor ações diretas de inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal, inclusive contra decisões do parlamento. “Temos parlamentares que têm coragem de enfrentar esse tema”, assegurou.

As falas de Lira são de discurso feito na manhã desse sábado (27/04). A mudança nas ADI exigiria aprovação de emenda constitucional, com aprovação de três quintos dos votos dos deputados (308) e dos senadores (49), em dois turnos em cada casa parlamentar.

As ações diretas de inconstitucionalidade estão previstas na Constituição Federal (artigos 102 e 103).

Conforme a norma, podem pedir ADI o presidente da República; a Mesa do Senado Federal; a Mesa da Câmara dos Deputados; mesas de assembleias legislativas ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; governadores de estado ou do Distrito Federal; o procurador-geral da República; o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; partidos políticos com representação no Congresso Nacional; e confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional.

“O que é que adianta um projeto com 400 votos no plenário da Câmara e um parlamentar entra com a ADI e um ministro [do STF] dá uma liminar?”, indagou o presidente da Câmara, se referindo à suspensão de decisões tomadas no Congresso. Segundo ele, o STF recebe essas demandas “todos os dias de todos os setores” e as “discussões [jurídicas] nunca findam.”

O presidente da Câmara prometeu até o final do seu mandato, em janeiro de 2025, discutir nova legislação sobre desmatamento ilegal e exploração de minério ilegal no país. “Nós sabemos que existe e fechamos os olhos para não tratar de uma legislação. E quem paga a conta lá fora é o produtor rural indevidamente.” As informações são da Agência Brasil.

Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados

Por Diário de Pernambuco

           

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Governo de Pernambuco realiza entrega de 24 vans para operações das Gerências Regionais de Saúde, incluindo Parnamirim

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Através do Programa CuidaPE, o Governo do Estado realizou a entrega de 24 (vinte e quatro) Vans para compor as operações das Gerências Regionais de Saúde.

Foram 12 Gerências Regionais contempladas, sendo a 9ª Geres que atende Parnamirim, uma das selecionadas e recebendo 02 (dois) veículos que darão suporte aos usuários da rede estadual de saúde que precisam se deslocar para fazerem exames, consultas e cirurgias eletivas.

Esta ação irá assegurar mais cidadania e dignidade aos pacientes e visa reduzir as filas na rede estadual de saúde.

           

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