Etiene foi a primeira brasileira a conquistar uma medalha no Mundial de Piscina Curta, em 2014 Foto: Satiro Sodré/SS Press/CBDA
Os compromissos da temporada 2016 já foram encerrados, mas a pernambucana Etiene Medeiros não para de colher os frutos do excelente trabalho realizado. Em pleno Natal, ela recebeu de presente o título de melhor atleta do ano da natação feminina da América do Sul, em escolha realizada pelo site especializado “Swim Swam”. O destaque entre os homens também é brasileiro, o paulista Felipe França.
Aos 25 anos, Etiene fez a melhor campanha entre as nadadoras do continente nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, ficando com a oitava colocação na final dos 50 metros livre, com 24s69 – na semifinal desta prova, ao cravar 24s45, estabeleceu novo recorde sul-americano. No início de dezembro, foi a vez de brilhar no Mundial de Piscina Curta de Windsor, no Canadá, evento no qual faturou uma prata com o revezamento 4×50 metros medley misto e garantiu o bicampeonato nos 50 metros costas, registrando o melhor tempo do ano na prova (25s82) e superando nomes de peso, como a multicampeã Katinka Hosszu e a norte-americana Ali DeLoof.
“Foi um ano importante, teve muita coisa envolvida. Peguei final olímpica. Lógico que queria mais, mas foram alguns altos e baixos dentro da competição e acho que tivemos um desempenho legal. Encerrar o ano com o bicampeonato mundial também foi maravilhoso. Tem muita gente envolvida nessa conquista, muita gente que trabalhou para isso e que está feliz com essa concretização. Estou feliz, realizada, e é muito bom chegar aqui (Recife) e ver que as pessoas acompanharam, que comentam”, disse Etiene, que está de férias na Cidade e na semana passada recebeu uma homenagem durante a cerimônia do Pódio Pernambuco, que reuniu a comunidade esportiva local em noite de gala.
Clínica
Será no Recife, também, o primeiro compromisso da agenda profissional de 2017, o Swin Camp “Nado por tudo”, a ser realizado entre os dias 12 e 14 de janeiro, no Sport. Trata-se de uma espécie de clínica de natação, na qual Etiene falará sobre as vivências da carreira e os caminhos percorridos até se tornar uma referência da natação feminina do Brasil e da América do Sul. Ao lado dela, estarão o técnico do Sesi/SP, Fernando Vanzella, o biomecânico Fabiano Teixeira, a psicóloga esportiva Cristiane Costa e o técnico do Sport, Sadler Sulzberger.
“Meu projeto todo é voltado para a clínica no momento. Acho muito legal essa oportunidade de falar sobre a carreira no esporte de alto rendimento, que não é fácil. Graças a Deus, hoje tenho muito apoio, mas foram vários obstáculos superados. Desde o começo do ano, Vanzella falava sobre a ideia de fazer essa clínica no Recife, a minha terra, mas deixei claro que meu foco era a Olimpíada. Depois dos Jogos, ele disse: ‘vamos?’. E entrei nesse projeto. Estou carregando todo mundo que esteve comigo nesses últimos quatro anos para contarmos as experiências que vivemos. Vou mostrar fotos, abrir meu coração, acho que será um momento bem legal”, adiantou.
Equilíbrio
Realizada e em um momento de plenitude na carreira, Etiene confessa ter trabalhado bastante a questão psicológica para administrar da melhor forma as repercussões acerca das suas conquistas e evitar depositar pressão demasiada. A pernambucana tem status de precursora na natação feminina nacional. Foram dela os primeiros pódios em mundiais Junior e Sêniores de Piscina Curta e Longa. São de Etiene também o primeiro ouro em Jogos Pan-Americanos e o primeiro recorde mundial estabelecido por uma brasileira (nos 50 metros em piscina curta). Com tais feitos, tem quebrado tabus, aberto portas para as meninas da sua geração e, principalmente, servido de espelho e motivação para as mais jovens.
“Quando consegui a primeira medalha no Mundial, em 2014, tive de trabalhar muito esse lado de ‘agora você é conhecida, é um exemplo’. Tive muito apoio do meu técnico e da psicologia nesse processo. Virar uma referência não é fácil, mas tudo isso foi construído e vem com uma bagagem. Hoje tenho uma figura pública aceitável. E acho também que, quanto mais a gente almeja, mas tem de conviver e trabalhar com a repercussão”, analisou.
(Da Folha PE)