Conecte-se Conosco

Mundo

Obiang construiu regime ditatorial terrorista na Guiné Equatorial, diz jornalista

Em novembro, Obiang consolidou mais sete anos no poder em eleições de fachada, nas quais teria conquistado 95% dos votos, segundo o regime.

Publicado

em

 

[responsivevoice_button voice=”Brazilian Portuguese Female”]

 Assim como a maioria da população da Guiné Equatorial, país com média de idade de 20 anos, Delfin Mocache Massoko conheceu um só líder no poder: Teodoro Obiang, o ditador mais duradouro do mundo.

A família do jornalista viu de perto a história do pequeno país da costa oeste da África. O avô, de quem ele recebeu o sobrenome Mocache, foi assassinado em praça pública durante o regime de Francisco Macías, tio de Obiang que viria a ser derrubado em um golpe pelo próprio sobrinho em 1979.

“Para evitar que fôssemos perseguidos, minha avó tirou o sobrenome Mocache dos filhos”, conta. Coube a ele, então, resgatá-lo, como forma de reverência a uma parte da família com a qual se identifica.

Mas Mocache, 39, foi obrigado a seguir do exílio os passos do avô. Desde 2004, vive como refugiado em Valência, na Espanha, onde cursou direito. Fundador do site Diário Rombe, investigou e denunciou casos de corrupção no setor do petróleo, o motor da economia local. E as ameaças não tardaram a chegar.

As apurações têm como personagens principais os filhos de Obiang: Teodorín, número dois do regime e cotado para substituir o pai na chefia da ditadura, e Gabriel Mbaga Obiang, ministro de Minas.

Mocache diz que conseguiu estruturar uma rede de fontes dentro do governo após descobrir, numa de suas últimas viagens à terra natal, na primeira metade da década de 2010, que parte dos amigos que estavam em movimentos clandestinos de dissidência ao seu lado integra agora os tentáculos do poder.

Algo inevitável, diz ele. “Organizações de jovens ligadas ao regime os ensinam a denunciar qualquer parente que se oponha a Obiang. O guineano não confia em ninguém. Estamos em uma ditadura na qual matar é normal. Qualquer protesto é imediatamente silenciado.”

Os resultados das investigações fizeram de Mocache fonte principal do julgamento que condenou Teodorín por peculato na França em 2020, processo que rendeu ao vice equato-guineense sentença de três anos de prisão e pagamento de multa de € 30 milhões (cerca de R$ 164 milhões).

O filho de Obiang processou Mocache por calúnia e pediu indenização de € 200 mil, mas perdeu a ação. “Agora, a principal forma de perseguir jornalistas é por meio de processos”, diz ele. Mas não só. Mocache relata ter recebido ameaças de policiais da Espanha que, para ele, receberiam dinheiro de Malabo.

Mocache é um dos únicos repórteres independentes de seu país. Se o jornalismo enfrenta dilemas em todo o mundo, na Guiné Equatorial o desafio é apontar um veículo, de fato, livre. “Os meios de comunicação são amordaçados, e a censura prévia é a regra”, diz a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

No ranking anual da RSF sobre liberdade de imprensa, o país africano aparece na 141ª posição entre 180 países -o Brasil é o 110º. A principal fonte de informações, a televisão pública, foi cooptada pelo regime. Já o único canal privado, a emissora Asonga, pertence a Teodorín.

Mocache veio ao Brasil para o Festival Piauí de Jornalismo, em São Paulo, no domingo (30), e falou no painel “O Jornalista e o Ditador”. Sua presença só foi divulgada minutos antes do debate, por segurança.

Ele relata não se sentir seguro nem sequer na Espanha. “Jornalistas da Guiné Equatorial não estão seguros em nenhum lugar; Obiang lidera um regime terrorista que detém pessoas em qualquer país.”

Essa é sua primeira vez no Brasil -sair da Europa não é fácil, seja por dinheiro ou segurança. Não tardou para que o nome do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), surgisse na conversa com a Folha, por iniciativa de Mocache: “Lula potencializou Obiang”.

Ele se refere, entre outras coisas, ao fato de o petista ter visitado a Guiné Equatorial no último ano de seu segundo mandato e posado em fotos ao lado do ditador. “As principais empresas de construção do Brasil na Guiné financiaram diretamente o regime”, afirma. “Lula fala tanto de direitos humanos, de recuperar a democracia no Brasil. Uma democracia é melhor que outra?”

