A História de Belmonte é marcada fortemente pela “presença” de São José a qual todos os belmontenses dedicam um carinho especial.
A primeira festa do nosso querido Padroeiro ocorreu no ano de 1857 quando foi fundado o Povoado de Belmonte pertencente a freguesia de Nossa Senhora da Penha de Vila Bela. Como as obras da Capela não haviam sido ainda concluídas, o novenário e festa tiveram lugar na residência de José Pires Ribeiro, fundador do povoado de Belmonte.
Em 1858 deu-se por encerrada a construção da Capela e celebrada a primeira Missa, presidida pelo Reverendíssimo Padre Manoel Lopes Rodrigues de Barros, onde se deu a bênção da pequenina imagem de São José, ficando o mesmo como padroeiro da comunidade.
Esta secular imagem do nosso querido Padroeiro tem origem portuguesa, pertenceu a família de José Pires e foi venerada na nossa Matriz até o ano de 1918, quando o coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz, fazendeiro e comerciante bem sucedido, fez doação de outra imagem do Santo ainda hoje existente em nossa igreja-matriz. Na ocasião, a pequenina imagem foi retirada do altar-mor e colocada numa cômoda na sacristia do templo.
Por volta de 1927, o Padre Renato de Menezes, intencionou colocar o “São José Pequenino” em um nicho na torre que mandara erigir numa das reformas da igreja. Todavia esse sonho foi desfeito visto o desabamento da torre no mês de novembro daquele distante ano de 1927.
Mesmo com a substituição da pequenina imagem, era sempre a ela que os belmontenses recorriam nas suas tribulações. Tida como milagrosa, pois das centenas de milagres atribuídas, São José Pequenino havia afastado no longínquo ano de 1856 a Cólera Mórbus doença infecto contagiosa que grassara em nossa região. Era o São José Pequeno tido como o Dono de Belmonte, por esse motivo, era grande a quantidade de velas, ex-votos, fitas e promessas ao seu redor em cima daquela antiga cômoda da Matriz. O Padre Emanoel de Vasconcelos tentou em vão mostrar para os paroquianos que toda imagem de São José era uma só. Porém, era na pequenina imagem de São José que os belmontenses buscavam nas suas necessidades mais urgentes. O apego e o carinho por São José Pequenino era tanto, que o padre em tom de brincadeira comentou com Seu Adão, sacristão e sineiro da Matriz, que ia queimar aquele santo. O fato é que o comentário do reverendo não demorou a chegar aos ouvidos de Dona Ana Pires Brandão (Donana), esposa do major Joaquim Leonel Pires de Alencar, proprietários da Fazenda Oiticica e sobrinhos netos de José Pires Ribeiro, fundador de Belmonte. Essa veneranda senhora, devota fervorosa de São José, imediatamente mandou João Preto e Peaonça selarem os cavalos e com suas damas de companhia e cavaleiros, rumou para a cidade de Belmonte. Apeando então aquela caravana em baixo do pé de jenipapo também ainda hoje existente, na sua elegância e beleza de uma amazona, altivamente se dirigiu para a Casa Paroquial, onde na porta principal encontrou com o Padre Emanoel de Vasconcelos conhecido como Padre Emano. Depois de uma longa conversa entre ambos e esclarecido o equívoco, o vigário autorizou a senhora Donana Pires a guarda da secular imagem do Padroeiro São José, que em seguida foi levada para a Fazenda Oiticica.
A irregularidade das chuvas nos idos de 1942 prenunciando mais uma seca que estava por vir aterrorizou os agricultores da região sertaneja. Alguma coisa tinha que ser feita, ou seja, a saída era mesmo apelar aos Céus um milagre. O patrocínio de São José mais uma vez foi recorrido. Os seus devotos: Seu Lino Donato, Seu João de Pádua e sua esposa Dona Pergentina fizeram uma promessa com São José Pequeno, e juntando um numeroso grupo de fiéis, depois de um lauto café na casa de Seu Terto Donato, às 5 horas da manhã, debaixo de muito fogo, benditos, rezas, do badalar dos sinos e do tradicional Terno de Pífanos dos Fubá, rumaram para a fazenda Oiticica em busca da milagrosa imagem de São José Pequenino. Lá chegando, foram festivamente recebidos pelos donos da fazenda o major Quinca Leonel e sua esposa Donana, seus filhos, além de moradores de toda aquela região e de uma quantidade enorme de vaqueiros e cavaleiros. Depois de servido um lauto banquete, seguiram todos para Belmonte às 12 horas, no pingo do meio dia. E agregando mais pessoas a cada lugar e ribeiras que passavam, sendo que no finalzinho da tarde, sob o espocar de fogos e dos sinos da matriz entraram festivamente na cidade de Belmonte.
A partir daí, iniciou-se o costume de se buscar a cada ano São José Pequenino na Fazenda Oiticica para sua tradicional festa. Com o passar do tempo esse costume foi interrompido por muitos anos. Ao tomar conhecimento dessa tradição belmontense Padre Atílio resolveu resgatar sendo que hoje não existe mais a participação em peso da comunidade belmontense bem como do entusiasmo de outrora.
Por Valdir José Nogueira de Moura
Colunista de cultura do Blog do Silva Lima