O presidente da CNBB, Dom Sérgio da Rocha, se reuniu com a presidente Dilma Rousseff
Grupos querem levar questão para análise do STF; Conferência de Bispos classifica iniciativa como ‘total desrespeito ao dom da vida’
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) condenou, em nota, o aborto para casos de microcefalia e afirmou que o aumento dos casos da doença em bebês não pode ser usado como uma justificativa para a interrupção da gravidez. Grupos que militam pela legalização do aborto anunciaram nas últimas semanas que pretendem levar a questão para a análise do Supremo Tribunal Federal (STF).
A CNBB classifica esta iniciativa como “total desrespeito ao dom da vida”. O presidente da CNBB, Dom Sérgio da Rocha, se reuniu com a presidente Dilma Rousseff, no final da tarde desta quinta-feira, 4, no Palácio do Planalto, apresentou a posição da Igreja contra o abordo dos bebês doentes e ofereceu ajuda ao governo na mobilização da comunidade católica para o combate ao Aedes aegypti.
Na nota, a CNBB destaca que “merece atenção especial o vírus zika por sua provável ligação com a microcefalia”, mas ressalva que essa relação “não foi provada cientificamente”. Em seguida, ressalta que “o estado de alerta, contudo, não deve nos levar ao pânico, como se estivéssemos diante de uma situação invencível, apesar de sua extrema gravidade”. Insiste também que, “tampouco justifica defender o aborto para os casos de microcefalia como, lamentavelmente, propõem determinados grupos que se organizam para levar a questão ao STF”.
A CNBB, em sua nota, também fez uma dura crítica ao governo ao falar da “vergonhosa realidade do saneamento básico no Brasil”. O saneamento será o tema da campanha da fraternidade a ser lançada na quarta-feira de cinzas. Segundo a instituição, “sem uma eficaz política nacional de saneamento básico, fica comprometido todo esforço de combate ao Aedes aegypti”.
Em rápida entrevista no Planalto, após audiência com a presidente Dilma, Dom Sérgio afirmou que a CNBB está mobilizando toda a comunidade católica para o combate ao mosquito Aedes aegypti. “Temos iniciativas comunitárias e temos a iniciativa do poder público. E esperamos que o poder público faça sua parte para que, de fato, seja superada esta emergência”, declarou ele, acrescentando que a Igreja tem consciência da “gravidade do momento” e que pode contribuir muito na mobilização das pessoas. Dom Sérgio colocou a Igreja à disposição para a distribuição do material preparado pelo governo para explicar a população sobre a necessidade de combater os criadouros de mosquito, mas aguarda o envio do material pelo governo.
(Por TANIA MONTEIRO – O ESTADO DE S. PAULO)