A conivência com o regime não é exclusividade de Brasília, claro. Mocache relata conversas com figuras da União Europeia na capital Malabo, nas quais questionou o silêncio em relação a Obiang. Escutou que o bloco não se intrometeria em questões domésticas. “A África ainda vive um neocolonialismo em que governos ocidentais sustentam ditadores sabendo que eles violam direitos humanos.”

Apontar um caminho para o fim da ditadura é difícil. Experiências na vizinhança onde movimentos de massa forçaram a queda do líder não o animam. “Sempre são posteriormente politizados e apoiados por um governo ocidental interessado na manutenção de seus interesses.”

Ele vê uma brecha no momento em que Obiang, hoje com 80 anos, morrer. “Criou-se muita raiva, inimizade e disputas na família no poder; podemos ter um Estado anárquico após a morte dele”, o que abriria uma fresta de oportunidade para mudanças, diz ele. Em novembro, no entanto, Obiang consolidou mais sete anos no poder em eleições de fachada, nas quais teria conquistado 95% dos votos, segundo o regime.

A Comunidade de Países de Língua Portuguesa, que a Guiné Equatorial integra -só 1% da população local fala português, porém-, parabenizou o governo pela “forma cívica” com que o pleito foi conduzido.

Por Folhapress

Seja sempre o primeiro a saber. Baixe os nossos aplicativos gratuito.

Siga-nos em nossas redes sociais FacebookTwitter e InstagramVocê também pode ajudar a fazer o nosso Blog, nos enviando sugestão de pauta, fotos e vídeos para nossa a redação do Blog do Silva Lima por e-mail blogdosilvalima@gmail.com ou WhatsApp (87) 9 9937-6606 ou 9 9101-6973.

Mundo

EUA devem reclassificar maconha como droga menos perigosa, diz agência

A mudança reconheceria que ela tem menos potencial para abuso do que algumas das drogas mais perigosas.

Publicado

em

7A DEA (a agência de combate às drogas dos Estados Unidos) tomará medidas para reclassificar a maconha como uma droga menos perigosa do que ela é considerada atualmente, segundo informações da agência de notícias Associated Press.

A proposta da DEA, que deve ser revista pelo órgão de gestão e orçamento da Casa Branca, poderá marcar a maior mudança na política federal sobre a cânabis em 40 anos, com amplo efeito sobre a forma como o país regulamenta a droga.

A mudança não legalizaria totalmente a maconha para uso recreativo, mas reconheceria que ela tem menos potencial para abuso do que algumas das drogas mais perigosas.

Com a medida, espera-se que a DEA recomende a reclassificação da cânabis , retirando-a do nível de drogas com maior risco potencial para abusos, como heroína e LSD, e passando para o nível 3 (schedule III, em inglês), junto a substâncias como esteróides anabolizantes e testosterona.

De acordo com o governo americano, as substâncias da classificação 3 têm “potencial moderado a baixo de dependência física e psicológica”. Ainda assim, são substâncias controladas e sujeitas a regras e regulamentos, e as pessoas que as vendem sem permissão podem enfrentar processos criminais federais.

A decisão da DEA deve ser tornada oficial pouco mais de um ano depois de o presidente Joe Biden pedir uma revisão da lei federal sobre a maconha, em outubro de 2022, quando decidiu perdoar milhares de americanos condenados por porte da droga.

O movimento pode ser visto como associado à corrida contra Donald Trump nas eleições presidenciais deste ano. O presidente, que no passado apoiou a guerra às drogas, vê o afrouxamento da regulação federal da cânabis como uma oportunidade de recuperar a simpatia dos jovens. O grupo foi essencial para a vitória em 2020, mas que vem se distanciando de Biden por seu apoio a Israel na guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza.

Pesquisas indicam que 70% dos americanos afirmam que o uso de maconha deve ser legalizado. O percentual é praticamente o dobro do registrado em 2003 (34%) e sobe para 79% na faixa etária de 18 a 34 anos.

O uso recreativo da maconha já é legal em 24 estados, e o medicinal, em outros 12. Embora os estados tenham autonomia para regular a droga, ela ainda é banida a nível federal -mudar isso exige aprovação do Congresso, algo ainda considerado improvável.

Foto  Reuters

Por Folhapress

           

Seja sempre o primeiro a saber. Baixe os nossos aplicativos gratuito.

Siga-nos em nossas redes sociais FacebookTwitter e InstagramVocê também pode ajudar a fazer o nosso Blog, nos enviando sugestão de pauta, fotos e vídeos para nossa a redação do Blog do Silva Lima por e-mail blogdosilvalima@gmail.com ou WhatsApp (87) 9 9937-6606 ou 9 9155-5555.

