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Cultura: Queima de Judas em São José do Belmonte

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No nosso sertão malhar ou queimar o Judas no Sábado de Aleluia é uma tradição e uma herança ibérica. No Brasil, está perdido no tempo o início do costume de julgar, condenar e executar o traidor de Cristo após a leitura do seu testamento, cujo conteúdo satírico é sobre a vida de alguma figura pública real ou salpicado de tiradas humorísticas sobre pessoas de destaque na vida local. Nada a ver com o Judas Iscariotes, aquele que vendeu Cristo por 30 dinheiros.

A criatividade belmontense transformou a malhação de Judas em uma engraçada sátira sobre amigos e vizinhos, políticos e seus moradores na Semana Santa do ano de 1926. Na época, foi preciso “tirar autorização na polícia” para o evento, que só seria concedida mediante a apresentação do testamento! De modo que não podemos negar a preocupação das pessoas naquele tempo, quando aguardaram ansiosas pela queimação do famigerado Judas. Eis alguns fragmentos desse testamento:

Judas, condenado à morte por crime de lesa-Divindade, dispôs de seus bens e fez o seguinte testamento para os seus amigos e parentes de Belmonte, como se segue:

I
Para o prefeito Nezinho (1)
Meu adorado sobrinho
O alvo de meus desvelos
Eu deixo aqueles chinelos
Que arrematei no leilão
Queria vê-lo alinhado
Com os chinelos calçado
Em dias de eleição.

(1) Nezinho era o Sr. Manoel Lucas de Barros que na época era o prefeito de Belmonte.

II
Respeito o tabelião (2)
É o homem mais sagaz
Que vive neste sertão
Quando era ainda rapaz
Um dia me aconselhou
Vendesse Nosso Senhor
Aos esbirros de Caifaz
Quando o negócio estourou
Ele como mais esperto
Por mim não mais esperou
Enforquei-me na figueira
Ele veio na carreira
Ser empregado de Terto.

(2) O tabelião que aqui se refere é o Sr. João Batista Frutuoso de Pádua.

III
Esse tal Terto Donato (3)
É meu primo de fato
Como é de Lampião
Foi afinal quem lucrou
Todo dinheiro comeu
Da maldita transação
Hoje é grande no sertão
O responsável sou eu.

(3) Tertuliano Donato de Moura, grande comerciante e pecuarista era o vice prefeito na época.

IV 
Meu amigo João Pedrinho (4)
Se lembre do seu padrinho
Não tenha medo de nada
Acabe essa mamaezada
Pra isso deixo dinheiro
Você é bicho cutuba
Atire-nos sipaúba
Co’os rifles do Juazeiro.

(4) João Pedro Xavier, fazendeiro e grande comerciante naquela época tendo participado da Revolução do Juazeiro.


Para Luiz Mariano (5)
Moleque de muito plano
Perito na emboscada
Vou deixar já preparada
Tremenda revolução
Não deixe a luta no meio
Pois assim lhe fica feio
Vá lutando até o fim
Quando voltar venha rico
Traga a espada e pinico
Do comandante Frânklin.

(5) Luiz Mariano da Cruz, militar belmontense conhecido por sua extrema bravura. Combateu por longos anos o banditismo.

VI 
Para o amigo Piauhylino (6)
Com quem brinquei em menino
E até me deu um talho
Um dia por brincadeira
Deixo-lhe um lindo chocalho
Um é pouco deixo dois
Para dar trezentos bois
Ao esperto João Sobreira.

(6) Mariano Piauhylino Guimarães, fazendeiro na época.

VII 
Onias meu afilhado (7)
Não sejas desconfiado
Não te iludas com asneiras
Por que odeias Teixeira?
Deixa tudo como está
Que lego-te meu anel
E uma casa mobiliada
De escritura passada
La na vila do Tauhá
Para tua lua-de-mel.

(7) José Onias de Carvalho. Belmontense nascido na fazenda Bonito, destacou-se na política no Estado de Sergipe sendo eleito em várias legislaturas Deputado Federal.

VIII 
Meu querido neto Augusto (8)
Você me fez muito susto
Quando tossia no jogo
Para seu gogo há remédio
De fumo podre e safado
É um cigarro apagado
Fedorento a esterco de gado.

(8) Augusto Nunes da Silva, irmão de dona Pergentina, dono de uma bodega naquela época.

IX 
Sebastião fogueteiro (9)
Caboclo sagaz matreiro
Que briga em todo momento
Deixo-te minha farda
Para te pores em guarda
A espera da zoada
Se precisares de espada
Vê se desarma um jumento.

(9) Sebastião Xavier de Souza, especialista no fabrico de fogos de artifícios e balões.

X
Para meu amigo Quinquinho (10)
Que é até meu sobrinho
Além de ser coletor
Como lembrança do tio
Deixo pro tempo do frio
Meu capote e cobertor.

(10) Joaquim Alves de Carvalho Barros, Coletor naquela época.

XI
Para meu futuro genro
O forte e belo Viana (11)
Deixo dois engenhos de cana
Um d’água outro de vento
Que rendem mais que uma mina
Quando unir-se a Guilhermina
Nos laços do casamento.

(11) José Ribeiro Viana, professor municipal naquele tempo.


XII 
Para meu primo Janjão (12)
Este caboclo matreiro
Que se conservou solteiro
Por capricho da paixão
Fica aí minha viúva
Com dois engenhos também
Para ser rico ele só tem
Que pedir saúde e chuva.

(12) João Nunes de Barros, conhecido como Janjão do Açude Novo, fazendeiro e pecuarista naquela época.


Pesquisa realizada por Valdir José Nogueira de Moura.