Continue lendo

Mundo

Menino de 13 anos morre após ataque com espada em Londres

Outras quatro pessoas ficaram feridas, sendo dois civis com ferimentos leves e dois policiais que precisarão de cirurgia devido aos golpes de arma branca.

Publicado

em

A Polícia Metropolitana revelou, no início da tarde desta terça-feira (horário local), que um adolescente de 13 anos morreu após um ataque com uma espada que deixou cinco pessoas feridas em Hainault, Londres, no Reino Unido.

“É com grande tristeza que confirmo que um dos feridos no incidente, um adolescente de 13 anos, faleceu devido aos ferimentos”, declarou o inspetor Stuart Bell em uma coletiva de imprensa, conforme relatado pela mídia britânica.

“Ele foi levado para o hospital após ser esfaqueado e, infelizmente, faleceu pouco tempo depois”, acrescentou.

A família da jovem vítima está recebendo apoio especializado.

Outras quatro pessoas ficaram feridas, sendo dois civis com ferimentos leves e dois policiais que precisarão de cirurgia devido aos golpes de arma branca. “Os ferimentos são significativos, mas neste momento acreditamos que não correm risco de vida”, disse o mesmo oficial. A Polícia Metropolitana de Londres destacou que está investigando “todos os fatos como prioridade” deste terrível incidente.

“Sei que as famílias das pessoas envolvidas, a comunidade local e a comunidade em geral, bem como muitas pessoas em toda a cidade de Londres, vão querer saber por que esse terrível incidente aconteceu. Cabe a nós descobrir – e faremos isso. É nosso dever”, garantiu o inspetor.

A polícia também confirmou a prisão de um homem de 36 anos – que está sob custódia policial – que foi imobilizado com um taser.

“Quero confirmar que não acreditamos que haja mais perigo para a população em geral e não estamos procurando mais ninguém” relacionado ao incidente, enfatizou.

O suspeito foi “submetido a uma descarga elétrica no local e detido 22 minutos após o primeiro chamado à polícia, pouco antes das 7h00 da manhã (3h da manhã no horário de Brasília)”, ainda destacou o oficial, confirmando que o incidente não está sendo considerado “um ataque com alvo específico” e “não parece estar relacionado ao terrorismo”.

Bell qualificou os acontecimentos da manhã como “verdadeiramente terríveis” e indicou que a investigação para apurar as circunstâncias completas ainda está no início, e que só fornecerá mais informações quando for possível.

A Polícia Metropolitana recebeu um alerta pouco antes das 7h00 de que um veículo tinha sido conduzido contra uma casa na área de Thurlow Gardens e que pessoas tinham sido atacadas por um homem armado com uma espada.

Foto  ADRIAN DENNIS/AFP via Getty Images

Por Notícias ao Minuto

           

Seja sempre o primeiro a saber. Baixe os nossos aplicativos gratuito.

Siga-nos em nossas redes sociais FacebookTwitter e InstagramVocê também pode ajudar a fazer o nosso Blog, nos enviando sugestão de pauta, fotos e vídeos para nossa a redação do Blog do Silva Lima por e-mail blogdosilvalima@gmail.com ou WhatsApp (87) 9 9937-6606 ou 9 9155-5555.

Continue lendo

Mundo

Expectativa de trégua entre Hamas e Israel cresce em meio a negociações

Publicado

em

A expectativa de uma trégua na Faixa de Gaza e da libertação dos reféns aumentou nesta segunda-feira, com uma reunião no Cairo entre uma delegação do Hamas e mediadores, após quase sete meses de conflito entre o movimento palestino e Israel.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, mostrou-se otimista sobre uma aceitação pelo movimento islamita palestino da proposta israelense, que considerou “extraordinariamente generosa”.

Uma delegação do Hamas se reuniu no Cairo com negociadores do Egito e Catar – dois países mediadores, juntamente com os Estados Unidos -, para dar uma resposta à trégua negociada entre Israel e o Egito.

Uma delegação do Hamas deixou o Cairo e “vai retornar com uma resposta por escrito” sobre a proposta de trégua na Faixa de Gaza relacionada com a libertação de reféns, informou na noite de hoje o site Al-Qahera News, ligado ao serviço de inteligência do Egito, citando fontes daquele país.

Blinken, que está na Arábia Saudita e visitará em seguida Israel e Jordânia, participou em Riade do Fórum Econômico Mundial (WEF), onde chanceleres de países ocidentais e árabes discutiram como unir forças para obter uma solução para o conflito entre israelenses e palestinos que leve à criação de dois Estados.

Continue lendo
Propaganda

Trending

Fale conosco!!