Colunista de Cultura do Blog do Silva Lima

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Promotoria processa cinco famílias que adotam ensino domiciliar no interior de MG

A denúncia foi feita à Promotoria pelo conselho tutelar da cidade, que apontou que as crianças e adolescentes estão em ensino domiciliar (homeschooling).

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O Ministério Público de Minas Gerais moveu uma ação na Justiça para que cinco famílias de Manhuaçu, município da Zona da Mata mineira, matriculem seus filhos na rede de ensino formal.

A denúncia foi feita à Promotoria pelo conselho tutelar da cidade, que apontou que as crianças e adolescentes estão em ensino domiciliar (homeschooling).

O promotor Reinaldo Lara, da 4ª Promotoria de Justiça de Defesa da Infância e Juventude, afirmou que o órgão se reuniu com seis famílias da cidade para solucionar a questão de forma extrajudicial, mas apenas uma delas acatou a recomendação e matriculou os filhos na rede formal.

“As outras famílias alegaram que a escola pública não seria um lugar seguro para que os filhos pudessem estudar. Em relação à rede privada, afirmaram que o ensino domiciliar seria mais eficiente, que as crianças tinham um aproveitamento maior e estudavam até latim nas suas residências”, disse o promotor.

Lara também disse que algumas crianças nem sequer chegaram a frequentar as escolas, enquanto outras evadiram da rede de ensino no período da pandemia, quando as aulas foram transferidas para o ambiente online.

O nome dos pais não foi divulgado porque o caso corre em sigilo. Procurada, a Prefeitura de Manhuaçu disse que ainda não foi notificada para se manifestar sobre o caso em juízo, pois seu mérito ainda será julgado pelo juiz.

A Promotoria pediu à Justiça concessão da tutela de urgência para que seja determinado aos responsáveis a matrícula e a frequência obrigatórias das crianças e dos adolescentes em estabelecimento de ensino regular, no prazo de dez dias.

“A escola tem um papel crucial no desenvolvimento integral da criança. Além de providenciar aprendizado acadêmico, ela também oferece um ambiente para socialização, desenvolvimento de atividades interpessoais, construção de valores, identidades, além de proporcionar atividades culturais e esportivas”, disse o promotor.

Ele afirmou que espera uma decisão ainda nesta semana sobre o caso. Em caso de descumprimento da ordem judicial, as famílias podem ser multadas e responder pelo crime de desobediência à decisão da Justiça.

Em 2018, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que o ensino domiciliar não pode ser considerado um meio lícito para que pais garantam aos filhos o acesso à educação devido à falta de uma lei que o regulamente.

A Câmara dos Deputados aprovou em 2022 um projeto que libera o homeschooling. A proposta foi encaminhada ao Senado e não foi ao plenário desde então.

O Ministério Público também solicitou à Justiça a concessão da tutela de urgência para que o município de Manhuaçu e o Estado de Minas Gerais, também em um prazo de dez dias, promovam a busca ativa dessas crianças e adolescentes, ou seja, facilitem os processos para suas matrículas na rede de ensino.

Foto Pixabay – klimkin

Por Folhapress

           

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Empresa Data Qualyt emite nota de esclarecimento sobre pesquisa de intenção de voto em Salgueiro-PE

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Em virtude de matéria publicada recentemente pelo portal Sertão Central e repostada pelo Blog do Silva Lima sobre pesquisa de intenção de voto em Salgueiro-PE, a empresa Data Qualyt Inteligência em Pesquisa com sede em Campina Grande esclarece.

A Data Qualyt possui em seu histórico resultados assertivos e respaldados por técnicos com vasta experiência em pesquisas eleitorais e mercadológicas. Somos uma empresa ética e comprometida com a coleta precisa de dados e consolidação dos números sob critérios científicos. A Data Qualyt entrega aos parceiros, independentemente de cidade ou estado, resultados que expressam a intenção de voto no momento das entrevistas. Em hipótese alguma divulgaríamos números com propósito de ludibriar a população pesquisada. Seja em Salgueiro ou qualquer cidade onde atuamos.

Alex Raia

CEO Data Qualyt

Graduado e Especialista em Estatística

MBA em Marketing Político

MBA em Pesquisa de Mercado

MBA em Ciência Política

MBA em Ciência de Dados

           

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UPAE Salgueiro realiza fóruns voltados ao Programa Pé Diabético em toda a área da VII GERES

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Equipes da Atenção Primária à Saúde (APS) de toda a área da VII Gerência Regional de Saúde de Pernambuco (VII GERES) vêm sendo reunidas pela UPAE Salgueiro em Fóruns de Matriciamento – estratégia de gestão e organização do trabalho em saúde, que objetiva integrar e articular diferentes profissionais e especialidades na oferta de um atendimento mais eficaz e completo aos pacientes.

A ação, iniciada em junho, visa integrar e qualificar os profissionais de saúde de todos os municípios da VII GERES em torno do Programa Pé Diabético, implantado na UPAE Salgueiro há quase três anos. Compõem a Gerência Regional os seguintes municípios: Salgueiro, Belém do São Francisco, Cedro, Serrita, Terra Nova, Mirandiba e Verdejante.

Os fóruns foram realizados em Mirandiba e Verdejante em junho e já aconteceram em Serrita e Terra Nova em julho. Até o fim do mês deve chegar em Cedro, Belém do São Francisco e Salgueiro, onde serão encerrados.

A primeira etapa dos Fóruns de Matriciamento tem como foco o Programa Pé Diabético devido à necessidade de consolidação do plano terapêutico dos pacientes assistidos pela equipe multidisciplinar. Outros programas desenvolvidos na unidade serão abordados em outros fóruns.

Por Alvinho Patriota

           

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